Deu no blog da Abelhinha, de Eliana Lima:
A deprimente situação caótica que mancha uma Natal que já foi bela ganha repercussão em matéria no portal UOL, com fotos, muitas fotos, e relatos de espantar qualquer turista que pense em desembarcar na capital-potengi. Ou até mesmo novos investidores.
Tempo ruim desde o título: ‘Natal tem degradação de cartão-postal, e eleitores reclamam de buracos nas ruas’. Mostra, inclusive, quadro da última pesquisa da Consult com a preferência de votos em torno dos candidatos a prefeito.
Aliny Gama e Carlos Madeiro
Do UOL, em Natal
Se um termo pudesse resumir o sentimento dos moradores sobre os problemas enfrentados por Natal, ele seria batizado de “cidade dos buracos”. A dois anos de ser uma das sedes da Copa do Mundo, a capital potiguar demonstra às claras uma série de problemas urbanos, como destruição de seu principal cartão-postal –a praia de Ponta Negra–, falta de saneamento e drenagem das ruas e, claro, centenas de buracos espalhados por todos os bairros da cidade.
Por conta das constantes críticas da população, a prefeita Micarla de Souza (PV) desistiu de tentar a reeleição, e o partido ao qual é filiada não apoia nenhum dos candidatos. Em Natal, nenhum dos candidatos a prefeito prega a “continuidade”, apesar de muitos partidos terem composto o governo da prefeita no mandato iniciado em 2009.
O UOL visitou a cidade e viu que não é preciso andar muito para encontrar um buraco nas ruas. Eles estão em ruas simples ou em avenidas principais, e se tornaram um tormento para os motoristas, que já cansaram de fazer reclamações e cobram, agora, uma solução do próximo gestor.
“Trabalho há 18 anos nas ruas e nunca vi uma situação como essa que está nossa cidade. Foram quatro anos sem tapar os buracos, que estão em toda parte. O próximo prefeito vai ter que trabalhar como nenhum outro, pois a cidade está acabada”, conta o taxista José Alves, 50.
O motociclista Valdir Marinho, 50, conta que foi vítima dos buracos da cidade e se acidentou. “Cai com a moto lá na avenida das Alagoas. Tinha uma poça de água, não percebi que o buraco era fundo. Aí caí, e a moto teve a roda empenada. Gastei R$ 300 com o serviço”, disse.
Quem fatura com a “cidade dos buracos” são oficinas e borracharias, que ficam cheias de serviço. O borracheiro Moacir Soares da Costa, 53, atua há dez anos no ramo e relata que nunca faturou tanto quanto este ano.
“A quantidade de pneus rasgados, furados e rodas empenadas aumentou bastante. Estou no lucro, mas os proprietários de veículos, não. Nunca vi tanto buraco na minha vida como ultimamente aqui em Natal”, disse Costa, que para dar conta do serviço contratou um auxiliar.
“Desde que comecei a trabalhar aqui [na Borracharia do Moaci] chegam, em média, seis a oito carros para consertar rodas e pneus, e, olhe que os serviços não são um simples pneu furado. É pneu rasgado que não presta mais e roda empenada. A gente está trabalhando bastante”, completou o auxiliar Maxwell Silva,18.
As reclamações com os buracos se tornaram tão frequentes que jovens chegaram a criar um site chamado “mapa dos buracos de Natal”, onde mais de 300 já foram catalogados, com fotos enviadas por internautas.
O blog reúne, além das imagens e locais dos buracos, relatos de pessoas que sofreram problemas por conta das ruas esburacadas.
O problema se torna ainda mais grave quando ocorrem chuvas na cidade e dificultam consideravelmente a locomoção dos moradores.
No dia em que a reportagem do UOL visitou a capital potiguar, a cidade apresentava problemas causados pela chuva. Com várias ruas sem asfalto ou calçamento, algumas avenidas da cidade tinham pontos de alagamento, que acentuavam os problemas do trânsito.
Um dos problemas era visto na avenida da Integração, que liga a BR-101 (também chamada de avenida Salgado Filho) à zona norte da cidade. Logo na primeira quadra, um carro da prefeitura orientava o desvio do trânsito, obrigando os motoristas a passarem com os carros por uma rua de terra, sem condições de tráfego.
“Toda vez que chove fica assim, não é novidade não”, disse um agente de trânsito, que estava no local.
Também por conta dos buracos, empresas de ônibus chegaram a suspender o tráfego. A empresa de transporte Guanabara chegou a mudar de rota de duas das principais linhas que atendem à região norte de Natal.
Um comunicado foi publicado em seu site oficial. “Devido ao excesso de buracos existentes nas vias do conjunto Brasil Novo, causados pelas constantes chuvas deste ano e pela falta de reparo por parte da Prefeitura de Natal, a Transportes Guanabara está modificando, temporariamente, os itinerários das linhas 75 (A e B) e 79”, diz a empresa, em comunicado à população em agosto do ano passado.
“Essa mudança se mostra necessária para que possamos evitar os danos causados pelas más condições de manutenção das vias e, assim, continuar atendendo aos clientes dos conjuntos Brasil Novo e Parque das Dunas”, complementou a empresa.
Ponta Negra
Outro problema enfrentado pela cidade é a falta de cuidados com a parte turística da cidade. A mais famosa das praias de Natal, Ponta Negra, sofre com as ressacas da maré, que destroem, desde o início do ano, o calçadão da praia. O acesso à areia está prejudicado, já que muitas das escadas foram destruídas pela água.
Em julho, a prefeitura decretou calamidade pública para pedir recursos federais e garantir obras de recuperação e contenção do mar. Os prestadores de serviço que atuam na região reclamam do abandono e dizem que estão tomando prejuízo porque os turistas passam pela orla de Ponta Negra e vão embora.
“Estou arriscando vender algum dos meus produtos, mas está complicada a situação porque os carros passam com turistas, eles nem descem e vão embora assustados com esse cenário. Sei que esse mês não vou conseguir tirar um salário [mínimo] e pagar as contas”, disse o vendedor de malas, sombrinhas e souvenirs da capital potiguar, Roberto da Silva Santos, 56.
O UOL entrou em contato com a Prefeitura de Natal no último dia 24 de junho, pedindo explicações sobre obras que foram realizadas ou estão em andamento na cidade. Mas, até a publicação dessa reportagem, não havia recebido resposta.
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