O preço do metro quadrado em Natal é um dos mais baixos da região Nordeste. É o que mostra estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômico (Fipe), que analisou o valor do metro quadrado em mais de mil bairros, em 40 cidades, mais o Distrito Federal. A pesquisa foi publicada na revista Exame e mostra que, entre as seis capitais do Nordeste pesquisadas, o valor em Natal para imóveis usados é o segundo menor – R$ 3.372 – e, entre os novos, o menor. O preço médio nesse caso ficou em R$ 3.950.
A média nacional é 1,5 vez superior à potiguar – de R$ 5.391 para o metro quadrado de imóveis usados e de R$ 5.376, nos novos. A pesquisa mostra ainda que em bairros considerados nobres, como Areia Preta e Petrópolis, o valor atinge os picos e a média para casas e apartamentos novos gira em torno de R$ 5,1 mil a R$ 5,6 mil. Em áreas mais periféricas, como Pitimbu e Pajuçara, é possível encontrar a casa nova com o metro quadrado a partir de R$ 2,8 mil. Representantes de entidades da construção civil e mercado imobiliário concordam que os dados condizem com a realidade no mercado potiguar que deve, segundo as entidades, ter um crescimento médio este ano de 6% – inferior ao do ano passado, quando houve crescimento de 30% no setor, em relação a 2010.
O aquecimento em anos anteriores, afirma presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon), Arnaldo Gaspar Júnior, foi devido a políticas de crédito e ao aumento na oferta por meio do programa nacional de habitação Minha casa, Minha Vida, além da melhoria na renda do brasileiro e da alta concorrência entre construtoras nacionais e estrangeiras que se instalaram na cidade. “Ao contrário do que muitos acham o preço em Natal não está supervalorizado, apesar das dificuldades de edificação numa cidade com 40% de área de preservação ambiental”, pontua Arnaldo Gaspar Júnior.
O sindicato não dispõe de histórico sobre o preço médio do metro quadrado em Natal, acrescenta o diretor do Sinduscon Carlos Luiz Cavalcante de Lima. Mas a média, segundo ele, deve obedecer os índices Sinape e INP e manter um crescimento equilibrado. “O preço não deve sofrer grandes oscilações e somente em áreas de escassez de terreno permanecer alto”.
A retração no crescimento, explica o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci/RN) Waldemir Bezerra, reflete os impactos da crise financeira no setor. “O boom imobiliário que se deu em Natal, até 2008, quando o mercado estava voltado para o capital estrangeiro da segunda residência, cresceu a oferta do produto o que puxou os preços”. Contudo, ele lembra que o mercado já adaptou e voltou-se para o público interno. “O crescimento moderado deverá equilibrar o preço”, diz Bezerra.
Apesar do endividamento de parte da população, sobretudo da classe C que deve contribuir para que as vendas não tenham o desempenho visto há três anos, o presidente do Sindicato das Imobiliárias do Estado (Secovi), Jailson Dantas espera boas vendas. “Há uma grande expectativa de vendas”, afirma. Segundo pesquisa da Consult, a intenção de compra de imóveis entre potiguares é de 33 mil, este ano. Jailson Dantas recomenda aos futuros compradores cautela e pesquisa na hora da compra. “É preciso conhecer a construtora, se segue os prazos, cumpre o acordado, se o valor é condizente com a renda e negociar. O mercado está favorável”, disse.
Variação de preços está dentro da média do país, diz Fipe
Não há números para mostrar a evolução do valor do metro quadrado em Natal. A pesquisa da Fipe aponta, entretanto, que a variação está dentro da média nacional, que “apesar das peculiaridades de cada estado não oscilou muito no último ano e corresponde ao crescimento do poder aquisitivo das famílias na região”, observa o coordenador da pesquisa Imóveis da Fundação, Eduardo Zylberstajn. “Em Natal, João Pessoa, São Luiz e mesmo Salvador, as médias ficaram bem próximas”, acrescenta. Tiveram médias próximas e não ficaram tão distantes de Fortaleza”, acrescenta. Em Natal, o metro quadrado para usados ficou em R$ 3.950, enquanto João Pessoa R$ 3.314 , Salvador R$ 3.688 e São Luiz R$ 3.692. É a primeira vez que Natal entra no estudo.
Os dados mostram que no Brasil o mercado imobiliário continua aquecido e caminha para “o ponto de equilíbrio”. Isto porque, avalia Eduardo Zylberstajn, apesar da queda na taxa de juros e das linhas de financiamentos para a compra da casa própria, “o crédito parou de melhorar”. O crédito somado ao crescimento demográfico e de renda das famílias são apontados como responsáveis pelo crescimento nos últimos anos.
Para a elaboração do estudo de imóveis, a Fipe colheu informações em sites de classificados de imóveis de todo o país, além do Índice FipeZap de Preços de Imóveis Anunciados. Os preços anunciados foram coletados durante todo o mês de março de 2012, sendo que para algumas cidades foram utilizados dados coletados em março e setembro de 2011 para permitir o cálculo da variação em seis e doze meses. Para cada bairro de cada município foi calculado o preço mediano anunciado do metro quadrado, excluindo anúncios repetidos e inválidos. Para os imóveis novos, foram usados o Anuário do Mercado Imobiliário Brasileiro 2011 da divisão de inteligência de mercado da imobiliária Lopes e dados enviados por incorporadoras para a Fipe.
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