Escolas públicas do RN terão sistema informatizado de gestão

24 de agosto de 2012

Deu no caderno de Cidades do Novo Jornal:

O SISTEMA INTEGRADO de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa) já é um velho conhecido dos alunos e professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É através do sistema que são feitas as matrículas em cada curso, publicadas as notas das disciplinas, computadas as faltas dos alunos e muito mais.

Basicamente todas as informações da vida acadêmica de estudantes e docentes estão no Sigaa e agora, as benesses dessa plataforma integrada se estenderão para fora da universidade e também estarão disponíveis na rede básica de educação do estado. O Governo do Estado lançou ontem, no auditório do Praiamar Hotel, o Sistema Integrado de Gestão da Educação (SIGEduc), um sistema informatizado baseado no Sigaa que irá integrar os dados de alunos e professores da rede de ensino público estadual.

Solenidade de lançamento do SIGEduc. (Foto: idema.rn.gov.br)

O projeto da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEEC) foi viabilizado com o apoio da UFRN, que cedeu o sistema original para que fosse reestruturado e adaptado às necessidades da rede básica, e do Ministério da Educação (MEC), que liberou R$ 750 mil para financiar a reengenharia e customização do sistema original. De acordo com o cronograma apresentado pela SEEC, o primeiro módulo do SIGEduc entrará em funcionamento no dia 3 de outubro, quando os alunos portadores de necessidades especiais de Natal irão realizar suas matrículas por meio do sistema virtual.

Para se prepararem devidamente, os servidores das escolas e funcionários da SEEC passarão por um treinamento sobre o funcionamento do módulo no mês de setembro. A previsão é que a matrícula de todos os alunos da rede estadual da capital, que será realizada em novembro, seja feita através da nova plataforma. A partir de então, o sistema se expandirá para os outros municípios do estado e suas atribuições se ampliarão através de novos módulos. Caso a experiência com Natal der certo, todas as matrículas dos alunos da rede pública do estado para o ano de 2014 serão feitas pelo SIGEduc.

O segundo módulo, por sua vez, será um diário de classe que registrará aspectos da vida escolar do aluno – como a frequência e notas. Essa etapa será implantada nas escolas de Natal em fevereiro de 2013 e, posteriormente, se estenderão para o restante dos municípios. Existem ainda outros módulos, como a turma virtual onde professores podem interagir com alunos, que serão integrados ao sistema ao longo do tempo.

A titular da SEEC, Betânia Ramalho, assinala que a grande vantagem oferecida pelo SIGEduc é a integração das diversas informações sobre a vida escolar dos alunos e professores e a possibilidade de consultá-las em tempo real. “O aluno poderá checar suas notas e o professor irá ter a possibilidade de acompanhar o desempenho de cada estudante”, afirma.

Os gestores também se beneficiarão do sistema. A partir dos dados coletados com a matrícula online e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa)/MEC, será construído um banco de dados com as informações de toda a população escolar do estado, que vão desde o desempenho escolar até o nível socieconômico do estudante. “A ideia é criar um perfil escolar, social e econômico de cada um”, explica Betânia.

Durante o período de implantação dos dois primeiros módulos da plataforma, também será elaborado um mapa georreferenciado para acesso dos gestores, que indicará em que municípios e regiões estão localizados as escolas, alunos e professores. “Assim, poderemos tornar a distribuição de estudantes e servidores mais eficiente. Cada um ficará na escola mais próxima”, aponta a secretária. Segundo ela, é possível que no futuro até os percursos dos ônibus escolares se baseiem nas informações desse mapa.

SISTEMA NASCEU DE UM PROJETO ACADÊMICO

O Sigaa faz parte do Sistema Integrado de Gestão (SIG), do qual fazem parte outras plataformas como o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos (Sigrh) e o Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contatos (Sipac). E o sistema, que hoje é peça essencial ao funcionamento da universidade, nasceu no seio do campus da própria UFRN.

Glaydson de Lima: idealizador do Sigaa, implantado na UFRN. (Foto: Tribuna do Norte)

O SIG foi formulado como um projeto acadêmico de um corpo de estudantes liderados pelo natalense Glaydson de Lima, que elaborou os embriões dos três principais sistemas (Sigaa, Sigrh e Sipac) como uma pesquisa de graduação em Engenharia da Computação e depois deu seguimento à sua elaboração durante um mestrado.  Embora frequentemente creditado como o “criador do Sigaa”, Glaydson é modesto em relação ao título. “A invenção é individual, mas a inovação é coletiva. Eu tive a ideia, mas foi uma equipe competente que conseguiu expandir o sistema e colocá-lo em prática”, destaca.

Até pouco tempo, o homem que idealizou os sistemas também foi o diretor do setor que administra os servidores do SIG – são mais de 15 máquinas localizadas na Superintendência de Informática da universidade e mais de 80 funcionários trabalhando na manutenção e desenvolvimento do sistema. Agora ele se afastou da posição, mas ainda trabalho no auxílio técnico das plataformas.

O processo de elaboração dos sistemas integrados foi longo – somente em 2007 que o SIG foi definitivamente implantado. Glaydson explica que foi preciso realizar um estudo em profundidade de todas as áreas da gestão universitária e pedagógica para conseguir desenvolver uma plataforma de interface amigável que se tornasse parte do dia a dia dos alunos e professores, em vez de ser apenas uma novidade que fosse esquecida após os primeiros dias de uso.

O resultado valeu o esforço. O Sigaa e os outros sistemas do SIG fazem, agora, parte essencial da UFRN. Os estudantes se matriculam online, os professores computam notas e faltas no sistema ou informam diretamente à coordenadoria do curso quando precisam faltar, existem turmas virtuais onde docente e discente podem dialogar sobre o conteúdo e sobre as provas, dentre outras funções. Através dos outros sistemas, reitoria e pró-reitoria também podem analisar informações como os gastos e diárias de cada funcionário sem necessidade de nenhuma burocracia.

O sucesso da fórmula foi tanto que, em cinco anos de funcionamento, a UFRN já exportou o SIG para 15 outras instituições federais do Brasil. Para Glaydson, o SIGEduc poderá levar à educação básica do estado os mesmos benefícios que o Sigaa trouxe para a universidade, mas ele adverte: “É importante que o governo se lembre que a plataforma não é um investimento a curto prazo. Somente com o tempo o sistema vai ser capaz de transformar e tornar a gestão da educação potiguar mais ei ciente”.

REITORA

Reitora da UFRN, professora Ângela Paiva Cruz. (Foto: Tribuna do Norte)

Para a reitora da UFRN, Ângela Paiva, o Sigaa representou um avanço significativo para a gestão acadêmica da universidade de uma maneira geral. “Além dos professores e alunos terem suas tarefas diárias gerenciadas por um sistema informatizado e poderem se comunicar a toda hora, os coordenadores e pró-reitores podem acompanhar atividades do curso e dos grupos de pesquisa de maneira ininterrupta. Antes, os registros eram feitos no papel”, declara. “A gestão acadêmica dos cursos de graduação e toda a atuação dos docentes podem ser acessadas pela plataforma”.

As mesmas possibilidades que hoje o sistema oferece para o ensino superior podem ser oferecidas para a rede básica através do SIGEduc, acredita a reitora. “As mesmas  melhorias na gestão das políticas da universidade e na ei ciência da comunicação podem acontecer na rede estadual de ensino básico” aponta. Segundo Paiva, as informações dispostas no sistema também poderão servir de base para que os gestores orientem suas políticas públicas na área da educação.

“NÃO VAMOS MAIS SER LANTERNINHA”

Durante o lançamento oficial do Sistema Integrado de Gestão da Educação – SIGEduc, a governadora Rosalba Ciarlini disse confiar que medidas como esta mudarão a cara da educação básica potiguar, até o final de sua gestão. “Se Deus quiser, vamos terminar dizendo que a educação no Rio Grande do Norte não vai ser mais lanterninha para envergonhar ninguém, porque nós estamos fazendo de tudo para avançarmos”, ressaltou. O programa foi lançado oficialmente no auditório do Praiamar Hotel, às 15h de ontem.

Para a governadora, o sistema completamente informatizado é fundamental porque ajudará a traçar um diagnóstico do quadro educacional no Estado. É preciso, destacou Ciarlini,  saber o que anda acontecendo nas escolas para entender por que algumas delas não estão bem e onde os recursos devem ser investido para se alcançar o melhor resultado.

“Quem estuda na escola pública tem inclusive cotas maiores para entrar nas universidades, mas eu não fico satisfeita que os nossos alunos cheguem às universidades apenas graças às cotas. Acredito que esse nível deve ser atingido pelo prazer em adquirir conhecimento e pelo amor ao saber, pela oportunidade de ser um grande homem e uma grande mulher, e isso está nas mãos de todos nós que estamos aqui hoje”, ressaltou.

O compromisso de melhorar a educação básica no RN foi assumido diante de dezenas de educadores que participaram do lançamento. O grande volume de educadores foi bem visto por Ciarlini. “A presença de vocês aqui é uma prova clara do compromisso que vocês têm com a educação. Poderiam ter dado a aula e ido para casa simplesmente, mas vieram”, ressaltou.

Sobre a implementação do programa, ela ressaltou a importância da gestão de Betânia Ramalho, secretária estadual de Educação, e de Ângela Paiva, reitora da UFRN. “Estamos dando as mãos e encontrando mãos que se somam”.

RELATO DE UM USUÁRIO
Por Pedro Vale

É até difícil de imaginar como era a vida acadêmica na UFRN antes do Sigaa. Aluno da turma de jornalismo de 2011.1, eu ingressei na universidade quatro anos depois do lançamento do sistema – ou seja, minha experiência na academia começou quando o Sigaa e seus sistemas irmãos já estavam em pleno funcionamento.

É bem verdade que demorei um tempo para pegar a manha da plataforma. Lembro-me de comentar com os outros calouros que era para a universidade oferecer uma disciplina de introdução ao Sigaa, tal a complexidade do sistema. Tudo, claro, na brincadeira.

Mas depois de um tempo consegui perceber que as possibilidades oferecidas pelo sistema recompensavam o esforço de aprender a navegar no Sigaa. Como dito na matéria, toda a vida acadêmica está disposta na rede. As notas e frequência são checadas no sistema, o trancamento de qualquer disciplina é feita no sistema, toda a comunicação com o professor é feita pelo sistema. Se um docente precisa faltar, é pelo Sigaa que ele avisa. Basta acessar a rede para descobrir alguma eventualidade do gênero e até poupar uma viagem desnecessária ao campus.

E isso sem contar que a plataforma também funciona como rede social, quase aos moldes de um Facebook. Alunos e professores podem atualizar seus perfis  com fotos e informações acadêmicas, além de participar de debates e grupos de discussão com temas que vão desde o conteúdo das aulas a ofertas de estágio.

Mesmo para alunos como eu, que só acompanham as discussões como espectador, os fóruns têm sua valia – e essa invenção tão expansiva e bem-sucedida é, acima de tudo, uma invenção gerada na própria UFRN, que já chegou a ser exportada para mais de 15 estados. Esperemos que o SIGEduc, nos moldes do seu irmão mais velho, consiga cumprir o que promete e venha para ficar.

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