Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Conclusão do Plano de Arborização de Natal pode levar 2 anos

18 de junho de 2012

Na semana em que o Meio Ambiente é lembrado por causa da realização da conferência Rio +20, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), anunciou que o Plano Diretor de Arborização de Natal, elaborado em 2007, consumirá pelo menos mais dois anos em pesquisas antes que fique oficialmente pronto. O inventário florístico, que deverá ser feito nos 36 bairros de Natal e que é imprescindível à formatação final das diretrizes do Plano foi concluído somente em três bairros – Candelária, Neópolis e Capim Macio – após quase três anos de pesquisa.

O secretário adjunto da Semurb, Eugênio Bezerra, alegou que houve um sub-dimensionamento do trabalho que chegou a ser executado pelo professor Magdi Aloufa, mas que não chegou a ser concluído. Além disso, o Município não aprovou a primeira versão do estudo apresentada pelo pesquisador em 2010. A partir daquele ano, a Semurb reanalisou o processo e, após reuniões com Magdi Aloufa, assumiu a responsabilidade da conclusão da pesquisa com o corpo técnico da própria pasta. O contrato do Município com Aloufa, custaria, caso o projeto tivesse sido integralmente executado, cerca de R$ 300 mil.

“A Semurb assumiu a confecção do Plano de Arborização com técnicos próprios”, confirmou Eugênio Bezerra. Ele ressaltou, entretanto, que é um “trabalho lento e minucioso e que não ficará pronto em breve”. Parte do estudo deflagrado por Magdi Aloufa precisou ser refeito. Isto porque o equipamento utilizado para o georeferenciamento (localização geográfica) das árvores plantadas em Natal não atendeu às necessidades da Semurb. “Nós precisávamos que fosse usado o GPS geodésico, cuja precisão é de menos de um metro do ponto, mas foi usado o manual, que dá diferença de até 15 metros do local onde o objeto está”, comentou o secretário adjunto.

A parte do projeto que será corrigida pelo professor Magdi Aloufa será paga pela Semurb e, a partir da entrega do relatório do estudo que foi concluído, a Secretaria irá recomeçar as pesquisas. “Nós queremos saber a real situação da cobertura vegetal da cidade. Para isto, nossos biólogos, engenheiros florestais e agrônomos irão trabalhar nas pesquisas”, destacou a diretora do Departamento de Ação Sócioambiental da Semurb, Vera Lúcia Filgueira. De acordo com ela, as regiões que, a olho nu precisam de mais cobertura vegetal, são as Norte e Oeste.

Além disso, ela disse que era preciso conscientizar a população acerca da necessidade do plantio de árvores. O plantio, entretanto, deve seguir algumas regras impostas pelo Município. “Nós temos que dar ênfase à plantação de árvores nativas e não exóticas. Além disso, é preciso analisar as características das calçadas dos bairros, se atendem ao limite de tamanho mínimo para receber uma árvore, dentre outros prontos”, alegou Vera Lúcia. Ela relembrou que, em alguns bairros da capital, no ano das suas construções, algumas árvores da moda àquela época foram plantadas em extensas áreas e hoje acarretam problemas, com o crescimento da cidade e a diminuição do espaço público.

Em nível estadual, dos aproximadamente 707 mil domicílios particulares existentes nas áreas urbanas do Rio Grande do Norte, somente 42,43% são “beneficiados” com arborização.

Semurb rebate informações de pesquisadora da UFRN

Em janeiro deste ano, o Laboratório de Biotecnologia e Conservação de Espécies Nativas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte publicou a informação de que, nos últimos dez anos, Natal perdeu cerca de 30% de sua cobertura vegetal, principalmente na região Leste. Além disso, alegou que hoje a capital dispõe de menos verde e mais ‘ilhas de calor’, agravada pela verticalização na expansão urbana. Para a Semurb, não existem estudos anteriores que comprovem a perda.

“O professor (Magdi Aloufa) chegou a afirmar que Natal havia perdido 30% da cobertura vegetal. Isto foi um disparate. Não se sabia qual era os 100%. Não existem parâmetros. Foi uma análise visual”, ressaltou o secretário adjunto da Semurb, Eugênio Bezerra. Além disso, ele afirmou que a motivação do distrato com o professor Magdi Aloufa não foi o atraso nos pagamentos do contrato, mas sim a inviabilidade de manutenção do estudo coordenado pelo professor.

A Semurb alegou que, além das despesas com o contrato, teve que disponibilizar carros e estagiários para auxiliar na pesquisa, quando esta era uma prerrogativa do professor, vigente nos termos do contrato. Além disso, a Secretaria discordou do professor em outros pontos. Segundo estudo da UFRN, as áreas mais carentes de arborização em Natal são a Leste e a Sul. De acordo com a Semurb, as áreas mais necessitadas são a Norte e Oeste.

No final da tarde de ontem, o professor Magdi Aloufa foi procurado pela reportagem para comentar as afirmações da Semurb, mas não foi localizado. Além dele, a promotora de Defesa do Meio Ambiente, Rossana Sudário, foi procurada mas não atendeu às tentativas de contato telefônico. Ela seria inquirida sobre como o Ministério Público está acompanhado a questão do Plano Diretor de Arborização de Natal.

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