Deu no caderno Natal do Tribuna do Norte:
Passados 27 dias desde que o Governo do Estado decretou situação de calamidade pública da saúde, nada mudou no Hospital Walfredo Gurgel. Pacientes internados nos corredores, escalas de médicos desfalcadas, falta de material hospitalar são alguns dos problemas do maior de urgência e emergência do Rio Grande do Norte.
Para se ter uma ideia do caos, na tarde de ontem (30) o Centro de Recuperação de Operados do HWG – onde ficam os pacientes recém-cirurgiados – estava funcionando acima da capacidade. O CRO possui nove leitos, mas 15 pessoas disputavam espaço no local.
“Estamos com apenas dois anestesistas. O ideal seriam seis, já que temos seis salas de cirurgias para atender as diversas especialidades. Não mudou em nada a situação do Walfredo Gurgel depois desse estado de calamidade”, disse o cirurgião Eduardo Ronald.
A situação é tão complicada que, segundo o médico, algumas vezes ele tem que deixar pacientes recém operados e que precisavam de oxigênio se recuperando na sala de cirurgia porque não havia leito de UTI disponível. Com isso outros pacientes que precisavam ser cirurgiados ficavam aguardando até que a sala de cirurgia estivesse disponível.
No último final de semana, o médico Sebastião Paulino escreveu em seu twitter que faltavam intensivistas, cirurgiões pediátrico e vasculares e nem especialista em cirurgia de tórax.
Ontem não havia furos na escala de médicos de plantão, porém a quantidade de profissionais não era suficiente para atender a demanda do hospital. A escala de cirurgião vascular, por exemplo, só estava completa até o dia 23 de julho. Após essa data, sobram dias e faltam profissionais.
Isso porque dos 17 cirurgiões vasculares do HWG, apenas 13 participam da escala. Duas médicas estão de licença maternidade até o mês de dezembro, outros dois foram cedidos para o Hospital Universitário e um para o Ruy Pereira.
A dificuldade também é grande para conseguir médico intesisvista. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE conversou com uma médica contratada para atuar como cirurgiã, mas que na tarde de ontem estava ‘dando uma mãozinha’ como intesivista, pois também atua nessa especialidade.
A médica, que não quis se identificar, disse que foi aprovada no concurso da saúde em 2010 e que até hoje não foi convocada. “Existe verba para contratar cooperativa médica, mas não para chamar os aprovados no concurso de 2010. Eles dizem que é por causa da lei de responsabilidade fiscal, mas não estamos em estado de calamidade? Não deveria existir essa burocracia”, disse a médica.
Direção de hospital culpa burocracia
A direção geral do Walfredo Gurgel, reconhece que não houve avanços na situação do hospital, mas atribuiu isso a burocracia e a falência da rede de saúde. “Apesar do estado de calamidade pública, existe uma burocracia, mínima, mas existe para liberação de verbas. Além disso, unidade recebe paciente de todos os hospitais do RN e com as mais diversas patologias. Paciente chega na Liga e não é atendido, aí ele vem para o Walfredo. A mesma coisa acontece com pacientes de trauma, hematologia, urologia e outras especialidades. Como somos uma unidade de portas abertas, todos vêm para o Walfredo que fica superlotado”, explica diretora geral do Walfredo Gurgel, Fátima Pinheiro. Através da assessoria de comunicação, o Governo do Estado explicou que, apesar do estado de calamidade é preciso seguir alguns trâmites burocráticos, mas que os processos de licitação estão em andamento.
O estado espera para primeira quinzena de agosto a liberação da verba do Ministério da Saúde para a reformar dos hospitais de urgência e emergência, bem como para a compra de medicamentos.
Outra medida é a convocação, em caráter emergencial, de sete pediatras aprovados no concurso público da Secretaria de Saúde para o Hospital Santa Catarina. Com a nomeação desses profissionais, o Governo acredita que o hospital irá normalizar o atendimento no pronto-socorro.
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