Distribuição de combustíveis está inconstante em Natal

10 de agosto de 2012

Deu no caderno de Economia da Tribuna do Norte:

Postos afirmam que estão enfrentando dificuldades para receber gasolina e que o produto chegou a faltar. (Foto: Júnior Dantas)

Postos localizados em Natal estão enfrentando dificuldades, desde o início da semana, para receber combustíveis das distribuidoras, segundo gerentes de estabelecimentos e fontes que acompanham o mercado, consultados ontem pela TRIBUNA DO NORTE. O problema chegou a suspender temporariamente as vendas em alguns postos.

A reportagem visitou oito postos na tarde de ontem – de bandeiras BR, ALE e de bandeira branca. Em dois, na avenida Engenheiro Roberto Freire, os gerentes confirmaram que há dificuldades para receber os combustíveis. Um proprietário de posto, que pediu para não ser identificado, confirmou, embora tenha dito não saber o motivo.

A TRIBUNA DO NORTE apurou que a “inconstância” no abastecimento tem se dado de duas formas. Em um dos locais visitados, o gerente pediu 25 mil litros de gasolina à distribuidora, mas foi informado de que só poderia ser atendido em 20% da demanda. “Pedimos 25 mil litros e eles enviaram cinco mil apenas. Temos como segurar com estoque próprio até sábado”, disse o gerente. Em outros postos, os pedidos têm demorado a chegar. “Eles atendem normalmente de um dia para o outro, mas agora está demorando até dois dias para a chegada do combustível”, aponta outro gerente.

Em um dos postos visitados, as  vendas chegaram a ser interrompidas durante essa semana – por atraso no envio da gasolina – mas o problema já foi sanado. “Essa semana faltou gasolina duas vezes, mas já recebemos hoje (ontem) pela manhã”, disse a gerente. Os postos costumam comprar combustível mais de uma vez por semana e alguns têm capacidade de estocar gasolina por até uma semana.

A reportagem procurou a Petrobras para confirmar se há ou poderá ocorrer desabastecimento no Rio Grande do Norte ou atrasos na distribuição aos postos nos próximos dias, além dos possíveis motivos, mas a estatal não respondeu ao pedido de informações, feito por telefone e e-mail. O Sindicato Nacional de Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes e o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN (Sindipostos) também foram procurados, mas o primeiro não deu retorno e, no caso do segundo, a reportagem tentou, mas não conseguiu contato com o porta-voz indicado pela assessoria de imprensa.

As entidades procuradas também não confirmaram se os problemas estariam relacionados à greve dos servidores federais, que tem tornado mais lenta a movimentação de cargas em portos, rodovias e aeroportos em alguns estados. No Porto de Natal, pelo menos, o diretor-presidente da Companhia Docas do RN, Pedro Terceiro de Melo, afirma que não há problemas relacionados a combustíveis. Ele informou que não há registro de atrasos. “Recebemos combustível essa semana e receberemos normalmente na próxima semana”, disse ele.

A Codern afirma que, até o momento, a única movimentação comprometida por causa da greve é a de atum. Cerca de 300 toneladas do produto estão retidas no porto à espera de certificação dos fiscais federais agropecuários, que iniciaram greve na última segunda-feira. A empresa responsável, Atlântico Tuna, recorreu à Justiça Federal para  tentar liberar a mercadoria, mas nenhuma decisão havia sido publicada até o fechamento desta edição. Segundo a Codern, não foram registrados prejuízos por causa da greve de outras categorias que atuam no porto, como a Receita Federal e a Anvisa.

No Espírito Santo, abastecimento está irregular

Problemas de abastecimento relacionados a combustíveis não estão sendo registrados, entretanto, apenas no Rio Grande do Norte.

Na última terça-feira, atrasos atribuídos à BR Distribuidora teriam afetado o sistema de transporte público de Vitória (ES). Segundo informações publicados na imprensa capibaxaba, as empresas filiadas ao sindicato que representa as viações que operam no Sistema Transcol (GVBus) não conseguiram abastecer os caminhões que transportam óleo diesel do porto até as garagens de ônibus. O atraso criou um risco de “colapso no sistema”. “O abastecimento não está normalizado”, confirmou o Sindipostos-ES à Gazeta Online.

Fontes consultadas pelo veículo, e que preferiram não se identificar, afirmaram que a greve dos caminheiros na última semana e a greve de funcionários da Anvisa podem ter contribuído para a redução dos estoques de combustível da distribuidora da Petrobras.

Em Natal, segundo informações do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano do RN, repassadas por meio da assessoria de imprensa, as empresas possuem postos próprios para realizar o abastecimento e não estão enfrentando qualquer dificuldade.

Greves comprometem serviços em portos, aeroportos e rodovias

São Paulo (AE) – Enormes filas de passageiros no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), uma passeata de 10 mil pessoas no centro do Rio de Janeiro, estradas bloqueadas na Bahia e a emissão de passaportes praticamente parada em muitas delegacias da Polícia Federal. Esses foram alguns dos cenários marcantes da greve dos servidores federais que viveu ontem outro dia quente.

Funcionários da Polícia Federal, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Agricultura, de universidades, entre outros, pedem, em protestos que se estendem por oito Estados, aumentos salariais e reestruturação de carreiras.

Os fiscais federais agropecuários, que pedem a contratação de novos servidores por meio de concurso público, além de reposição salarial e que  os cargos de chefia sejam ocupados por servidores da casa – e não por indicação política – anunciaram ontem que vão manter a paralisação total das atividades nos estabelecimentos de abate de animais, postos de fronteira, portos e aeroportos. A afirmação é do presidente da Associação Nacional dos Fiscais Federais (Anffa Sindical), Wilson Roberto de Sá, que atribui ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, a responsabilidade pela radicalização do movimento.

Segundo Wilson Sá, a categoria estava disposta a manter os serviços essenciais, mas foi surpreendida com uma portaria baixada por Mendes Ribeiro autorizando que as funções dos fiscais federais fossem delegadas aos serviços estaduais e municipais. “Infelizmente, os produtores de frutas de exportação estão tendo prejuízos e vão perder muito mais. A culpa é do ministro Mendes Ribeiro, pois se não houvesse a portaria não iria ocorrer a paralisação total”, declarou ele.

Wilson Sá afirmou que a Anffa já comunicou aos serviços sanitários dos países importadores sobre a decisão do governo brasileiro de substituir os fiscais federais por agentes estaduais e municipais.

No Rio Grande do Norte, 30 dos 33 fiscais aderirarm à greve. De acordo com o fiscal federal agropecuário e delegado sindical dos fiscais no Rio Grande do Norte, Janus Pablo Fonseca de Macedo, serviços essenciais à população, como a parte de defesa e inspeção em indústrias de alimentos, estão mantidos. Cargas perecíveis também são liberadas prontamente, afirma. Mas, as não perecíveis terão de aguardar.

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