Confira notícia publicada na Tribuna do Norte:
A produção de petróleo e gás on-shore (em terra) – em declínio em campos do Rio Grande do Norte e em outros estados brasileiros – poderá retomar o fôlego e voltar a crescer nos próximos anos. Para isso, especialistas reunidos em Natal para a 4ª Feira e Congresso Brazil Onshore são unânimes: a solução passa pelo desafio de viabilizar desde a regularidade de licitação para oferta de novas áreas, a ampliação da participação de pequenas e médias empresas até a exploração de um novo nicho de mercado: o shale oil (óleo de xisto).
O Rio Grande do Norte que já liderou a produção de petróleo em terra, figura na segunda posição do ranking nacional, amargando quedas de produção (Veja o quadro). O líder em produção é o Amazonas.
A queda, avalia o diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), José Gutman, é “natural em campos maduros”, mas não há estagnação. “Reverter o quadro passa por licitações contínuas para manter a atividade de alto risco aquecida, favorecer empresas de médio e pequeno porte e a prospecção dos não convencionais o shale gas e shale oil”, frisa José Gutman.
“O óleo e gás de xisto seriam o potencial objetivo futuro para as bacias terrestres”, complementa o consultor do do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Álvaro Teixeira. Os EUA conseguiram, em cinco anos, alavancar a produção em reservatórios que estavam se exaurindo.
O novo mercado tem atraído a atenção de investidores e legisladores ambientais, que debatem sobre a regulamentação de técnicas de exploração. “Existem mecanismos de controles e fiscalização ambiental rígida. É preciso uma compreensão maior sobre esse processo”, acrescenta Teixeira. Ele lembra que mais de 50% do território brasileiro é composto de bacias sedimentares, mas apenas 5% é explorada. “É imperioso voltar a exploração terrestre”, disse.
Investimentos
O consultor do IBP defende mais investimentos para o setor, por meio inclusive de política de incentivos, que podia contemplar tanto a questão fiscal até agregar bônus para a exploração Off-shore (no mar). “Não se pode aplicar a mesma regulamentação para os campos off-shore de alta produtividade e para campos maduros em terra”, frisa.
O gerente de marketing e diretor do Centro de Pesquisa e Geoengenharia da Schlumberger do Brasil, Eduardo Albino ressalta a necessidade do Governo criar pólos de usuários para o novo gás, além de focar na recuperação de campos maduros.
O diretor da ANP, José Gutman, destaca que o Brasil tem potencial para 500 a 1 mil empresas, de forma gradativa, atuando nas atividades on-shore se considerado os quase 5 milhões de km2 on-shore e novas fronteiras tecnológicas. Hoje, em todo país, são 17 empresas, entre elas a Petrobras que domina mais de 90% da produção petrolífera.
Gutman preferiu não comentar sobre se o escândalo envolvendo a Petrobras pode repercutir na atividade de exploração e produção. A Petrobras está no centro das investigações da Operação Lava Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Em decorrência da investigação, 25 pessoas foram presas. Procurada ontem, a Petrobras não concedeu entrevista à TRIBUNA.
Bate-papo – Jean-Paul Prates
Dir. do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia e do IBP
“Há a expectativa de abrir uma nova fronteira”
Como o senhor analisa esse declínio da produção terrestre da Bacia Potiguar?
Os nossos campos têm mais de 30 anos de produção e com a idade, ficam sem pressão de reservatórios para produzir e vão morrendo. Antes disso a Petrobras vem atuando nos vários processos de recuperação secundário, terciário, injeção de água e de vapor para aumentar o fator de recuperação. Mas não estamos em um estágio de decadência. Hoje não passamos de 30% de fator de recuperação e existe uma nova fronteira que é a revitalização desses campos, produzir mais e por mais tempo e ainda um novo que é o Off-shore. Ou seja, a exploração e produção no mar em águas profundas, com o Campo do Pitu, o RN tem a partir de 2015 a expectativa de inaugurar uma nova fronteira de petróleo no Estado.
Esses mecanismos de recuperação são suficientes para os campos no RN?
São. A Petrobras tem o melhor em tecnologia, o que acontece é que as vezes ela precisa definir em que vai investir. O grande desafio é conceber formas para que empresas possam participar dessa produção assistida, mas isso é gradual, sem obrigar sem incentivo contra a Petrobras. Caso ela não considere mais interessante a operação, aí sim é preciso ter um ambiente operacional estruturado para que outra empresa possa explorar.
Que ambiente seria esse?
Um ambiente estadual. Há muita logística envolvida, tem a questão de promover uma massa critica de fornecedores, que interajam, prover estrutura comum a esses fornecedores, prover condições para a compra do óleo, uma entidade que seja a Petrobras ou outra que assegurem critérios para preços, para que não ocorra de ficar com material estocado ou seja explorado por ter um só comprador. Há vários detalhes que é preciso ter segurança para fazer o investimentos, como vender, explorar, escoar a produção. O que é necessário é uma regulamentação de pequenos e médios investidores, para que se possa startar essa sucessão de players nos campos marginais, ou seja, nos campos maduros.
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