Melão potiguar inicia corrida em busca de novos mercados

11 de outubro de 2012

Deu no caderno de Economia da Tribuna do Norte:

Aos poucos, sem alarde, os produtores de melão do Rio Grande do Norte começam a diversificar seu mercado, tradicionalmente focado na Europa, para outros continentes e isso no momento em que os tradicionais compradores europeus, como a Inglaterra, aquecem a sua demanda pela fruta potiguar, apesar da crise econômica.

Foto: Tribuna do Norte

Um grupo de 10 exportadores de melão da região de Mossoró viaja no próximo dia 23 aos Estados Unidos, onde participará do Fresh Summit, no Anaheim Convention Center, na cidade californiana de Anaheim, entre 26 e 28 deste mês. Comanda a comitiva o presidente do Comitê Executivo Fitossanidade do RN, Francisco Segundo de Paula. O evento atrai mais de 18.500 visitantes de mais de 60 países.

Segundo de Paula informou hoje que os produtores já deram entrada, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dos protocolos necessários para iniciar um processo regular de exportação de melão para o gigantesco mercado chinês, o que deverá estar concluído em mais seis meses. O passo seguinte será o Mapa enviar ao Ministério da Agricultura chinês um convite formal para que os técnicos de lá venham ao Brasil conhecer melhor a região produtora de Mossoró e as empresas envolvidas na exportação de melão. Não será uma visita de passeio, mas uma auditoria rigorosa das condições locais de produção e da qualidade dos produtos.

Há um mês, O JORNAL DE HOJE publicou, com exclusividade, a exportação, pela primeira vez na história, de melões do tipo amarelo e couro de sapo, produzida no RN, enviados para o mercado asiático. Três contêineres refrigerados – um aperitivo para degustação – chegaram ao porto de Beijin, saídos do Porto de Santos, o único de onde partem navios diretos para a China, sem escala.

A carga saiu do Brasil em meados agosto depois de percorrer cinco dias de estrada entre a região produtora de Mossoró e a cidade portuária paulista. “Nosso maior interesse era saber como se comportaria a logística envolvendo a carga numa vigem tão longa”, explicou na ocasião o presidente da Coex, Francisco Segundo de Paula. “Nesse tipo de carga, escalas em outros portos são sempre muito prejudiciais para carga e por isso o exportador optou por cruzar o país por terra para realizar o embarque por Santos”, acrescentou Segundo de Paula.

Hoje, o presidente da Coex comentou que o  foco maior sobre os Estados Unidos e a China faz parte de uma decisão estratégia de longo prazo que não tem relação a uma possível diminuição de demanda por parte dos tradicionais clientes europeus. “Ao contrário, as vendas para a Europa estão até aquecidas”, esclareceu.

O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, superado apenas pela China e Índia. Sua participação no comércio internacional é de apenas 1,6% em divisas e 2% em volume, ocupando o 15º lugar entre os países exportadores. O Rio Grande do Norte está entre as três maiores produtores de frutas frescas do país. Só o agropolo fruticultor Mossoró/Assu concentra 90% da produção nacional de melão.

“Olhar para os Estados Unidos e China é apenas vislumbrar novos mercados e aperfeiçoar os mecanismos de ingresso neles”, afirmou Segundo de Paula. Em outras palavras, é não ficar nas mãos de um único mercado só porque se trata de um cliente antigo e, portanto, mais conhecido.

Diz o presidente do Coex que o melão potiguar é muito melhor em todos os sentidos do que seus concorrentes do México, Colômbia e Costa Rica, tanto do ponto de vista da fruta em si como da embalagem e de outros quesitos relacionados à procedência (rastreabilidade). Francisco Segundo de Paula lembra que os produtores potiguares já enviam o melão para a Europa com o código de barras dos supermercados em que eles serão comercializados no destino.

O mercado norte-americano tem um potencial estimado de US$ 130 milhões para o melão brasileiro. O país importa US$ 478 milhões anuais em melões, principalmente do México, Guatemala, Costa Rica e Honduras. O ponto favorável, principalmente aos produtores potiguares e cearenses, segundo a Agência Sebrae, está relacionado à variedade comercializada no mercado externo, o melão amarelo. Esse tipo é difícil de ser encontrado no mercado internacional, mas é produzido em larga escala nas regiões de Mossoró (RN) e Vale do Jaguaribe (CE).

Outra vantagem é a proximidade dos portos de Pecém (CE), Mucuripe (CE) e Natal com os Estados Unidos. São apenas oito dias entre esses terminais e o porto de Nova Iorque, por exemplo. Além disso, os dois estados já têm aprovação fitossanitária para exportar para os EUA, já que são declaradas áreas livres da mosca da fruta.

Em termos de volume – informa o site Economia do RN – as exportações de melão saltaram de 27,4 mil toneladas entre janeiro e setembro de 2011 para 35,8 mil toneladas no mesmo período deste ano. O crescimento do volume exportado foi de 30,7%. Em compensação, seindo ainda a mesma fonte, o preço vem registrando queda no mercado internacional. O valor médio do melão exportado pelo RN, nos primeiros nove meses deste ano, foi cerca de 7,72% menor do que a média praticada no mesmo período do ano passado.

Clique aqui para obter a publicação original

Deixe seu comentário:

© 2015 RioGrandedoNorte.Net - Todos os Direitos Reservados

O RioGrandeDoNorte.Net seleciona as notícias mais importantes da semana a partir das mais confiáveis fontes de informação setorial. Em algumas delas, agregamos o noticiário de um assunto em um só item, ressaltamos (negritando) ou até comentamos (grifando) a notícia original, caso pertinente.