Notícia publicada no portal G1 RN:
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o tráfico de pessoas no Brasil, irá exigir a entrada da Polícia Federal na investigação do caso do desaparecimento de cinco crianças, ocorridos entre os anos de 1998 e 2001, no bairro Planalto, zona Oeste de Natal.
“Nós já solicitamos a entrada da Polícia Federal neste caso. Iremos reforçar o pedido para que, em seguida, a Interpol nos auxilie na localização dos raptadores e nos paradeiros dos hoje adolescentes que sumiram do Planalto há 14 anos”, afirmou o vice-presidente da CPI do Tráfico de Pessoas, senador Paulo Davim (PV RN), que presidirá uma audiência na manhã desta segunda-feira (3), em Natal, sobre este que é um dos mais intrigantes casos policiais da história do Rio Grande do Norte.
O mistério no Planalto começou em novembro de 1998, quando Moisés Alves da Silva, de 1 ano e 7 meses, foi levado de dentro da casa na qual morava. Ele dormia com os pais e os irmãos. Em janeiro do ano seguinte foi a vez de Joseane Pereira dos Santos, de 8 anos, ser raptada da casa de uma vizinha. O terceiro sumiço aconteceu em janeiro de 2000, com o rapto de Yuri Tomé Ribeiro, de 2 anos. Três meses depois, o pequeno Gilson Enedino da Silva, 2 anos, também desapareceu. O último caso aconteceu em dezembro de 2001, quando Marília da Silva Gomes, de 2 anos, também desapareceu de dentro de sua residência, onde dormia com a mãe, os irmãos e o padrasto.
Catorze anos se passaram desde o primeito rapto. Uma dúzia de delegados da Polícia Civil do Rio Grande do Norte presidiu o inquérito investigatório que, por diversas vezes, chegou a ser arquivado por falta de conclusão e expiração de prazos. “Este é um caso intrigante e capcioso”, afirmou Paulo Davim. Na audiência desta segunda-feira, serão ouvidos os delegados que passaram pela presidência do inquérito, além dos pais das crianças raptadas e testemunhas que ainda possam constribuir com as investigações.
Esta será a segunda vez que, desde criada há um ano e meio, a CPI do Tráfico de Pessoas vem a Natal para tratar deste assunto. Segundo o senador Paulo Davim, o Rio Grande do Norte é uma das 240 rotas de tráfico de pessoas identificadas pela CPI no Brasil.
A grande novidade desta audiência poderá ser a apresentação das fotografias das crianças raptadas a partir de um programa de computador que envelhece os traços faciais do ser humano tendo como base uma imagem fotográfica. O delegado responsável pelo caso atualmente, Márcio Delgado, encaminhou as fotos das vítimas a um laboratório no Paraná para a confecção das novas imagens. Entretanto, em entrevista ao G1 por telefone, o delegado não deixou claro se exibirá as imagens. “Por mim, não apresentaria. Mas, quem sabe é o povo lá”, afirmou Delgado.
Conforme esclarecimentos do senador Paulo Davim, existem diversas vertentes em relação ao rapto das ‘Crianças do Planalto’. “Na época do sumiço, não se pensava na possibilidade de tráfico de pessoas. As crianças podem ter sido raptadas para serem usadas na comercialização de órgãos, serem vítimas de pedofilia, matrimônio, adoção ilegal e até mesmo para exploração de mão de obra”, confirmou Davim. Ainda de acordo com o senador, as famílias vítimas do rapto vivem perseguidas pelo fantasma da incerteza. “Paira uma dúvida atroz. As famílias não sabem se seus filhos estão vivos ou mortos”, asseverou.
Questionado sobre a omissão da Polícia Civil do Rio Grande do Norte na investigação deste caso, Paulo Davim ponderou seu comentário e afirmou que as condições oferecidas pelo Estado para as investigações podem não ter sido as ideais. Ressaltou, entretanto, que o Executivo Estadual foi omisso em relação ao apoio às famílias das crianças raptadas, sem oferecê-las assistência social e psicológica. Indagado, ainda, sobre um novo prazo para a conclusão das investigações deste caso, Paulo Davim informou que depende das autoridades policiais locais.
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