Costumo dizer que no Brasil o cidadão só se comove por duas coisas: quando dói no bolso ou quando alguém de sua família é atingido por algum ato de violência. Do contrário, não há manifestações de rua.

Pois hoje digo que se tem motivos de sobra para se manifestar. Qualquer cidadão de bom senso iria para as varandas gourmets à noite, no horário do Jornal Nacional, bater panelas por dois motivos: primeiro, pelo fato do Conselho de Ética da Câmara ter decidido continuar o processo pela cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele é acusado de manter contas secretas e mentir à CPI; ele nega.

O segundo motivo para o panelaço, é que na manhã desta terça, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na residência oficial de Cunha em Brasília e na casa e no escritório dele no Rio de Janeiro. A ação foi batizada de Cartilinárias – uma referência ao senador romano Catilina, que tentou derrubar o governo.

A casa caiu, Cunha. Chega de manobras para tentar derrubar o governo em atos puramente de vingança. O peemedebista não perdoa a presidenta Dilma por não ter apoiado à sua candidatura à presidência da Câmara. Ainda no fim de semana escrevi um texto dizendo que as cenas de comédia pastelão protagonizadas por aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com troca de tapas entre parlamentares na reunião da Comissão de Ética da Câmara para discutir o processo de sua cassação, na semana passada, ofuscaram o chamamento da população para ir as ruas neste domingo (13), para pedir o impeachment da presidenta Dilma.

Fato é que Eduardo Cunha não tem condições de presidir a Câmara. Sem moral e sem ética, o peemedebista está mergulhado em denúncias que só fazem macular a imagem do Parlamento, já tão desgastada pelos políticos que a compõem. Dizer o contrário é não enxergar a realidade.

Vou parafrasear o jornalista Élio Gaspari, mais uma vez, quando disse que “a ameaça da Lava-Jato não é ideológica, muito menos política, é apenas a afirmação de um braço do Estado para que as leis sejam cumpridas. Corrupção passou a dar cadeia”.

O resto é conversa pra boi dormir!

Charge: Sponholz, no Jornal da Manhã (PR)