A revolução das energias renováveis e perspectivas do setor no RN

6 de novembro de 2012

“É preciso pensar no sistema energético como um todo e não isoladamente”. A afirmação do coordenador nacional da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace, Ricardo Baitelo, foi dita durante o I Forum Estadual de Energias do RN. Baitelo proferiu uma palestra especial, que abordou a revolução energética e o potencial das energias renováveis.

Para o coordenador, existe, no Brasil, uma tendência de estabilizar as emissões de CO2 no tocante ao desmatamento das florestas, entretanto, o volume de gás emitido por veículos continua crescente. Ele também ressaltou a importância da “história que avança no processo de implantação de fontes renováveis, principalmente de cinco anos pra cá”, enfatizando o progresso de investimento voltados a energias renováveis.

Em relação a energia eólica, o coordenador do Greenpeace comentou que “ temos algumas etapas de avanços.  É uma fonte de energia que cresce no Brasil, é importante que a industria eólica se preocupe em gerar investimento nesse aspecto e que deve ter uma grande expansão pela frente.”

A energia solar tem se tornado a principal frente do Greenpeace nos últimos anos, entretando, Ricardo Baitelo alerta que falta capacitação e informação suficientes para implantar esse modelo de geração de energia de maneira efetiva. “É um desafio a ser enfrentado”, afirma.

O coordenador citou o potencial de produção de energia eólica offshore. “Observamos grande incidência principalmente no sul e no nordeste.”

Baitelo apresentou os princípios chave da revolição energética, que enfoca a implementação de soluções renováveis e respeito aos limites naturais do ambiente, por exemplo. Ele também comentou a respeito da eficiência energética e citou a substituição e ajuste dos equipamentos de geração, medidores inteligentes e controle de demanda.

Em relação as perspectivas globais e nacionais para a geração de energias renováveis, para ele é importante  revisão global de programas nucleares, definir de metas obrigatórias para energias renováveis e garantir de acesso prioritária a rede elétrica”, afirma Ricardo. Ele conclui que é importante fomentar o senso de responsabilidade do governo, empresas e consumidores em voltar as atenções para estimular a geração e investimento em energia limpa.

Energia eólica: situação atual e desafios da implementação dos parques eólicos

Prosseguindo com o tema de energias renováveis, Henrique Sousa, representante da Bioconsultants, apresentou o plano de comunicação social desenvolvido pela empresa, que busca fomentar as ações de implantação dos parques eólicos em comunidades no interior do Estado.

“É necessário trabalhar junto aos moradores a conscientização sobre o que são os parques eólicos, os impactos e benefícios que este tipo de construção pode gerar não só para a empresa que implanta, quanto para a comunidade onde os parques serão instalados”, explica. Alexandre Menezes mostrou ao publico como lidar com conflitos de interesses. Para ele “é preciso focar na conjunção de ideias e trabalhar intensamente com as comunidades envolvidas”.

O representante comentou sobre a atuação da Bioconsultants como parceira tanto para as empresas que pretendem implantar os parques eólicos quanto para a comunidade envolvida. “É importante que possamos trabalhar não como uma divisora de interesses, é importante trabalhar em conjunto”, complementou.

Atuação da MS Renováveis no RN

Nicorray Santos, diretor técnico da MS Renováveis, abordou a atuação da empresa e os investimentos feitos em empreendimentos eólicos em alguns municípios do RN. O diretor enfatizou  a demora na análise de processos e autorizações que viabilizam a implantação dos geradores de energia e implantação dos parques “é preciso que haja uma maior celeridade na avaliação desses processos pois somente com esse documentos é que podemos viabilizar empreendimentos. A morosidade desestimula as empresas geradoras”, ressaltou.

Santos comentou que muitas questões fundiárias também são um entrave para implantação de empreendimentos eólicos e apresentou o parque eólico de Bela Vista, no município de Areia Branca, como nova aposta de investimentos da empresa.

CTGAS-ER

Pedro Neto Diógenes Nogueira – diretor de tecnologia do CTGAS-ER falou sobre as pesquisas e projetos de inovação em energia eólica, como a implantação do parque eólico Mangue Seco, através de estudos e pesquisas que garantem a manutenção adequada e aprimoramento da produção. O diretor apresentou o laboratório de aerogeradores, projeto que visa o aprimoramento e aperfeiçoamento desse tipo de equipamento para a produção efetiva de energia.

Nogueira apresentou também a estrutura do CTGAS-ER: É um consorcio sem fins lucrativos, que consiste de estrutura laboratorial  focada no planejamento, desenvolvimento e inovação voltados para o setor energético. “buscamos oportunidades e desenvolvemos soluções”, finaliza.

Novas tecnologias em energia eólica

A presidente da FAPERN, Maria Bernadete Cordeiro, abordou o tema “por que investir em desenvolvimento em energia eólica no RN?” e apresentou o projeto de implantação do IITERN, instituto que visa a criação de novas tecnologias em energia eólica, solucionando os desafios tecnológicos. O Governo do RN já sinalizou recursos para a instalação do instituto, orçado no valor de R$18 milhões.

“Precisamos investir numa infraestrutura potente, robusta, que forme e capacite profissionais para a nova dinâmica tecnológica. Nós já temos o projeto, temos o terreno, parte dos recursos arrecadados pelo Governo já estão destinados a isso. Agora buscamos apoio para que esse projeto se concretize e assim possamos dar um novo rumo a pesquisa tecnológica no setor eólico”, concluiu Bernadete Cordeiro.

Transmissão e distribuição – os gargalos da energia no RN

Saulo José Nascimento, engenheiro do ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, ressaltou os expressivos índices de geração de energia por meio da biomassa, térmicas e centrais eólicas no Rio Grande do Norte. “Verdadeiramente,  a indústria de energia eólica se estabeleceu no RN”, enfatizou o engenheiro. Depois de  apresentar o mapa eletrogeográfico do Estado, que mostra as principais vias de distribuição das linhas de transmissão de energia, Nascimento enfatizou a que a infraestrutura de transmissão e distribuição de energia no RN “tem um grande potencial para comportar os novos empreendimentos de geração de energia em suas diversas frentes”.

Representando a companhia de eletricidade do RN – COSERN – Valmari Pereira Nunes detalhou o  mapa do sistema elétrico que supre o RN, incluindo as linhas de transmissão, subestações e estações de transmissão de energia. Valmari destacou as obras de infraestrutura e ampliação das subestações de transmissão de energia.

“Essas obras são de fundamental importância, em decorrência da copa 2014, já que Natal é uma das cidades sedes e esse será um evento de grande porte. Nesse período, haverá uma grande demanda de consumo de energia e precisamos de uma infraestrutura que comporte isso’’, explicou o representante da COSERN.

A demora no licenciamento ambiental

O diretor geral do IDEMA, Gustavo Szilagyi destacou o crescimento do potencial energético do RN, em decorrência de investimentos no setor eólico. “ o RN possui 13 parques em operação e 27 parques em construção. Szilagyi enfatizou ainda que o Rio Grande do Norte está entre os cinco maiores potenciais brasileiros na geração de energia. “Em 4 anos, o RN poderá produzir tanto quanto os países europeus tradicionais no ramo da energia renovável como, por exemplo, a Dinamarca”.

O diretor citou também os problemas ocasionados pela demora do processo de licenciamento de empreendimento eólicos: “Isso normalmente é ocasionado pela deficiência de documentação, estudos de baixa qualidade técnica, desconhecimento da legislação ambiental vigente, dentre outros entraves”, explicou.

Entretanto, os rumos do mercado energético enfrentam outros problemas. Para João Lima, presidente do Conselho de Consumidores da COSERN,  a falta de uma  rede básica que seja suficiente para atender a demanda é um dos principais entraves. O modelo de energia no Brasil, principalmente na parte de manufatura, está caindo, afirmou. “A energia no país está cara e isso dificulta a competitividade no mercado de energético. Ainda é necessário um planejamento e discussão mais aprofundado do modelo energético do pais”, alertou Lima.

E acrescentou que essa é uma questão que precisa ser resolvida para que o mercado de energia seja pleno. “O modelo energético não é bom para o Brasil, o pais está perdendo competitividade e essa questão nós temos que resolver”.

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