Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Outro suspeito de integrar sequestro de jovem no RN foi detido

26 de julho de 2012

Deu no caderno Natal da Tribuna do Norte:

A Polícia Civil, através da Divisão Especializada de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), deteve, no início da tarde de ontem, mais um homem suspeito de participar da quadrilha que sequestrou o empresário mossoroense Porcino Fernandes da Costa Segundo, Popó Porcino. Por volta das 14h, policiais civis sob o comando da delegada Sheila Freitas chegaram a um condomínio de luxo localizado no bairro de Ponta Negra, zona Sul de Natal, e detiveram o suspeito que não teve a identidade revelada. Além do homem, os  policiais levaram para a delegacia um carro vermelho modelo Fox, placas NUZ-9384 de Juazeiro do Norte-CE, que estava com o suspeito.

Carro encontrado com suspeito detido foi averiguado pela Polícia Civil e estava no pátio da Deicor. (Foto: Aldair Dantas)

De acordo com a delegada, há indícios de que o detido ajudou o grupo de sequestradores. As evidências ganharam força com as imagens feitas por uma equipe de reportagem de uma TV local. No vídeo, o homem aparece visitando uma residência localizada em Japecanga, distrito de Parnamirim. O local, segundo a polícia, foi uma das casas utilizadas como cativeiro pelos sequestradores. “Além disso há algumas coincidências que precisam ser apuradas. O fato do suspeito ser  da mesma cidade de integrantes da quadrilha e estar no local pouco depois da ação da polícia precisam ser averiguadas”, disse Sheila.

Até o fechamento desta edição, o suspeito permanecia na Deicor, onde era ouvido pela delegada. A polícia quer saber qual a relação que o homem tem com os integrantes da quadrilha e se ele teve participação direta com o sequestro de Popó. No momento da detenção, policiais revistaram o carro, mas nada de relevante foi encontrado. Ontem à noite, o carro estava estacionado no pátio da delegacia.

A polícia acredita que a quadrilha que sequestrou Popó Porcino não é formada apenas pelos cinco integrantes identificados até agora. Há possibilidade de pelo menos outras cinco pessoas terem participado do sequestro. “Pela logística que foi montada não eram só essas cinco pessoas. Acredito que outras cinco pessoas façam parte desse grupo”, falou Sheila.

O sequestro

O mais longo sequestro registrado no Rio Grande do Norte chegou ao fim após uma ação de 45 minutos das policias Civil e Militar no início da tarde da última terça-feira. Após 37 dias de cativeiro, Popó Porcino foi resgatado em uma casa localizada na praia de Pitangui, litoral Norte. No confronto, um dos sequestradores foi morto, outro ferido e três, entre eles uma mulher, foram presos. Popó foi sequestrado no dia 17 de junho após participar de uma vaquejada no município de Ceará-Mirim.

O sequestrador morto foi identificado inicialmente como José Erisvan, mais conhecido como Cabeça. Anderson de Souza Nascimento ficou ferido, foi levado para o Hospital Santa Catarina e passa bem. No local do cativeiro foram presos Paulo Victor Lopes Monteiro (25), que é filho de um coronel aposentado da Polícia Militar do Ceará, e a namorada dele, Bruna de Pinho Landim (22). Em uma ação no Conjunto Pitimbu, a polícia prendeu José Orlando Evangelista da Silva (42). De acordo com informações da polícia todos os sequestradores são naturais do Ceará.

A delegada Sheila Freitas informou que, a pedido da família Porcino, a polícia se manteve afastada das negociações, mas não se omitiu quanto às investigações.  “Tomamos conhecimento do caso no dia 18 de junho e começamos a trabalhar de imediato. O importante para nós não era prender os acusados e sim trazer Popó de volta com vida para a família”, disse.

O primeiro contato dos sequestradores com a família Porcino foi feito 15 dias depois do sequestro, em 1º de julho. Sheila Freitas confirmou a informação foi negociado o valor do resgate, mas garantiu que nenhuma quantia foi paga. Questionada sobre os valores pedidos pelos sequestradores, a titular da Deicor disse não ter conhecimento já que a polícia não participou dessas negociações.

Vídeos da ação que libertou Popó foram divulgados

A Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol) disponibilizou, na tarde de ontem, três vídeos que mostram a ação que resgatou Popó Porcino do cativeiro localizado numa casa na praia de Pitangui. Além disso, há imagens do primeiro cativeiro localizada em Japecangua. O áudio dos vídeos foi retirado pela polícia e podem ser visualizados no site da TRIBUNA DO NORTE (www.tribunadonorte.com.br).

As imagens foram captadas por agentes da polícia civil e mostram a preparação dos policiais antes de invadirem o cativeiro. Cerca de 40 homens participaram da operação de resgate que teve início às 10h30, momento em que chegaram ao local do cativeiro. Os policiais ficaram alguns minutos analisando  a melhor estratégia para resgatar a vítima. A invasão da casa aconteceu por voltas das 11h da manhã da última terça-feira.

O momento em que os policiais chegam ao quarto onde o jovem estava acorrentado também foi registrado. No vídeo, é possível ver a delegada Sheila Freitas conversando com Popó Porcino e realizando uma chamada em um telefone celular. Ao lado da delegada, o secretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), Silva Júnior. “Posso dizer que toda a movimentação foi bem executada. Não foi tumultuado e conseguimos nosso objetivo. Felizmente, apesar da reação dos sequestradores, não houve momento de crise”, disse.

Silva Júnior explicou ainda que o áudio dos vídeos não foram disponibilizados porque, no momento da ação, alguns nomes de policiais foram pronunciados. “Além disso, há barulho de disparos. Por isso resolvemos não divulgar o áudio”, colocou. Foi o secretário adjunto da Sesed quem retirou as correntes que estavam presar ao corpo de Popó. “Usamos alicates de corte e alguns martelos que estava na casa”, informou.

Nos vídeos, ainda é possível ver os sequestradores que foram presos no momento da ação. “Foi um momento rápido, delicado, mas que conseguimos o objetivo com êxito”, ponderou Silva Júnior.

Clique aqui para ver a publicação original e os vídeos

“Eu dizia que só negociaria com a certeza que meu filho estivesse vivo”, diz Porcino Jr.

O empresário Porcino Júnior, pai do jovem Porcino Segundo, o “Popó” – libertado na última terça-feira (24) pela polícia de  um sequestro que já durava 37 dias –  contou todos os detalhes do sequestro, da luta pela volta do filho, do diálogo com os sequestradores, do valor pedido pela quadrilha, do amor da família e dos amigos, e da certeza de que a sua vida vai mudar a partir de agora. “Vou viver mais, viajar com meu filho, com minha família. Trabalhar menos. A vida é o bem mais precioso que temos”, disse, emocionado. Abaixo, os principais trechos da entrevista:

Foto: Joana Lima

O SEQUESTRO

“Popó pela primeira vez correu a vaquejada numa madrugada. Ele estava indo para o caminhão quando foi abordado. Estava com um funcionário nosso. Eles colocaram Popó e o funcionário num carro e disseram: “vocês já sabem do que se trata.” Popó respondeu que sim. Depois, soltou o nosso funcionário e seguiu com Popó. Daí, eles rodaram muito, com Popó que estava com os olhos vendados. Trocaram de casas muitas vezes, fizeram Popó pular muro, como forma de desviar o destino. Meu filho ficou 37 dias acorrentado, tomou apenas dois banhos, teve o cabelo cortado e se alimentou muito pouco. Ele sofreu muito.”
NOTÍCIA
“Eu estava em Veneza (nordeste da Itália) quando recebi a ligação da minha família. Foi um desespero. Viajei imediatamente de volta para o Brasil. Cheguei em 24 horas. Daquele dia para cá fiquei aqui em Natal e decidi que só retornaria para Mossoró com o meu filho Popó. Fiz esse pacto com Deus. Minha mulher (Rosane Caminha) ajudou muito, meu irmão Fábio foi meu companheiro, esteve ao meu lado o tempo todo, não saiu de perto de mim um só instante. Entregamos as nossas empresas a Deus, esquecemos esse lado, porque a única coisa que interessava era a volta de Popó. Eu dizia todo dia: tanto faz ter ou não empresa, eu quero é meu filho de volta.”
CONTATOS
“Eles me ligaram catorze ou quinze dias depois de levarem Popó. Foi um verdadeiro massacre, porque passamos duas semanas sem saber de nada. Antes disso houve muito trote, muita gente tentando se aproveitar da situação para obter alguma coisa. Então, no primeiro contato eu pedi para falar com meu filho e eles não deixaram. Eu disse que só negociava alguma coisa se falasse com Popó, para ter a certeza que ele estava vivo, mas eles não me atenderam. Foi um sofrimento muito grande, um verdadeiro massacre a mim, a minha família e aos nossos amigos.”

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