Deu na editoria cidades do Portal JH:
O clima no Hospital Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, ficou tenso desde a noite da última quarta-feira (19), quando pacientes internados na observação ortopédica, que esperam uma cirurgia eletiva, há, em alguns casos, mais de 30 dias, ameaçaram queimar os colchões e quebrar os móveis do setor. Na manhã de ontem (20), teve início um novo protesto, que só foi controlado quando o coordenador da Ortopedia do RN, o ortopedista Jean Valber Varela Rodrigues, visitou os pacientes e normalizou a situação. Hoje, 85 pacientes estavam internados no Deoclécio Marques à espera de uma cirurgia ortopédica. Destes, 26 estavam em macas e nos corredores.
Os pacientes protestaram quanto à demora na realização das cirurgias e pela falta de informação ou de informações desencontradas. “A pior coisa é a mentira. Chegam aqui dizendo uma coisa e logo em seguida desmentem. Estamos com os nervos à flor da pele e nervosos com toda essa demora. Qualquer coisa é motivo de revolta e protesto. Toda essa situação mexe bastante com o nosso emocional”, disse Rafael dos Santos, que espera, desde o último dia quatro, por uma cirurgia. O aposentado Sebastião Macário também se mostrou revoltado com o descaso. “O nível de estresse aqui é muito alto e se eles não tomarem nenhuma atitude, vamos tomar a nossa providência”, avisou o aposentado.
O agricultor Manoel de Oliveira, do município de Santo Antônio do Salto da Onça, espera uma cirurgia desde o dia 29 de agosto. Um cavalo caiu em cima de sua perna direita e quebrou em dois lugares. Ele conta que já pensou em vender alguns gados e fazer um empréstimo para realizar a cirurgia, que custa pouco mais de R$ 4 mil. “Já pensei em vender tudo e fazer essa cirurgia de forma particular, pois não posso demorar muito aqui. Meus pais são idosos e dependem do meu trabalho. É muito triste ficar nessa situação de humilhação. Só quero fazer minha cirurgia e poder trabalhar novamente”.
Após o protesto, os manifestantes disseram que vão procurar os representantes do Conselho Estadual dos Direitos Humanos para que façam uma visita no Hospital e verifiquem a situação dos pacientes e também a promotoria de Parnamirim para denunciar o descaso. Alguns já fizeram um boletim de ocorrência e pretendem entrar com uma ação judicial contra o Governo do Estado.
Jean Valber explicou que em virtude da alta demanda de cirurgias ortopédicas de urgência e emergência, o Hospital Deoclécio Marques, que normalmente realiza uma média de seis a oito cirurgias eletivas por dia, está com dificuldade de cumprir essas cirurgias, pois as prioridades são as urgências e emergências. “O volume de cirurgias de urgência e emergência está muito alto e estamos com dificuldades de fazer as eletivas. Enquanto não regularizar o atendimento no Médico Cirúrgico e no Memorial, infelizmente, a situação deve permanecer assim ou piorar”, explicou. Para o dia de hoje, estão marcadas sete cirurgias, mas uma já foi adiada em virtude de um paciente que chegou com uma fratura exposta e tem prioridade no atendimento.
Dentre os pacientes que esperam uma cirurgia eletiva está o massoterapeuta e artesão maranhense Ubirajara Moreira Alves Júnior. Ele sofreu um acidente quando caminhava pelo calçadão da praia de Ponta Negra, no final da tarde do último dia 26 de agosto. “Estava caminhando normalmente, quando senti o chão ceder e pulei imaginando que pudesse cair. Como era escuro e mal iluminado não percebi que tinha cratera de mais de três metros”, disse. Na queda, Ubirajara quebrou o rótula do joelho em três partes e rompeu o ligamento da perna direita. Além disso, deslocou o braço direito.
A cirurgia dele já foi remarcada três vezes e não há previsão de quando vai ser realizada. “Minha preocupação é que quanto mais tempo demora, mais vai se calcificando. A recuperação da rótula do joelho é uma das mais demoradas, custando em média, um ano”, disse o turista, que passou nove dias internado no corredor do Walfredo Gurgel e que desde o dia quatro foi transferido para o Deoclécio Marques. Ubirajara pretende acionar a Justiça para que a Prefeitura de Natal se responsabilize pelos danos causados. “Queria apenas que a Prefeitura agilizasse a minha cirurgia, pois hoje eu só me preocupo com o restabelecimento da minha saúde”, disse.
Até semana passada, todos os lençóis, toalhas e roupas de cirurgias, estão sendo levadas para lavar nas lavanderias dos Hospitais Walfredo Gurgel e Santa Catarina, além do Hospital Regional de São José de Mipibu. A situação se complicou na última semana, quando, pela falta de pagamento a Lavanderia Sol por parte do Governo do Estado, o Hospital Deoclécio Marques não dispunha de conjuntos para que os profissionais entrassem no centro cirúrgico e realizar as cirurgias. Jean Valber disse que o Governo quitou o débito com a lavanderia e que até amanhã a situação será regularizada. “Hoje temos roupa suficiente para fazer as cirurgias e até amanhã a lavanderia garantiu que a situação volta ao normal”, disse.
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