Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Estudantes voltam às ruas em protesto contra aumento de tarifa em Natal

31 de agosto de 2012

Deu no caderno Natal da Tribuna do Norte:

A passeata que reuniu quase 900 jovens em prol da luta contra o aumento da tarifa dos ônibus, na última quarta-feira (29), se transforma em um novo protesto. Com  divulgação maciça em mídias sociais como o Twitter e o Facebook, mais de 1.600 pessoas já haviam confirmado presença no evento que ocorrerá na tarde desta sexta-feira (31), em frente ao Palácio Felipe Camarão, sede da Prefeitura do Natal. O protesto começa às14h30 e deve ganhar mais força depois dos incidentes da passeata da quarta-feira, que gerou um congestionamento quilométrico na avenida Salgado Filho e outros corredores da capital.

Marcelo Victor de Lima foi acertado por um projétil de uma das bombas de efeito moral lançadas pela Polícia Militar de Choque. (Foto: Ana Silva)

Na pauta das reivindicações está o aumento das passagens, a busca pela valorização do trabalhador rodoviário, a licitação da livre concorrência no setor de serviços de transporte e a luta por novas políticas de mobilidade urbana. Transporte 24h por dia e a ampliação de linhas que atendam a demanda da cidade também estão na pauta do protesto.

O estudante de jornalismo Marcelo Lima, de 24 anos, levantou a voz em sua página do Facebook, e manifestou-se contra a atuação da Polícia Militar durante o evento que ocorreu há dois dias. Após mais de duas horas de manifestação, a passeata contra o aumento das passagens terminou por volta das 20h30 da última quarta-feira ao som de gritos e bombas de efeito moral lançadas pela Polícia Militar de Choque. Marcelo foi preso, acusado de desacato e desobediência, e encaminhado para a delegacia.

Em um dos trechos ele dizia na internet: “Estilhaços de uma bomba atingiram meu rosto, muito próximo do meu olho direito. Tudo isso simplesmente porque estava exercendo a plena cidadania, supostamente garantida a todo brasileiro. E como se tamanha violência não bastasse, também fui preso”, colocou Marcelo Lima. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o estudante contou com detalhes o transcorrer da passeata.

Segundo ele, o ataque partiu dos policiais, que queriam impedir a chegada dos manifestantes à avenida Bernardo Vieira. “Eu só vi a bomba vindo na minha direção e senti o estilhaço no rosto. Vi outras pessoas feridas também. A única alternativa era me defender com pedras, como vi alguns manifestantes fazerem. Eu não o fiz”, alegou. Segundo ele, a voz de prisão foi dada por um policial que não possuía identificação. “Eu só questionei o nome dele e quem estava à frente da operação. Ele só me puxou pelo braço e me colocou no “camburão” como se eu fosse um assassino”, completou.

Marcelo realizou exame de corpo de delito ontem no Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) e deve procurar o Centro de Referência em Recursos Humanos para pedir apoio jurídico e dará início a um processo após denunciar o comandante da operação na Corregedoria da Polícia Militar. Marcelo respondeu a um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) que resultará em uma audiência no dia 11 de setembro com o juiz.

Em contato com a TN, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo, disse que a Polícia Militar recebeu orientação para garantir a ordem pública. “Um evento como aqueles não poderia durar muito mais tempo”, disse.

Segundo ele, a principal via da cidade estava obstruída em horário de pico, impedindo até mesmo que ambulâncias pudessem entrar na cidade e se dirigir para o principal hospital de urgência e emergência da capital. O comandante criticou a ação de vândalos travestidos de estudante, mas que tapavam o rosto durante a manifestação. “Eles colocavam pedras dos jardins públicos no meio da pista para evitar o tráfego”, afirmou.

O coronel Araújo disse não saber se houve abuso por parte dos policiais ou dos manifestantes, mas garantiu que se estudantes tiverem sido feridos durante a ação policial irá apurar com rigor as ocorrências.

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Secretário sugere ao Gabinete Civil que suspenda expediente da tarde

Notícia publicada na Tribuna do Norte:

O secretário municipal de Segurança Pública e Defesa Social, Carlos Antônio Araujo de Paiva, confirmou que repassou ao Gabinete Civil a
orientação para liberar os servidores que trabalham no turno da tarde no Palácio Felipe Camarão, sede do Executivo. O objetivo é reduzir os riscos de invasão ao prédio e mesmo preservar a integridade dos servidores, caso os estudantes tentem invadir o prédio.

Além do contato com o Comando da Polícia Militar, Carlos Paiva deve enviar três guarnições da Guarda Municipal, para reforçar a segurança na área da sede da Prefeitura. A orientação é suspender o expediente na tarde desta sexta-feira (31). “Respeitamos o movimento, mas não podemos deixar o prédio vulnerável. Hoje pela manhã o funcionamento está normal”, disse o secretário.

Por telefone, na manhã desta sexta-feira (31), o comandante da Polícia Militar do Rio Grande do Norte confirmou que o policiamento na área do Centro da cidade e imediações da Prefeitura de Natal já foi reforçado. Coronel Francisco Araújo adotou a medida para garantir a “ordem” na mobilização dos estudantes em protesto previsto para a tarde de hoje em decorrência do aumento no valor da tarifa de ônibus.

“Não somos contrários à mobilização, que é justa e democrática. Mas temos o dever de evitar e inibir os excessos e desordem”, disse o comandante geral da PM-RN. Os policiais estão aptos, segundo ele, a lidar com esse tipo de situação. “Estranha essa informação que alguns
estudantes dizem ter sido atingidos por estilhaços das bombas usadas pela polícia – refere-se ao confronto entre policiais e estudantes na
última quarta-feira à noite -, pois são bombas de efeito moral: só fazem barulho e fumaça”, justificou.

 

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