Biblioteca Câmara Cascudo: tesouro esquecido

24 de setembro de 2012

Deu no caderno de Cidades do Diário de Natal:

O mato que esconde os sapatos e o lixo que recepcionam a reportagem de O Poti na porta de entrada da Biblioteca Pública Câmara Cascudo não escondem a poeira e as teias de aranha que pairam sobre o projeto de modernização e reestruturação da primeira grande casa de pesquisa acadêmica e literária do Rio Grande do Norte. De portas cerradas e salas desertas, os livros encaixotados aguardam, há mais um ano, a tão sonhada reforma que vem sendo esperada desde 2005. Mas somente ano passado é que o Ministério da Cultura destinou R$ 1,5 milhão para a obra que, somados a R$ 1,5 milhão de contrapartida do governo do estado, resultam nos R$ 3 milhões necessários para obra da biblioteca.

Aspecto de abandono da biblioteca é visível logo na fachada. (Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press)

Segundo o diretor da biblioteca Márcio Rodrigues, a reforma agora está dependendo de uma licitação, mas não sabe quando poderá acontecer, apenas acha que a abertura de um novo processo licitatório deva acontecer após o período eleitoral. Desde omês de janeiro que os poucos servidores da biblioteca trabalham na guarda do acervo para, na hora em que a reforma finalmente sair, o prédio estar desocupado.

Esta será a primeira grande reforma da biblioteca desde que foi inaugurada há 42 anos pelo então governador Aluízio Alves, tendo a escritora Zila Mamede como sua primeira diretora. O projeto contempla alterações na estrutura física, ampliação dos ambientes para abrigar o aumento do acervo que deverá ser ampliado de 100 mil para 200 mil exemplares; climatização, novos equipamentos como elevador, sala de estar, guarda volumes, sala de café, e acesso ao processamento técnico; além de uma rede interligada de computadores com acesso à internet para modernizar as pesquisas e agilizar o acesso ao acervo digitalizado. O novo prédio ainda vai ter um auditório para 80 pessoas, sala infantil, ilha de edição, galeria de exposições e terminais de computadores para pesquisa individual e em grupo e salas sobre autores potiguares.

Abandono é antigo

Márcio Lemos: horário reduzido por falta de profissionais. (Foto: Elias Medeiros/Especial/DN/D.A Press)

A Biblioteca CâmaraCascudo vem sofrendo do mal do abandono há décadas. O prédio é tombado pelo patrimônio cultural do estado, mas nem isso contribuiu no decorrer dos anos para um olhar mais carinhoso com a estrutura física. São visíveis as paredes com infiltrações, janelas e portas quebradas protegidas por tábuas, numa constante ameaça à integridade física do acervo. Numa das salas, pilhas e mais pilhas de livros adormecem ao chão, frutos de doação, à espera de prefeituras. Segundo o diretor, as bibliotecas sofrem do mal de abandono porque, ao invés de estarem vinculadas à educação, são ligadas à cultura. “O que vem da área de educação são apenas migalhas. Até mesmo o servidor que vem prestar serviço, já está em fim de carreira”, disse o diretor.

E o pior é que a falta de um olhar cuidadoso por parte do poder público também tem provocado o distanciamento do público usuário. Um acervo atualizado e digitalizado com acesso direto à pesquisa na internet é o mínimo que uma biblioteca precisa nos dias atuais. Sobre o acervo atual, odiretor garante que permanece bem conservado.

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