Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Prefeitura do Natal não interdita calçadão e população teme maiores prejuízos

16 de janeiro de 2013

Notícia publicada no caderno Cidade do Jornal de Hoje:

Um dia após mais um trecho do calçadão de Ponta Negra desmoronar e machucar três turistas, a situação permanece a mesma. Apesar do apelo da população, turistas e comerciantes, a Defesa Civil de Natal ainda não interditou a área e o risco de novos desabamentos é iminente. Um poste de iluminação pública e uma árvore, próximos ao local destruído, ameaçam cair a qualquer momento, e o restante do calçadão apresenta desnivelamento e sinais de erosão marítima. Os comerciantes estão preocupados que a maré desta tarde, que deve atingir 2,6 metros, possa trazer novos prejuízos. Na tarde desta segunda-feira (15), a maré alta destruiu parte do calçadão localizado na avenida Erivan França, próximo ao quiosque cinco, e três turistas que estavam sentados no banco de madeira sofreram escoriações e, segundo comerciantes, uma das turistas ficou bastante machucada.

No trecho destruído nesta segunda-feira, um poste de iluminação pública e uma árvore ameaçam cair a qualquer momento. (Foto: Heracles Dantas)

No trecho destruído nesta segunda-feira, um poste de iluminação pública e uma árvore ameaçam cair a qualquer momento. (Foto: Heracles Dantas)

O secretário municipal de Defesa Social, Osair Vasconcelos disse que vai visitar, na tarde desta terça-feira (15), toda a extensão do calçadão da praia de Ponta Negra para verificar, in loco, a gravidade do problema e identificar quais providências emergenciais que precisam ser tomadas, enquanto as obras de reconstrução do calçadão não são iniciadas, “para evitar que incidentes como o de ontem tornem a acontecer”.

O comerciante Sérgio Luis Antônio trabalha na praia de Ponta Negra há 14 anos e conta que já vinha alertando sobre a possibilidade da área ruir com a força das águas do mar. “Não tenho estudo, mas já sabia que isso ia acontecer”, afirmou. Ele conta que no momento que o calçadão desmoronou, os turistas caíram sobre as pedras e destroços e se machucaram, além disso, o resto do calçadão caiu por cima das barracas que estavam guardadas próximas ao local afetado. “Hoje, esse é o nosso novo Morro do Careca, cartão postal de Natal”, disse o comerciante se referindo ao calçadão destruído. Como a maré destruiu a escadaria, Sérgio improvisou uma escada de sacos de areia. “Fiz isso para poder trabalhar, pois sem escala como é que o freguês vai descer para a praia?”, indagou Sérgio Luis Antônio.

O comerciante teme que, caso a prefeitura não tome uma providência urgente, mais prejuízos possam acontecer, principalmente em relação a um poste e uma árvore que ameaçam cair. Ele conta que a árvore foi interditada há mais de seis meses e que a cada maré alta o risco de desabamento aumenta. As raízes da árvore já estão expostas e ela está completamente inclinada. Sérgio alerta que, se nada for feito, o poste também deverá desabar na maré alta de hoje. “Já liguei para a Cosern e para o Corpo de Bombeiros. Eles sabem do problema, mas ainda não fizeram nada. O risco é grande, pois se cair um poste desse além dos prejuízos materiais, pode machucar muita gente”, disse.

O turista norueguês, Geir Halvorsen, que desde 2006 vem passar as férias em Natal, pelo menos duas vezes por ano, ficou extasiado ao ver o calçadão destruído e lamentou o descaso. Ele relembra os tempos em que a praia era mais bem cuidada. “Antes a praia era mais bonita e preservada. Hoje, parece que está abandonada. Mesmo assim não vou deixar de vir para Natal. Gosto muito do clima, que é muito diferente da Noruega. Hoje está fazendo mais de 30º aqui e lá está 20º negativos”, afirmou o turista.

José Benício Filho mora na cidade de Maringá, no Paraná e tem 65 anos. Desde os 14 anos, passa as férias em Natal. Ele disse que este ano quando viu que o calçadão estava destruído ficou triste. “Isso ai já era previsto de acontecer. Se não colocar o quebra-mar, esse problema vai tornar a acontecer várias vezes e gastaria apenas dinheiro público. É uma pena que os engenheiros não tenham atentado ainda para esse fato. Até fico feliz de que mesmo depois de seis meses não tenham feito nada, pois seria dinheiro jogado fora. É muito triste pra cidade porque os turistas se afastam e ainda mais porque o problema aconteceu numa área que concentra maior fluxo de turistas”, destacou.

O proprietário do restaurante A Cantina da Praia, Daniel Franco, reclama que a falta de estrutura da praia de Ponta Negra associada à destruição do calçadão tem afastado cada vez mais o turista da praia, que já foi a mais movimentada da cidade. “Exigem muita coisa dos estabelecimentos, mas em contrapartida não oferecem a mínima estrutura para que possamos trabalhar. Na alta estação está complicado, na baixa estação então estará impossível de trabalhar, pois o turista não virá para uma cidade onde o cartão postal está destruído”, desabafou o empresário que já contabiliza uma perda de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. “Daqui a 20 dias a situação ficará ainda pior, pois deve cair ainda mais, chegando a 80%”, afirmou Daniel Franco.

Projeto

O secretário Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi), Rogério Mariz disse que na quinta-feira passada a equipe da Semopi se reuniu com promotores do Ministério Público para fazer uma pré-apresentação do projeto. “Vamos enviar o projeto completo hoje para o Ministério Público e aguardar o aval deles para dar prosseguimento ao processo”, afirmou o titular da Semopi, Rogério Mariz.

Segundo Rogério Mariz a equipe da Prefeitura apresentará o projeto básico de reforma na praia e mais dois laudos, que sugere intervenções para barrar o processo de desmoronamento do calçadão, iniciado em janeiro de 2012. A equipe da Semopi aguarda a aprovação do projeto para só então contratar a empresa responsável pela construção do bolsacreto. Segundo ele, a recuperação do calçadão de Ponta Negra é uma das prioridades da gestão. “Esperamos que os trâmites burocráticos aconteçam o mais rápido possível para darmos início às obras”, disse ele.

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