Notícia publicada no portal G1 RN:
A diretora do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, Maria de Fátima Pereira Pinheiro, pode ser presa e/ou pagar multa em razão de a unidade, a maior do Rio Grande do Norte, não dispor de vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para acomodar um paciente. A informação foi confirmada pela própria médica, que é especialista em cirurgias gerais. A intimação, recebida pela direção do hospital nesta terça-feira (25), foi assinada pelo juízo da 6ª Vara da Família.
“Fiquei sabendo disso à noite. Como ontem foi feriado, eu estava em casa quando o plantonista me ligou. Ele disse que parentes de um paciente chegaram ao hospital acompanhados de um oficial de justiça, com um mandado em mãos. Ele disse ao plantonista que me avisasse da decisão e que eu iria ser presa se eu não conseguisse uma vaga na UTI imediatamente”, disse a diretora.
Em seguida, ao ser informada da intimação, a diretora afirmou que determinou prioridade ao caso do paciente. “Dei uma ordem clara. Assim que houver uma vaga, aquele senhor tem de ser internado na UTI imediatamente”, acrescentou Maria de Fátima, informando que o Walfredo Gurgel possui 5 unidades de terapia intensiva com dez leitos cada uma . “Todas estão superlotadas. Os corredores do hospital estão cheios e o centro cirúrgico também está lotado”, admitiu a médica.
“Eu estou na Secretaria de Saúde para resolver questões administrativas e nem sei se serei presa quando chegar ao hospital. O que sei é que existe esta ordem judicial sobre minha mesa”, disse Maria de Fátima. Sobre o paciente, ela admitiu que o homem encontra-se fora da UTI, ainda aguardando vaga. Contudo, a diretora não soube detalhar qual o problema de saúde que o paciente enfrenta.
Conselho
“Foi uma decisão infeliz da Justiça. Houve um erro de alvo. Se alguém tem de ser preso, este alguém é o gestor da saúde estadual. É o secretário quem tem o controle de todos os leitos das unidades de saúde do Rio Grande do Norte. A diretora não tem o poder de tirar uma pessoa da UTI para colocar outra em seu lugar”, comentou Jean Carlos, presidente do Conselho Regional de Medicina no Rio Grande do Norte (Cremern).
Já o secretário estadual da Saúde, Esaú Gerino, atendeu a ligação feita pelo G1, tomou conhecimento do ocorrido e passou o telefone para a assessoria jurídica da Secretaria. A assessora, no entanto, limitou-se a dizer que a diretora do Hospital Walfredo Gurgel terá de assinar a ordem da Justiça, mas não caberá a ela responder por uma situação que não é de sua competência ou responsabilidade.
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