Renegociação de dívidas terá índice baixo este ano no RN

15 de outubro de 2012

Deu no caderno de Economia da Tribuna do Norte:

A queda nas taxas de juros nos bancos e no mercado deu ânimo extra aos consumidores para comprar, mas não tem sido sinônimo de grande estímulo para quem comprou e ficou devendo, pelo menos no comércio. Um levantamento revelado à TRIBUNA DO NORTE pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) no Rio Grande do Norte ajuda a medir o movimento: de acordo com os dados, entre 1% e 2% dos consumidores que estão com o nome sujo no estado deverão regularizar a situação entre outubro e dezembro deste ano. No último trimestre de 2011, 2% conseguiram fazer o mesmo. Em 2010, o índice chegou a 8,7% , no período. “O crescimento mais lento da economia explica a queda no ritmo”, observa o diretor do SPC/Serasa no RN e vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), Augusto Vaz.

Índice de devedores que sairão do cadastro será menor este ano. (Foto: Rodrigo Sena)

Com a economia crescendo menos, alguns setores  contrataram menos trabalhadores, e outros até demitiram mais. Parte da população também exagerou nos gastos e ficou com o orçamento apertado. A combinação desses fatores ampliou a lista de devedores e atrapalhou o ritmo de pagamentos. Alguns consumidores, como o empresário Henrique Nobre Pereira de Souza, 24,  entraram na estatística por acaso. “Emprestei meu cartão e acabei herdando uma dívida de R$ 3 mil. Agora, o jeito é negociar com a empresa”, disse ele, um dos “devedores” que foram ao SPC na semana passada. Em apenas cinco minutos, outros 14 procuraram o balcão do órgão para checar a situação de dívidas que contraíram. A doméstica Raquel Trajano Galdino, 26, de Pedro Velho, interior do Rio Grande do Norte, foi uma delas. Ela descobriu esta semana que haviam passado quatro cheques em seu nome e que estava no SPC.

O movimento intenso na sede do órgão mascara a queda na proporção de  devedores que tem conseguido sair do cadastro e retomar, sem barreiras, o poder de compra. No último trimestre de 2010, o percentual de potiguares que conseguiram limpar o nome foi quatro vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado. A retração não é preocupante, diz o diretor do SPC/Serasa e vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), Augusto Vaz. “O número está dentro da média”, tranquiliza.

Taxas para negociar estão menores

Incidência dos juros eleva o valor devido às alturas e o devedor pode ficar com o nome sujo, impedido de fazer novas compras no comércio. (Foto: Aldair Dantas)

Em bancos como a Caixa Econômica Federal, a procura por renegociação está bem maior. “Entre agosto e setembro de 2011 – antes da redução das taxas de juros – recuperamos R$ 11,48 milhões, considerando o crédito comercial e habitacional. Entre agosto e setembro deste ano, recuperamos  R$ 20,13 milhões – 75,3% a mais”, compara Roberto Linhares, superintendente da Caixa no RN.

Na Caixa, os juros para quem quer renegociar as dívidas caíram até 43%, passando de 1,99% ao mês para 1,14% ao mês (a taxa mínima). O Banco do Brasil registrou queda na mesma proporção. “Também alongamos o prazo de 84 para 96 meses”, informou o banco, que não revelou em quanto o movimento subiu após o corte das taxas.

De acordo com os bancos, não há problemas com a renegociação ou portabilidade das dívidas. “Não há relatos de dificuldades”, defende César Pontes Silva Pessoa, gerente de negócios da superintendência estadual do Banco do Nordeste (BNB), banco que atua no desenvolvimento da região Nordeste e norte de Minas Gerais e Espírito Santo, e oferece linhas de crédito para atividades produtivas em praticamente todos os setores de atividade como indústria, comércio, serviços, infraestrutura, pecuária, agricultura, agricultura familiar, microcrédito urbano e rural, onde tem forte atuação. Roberto Linhares, superintendente da Caixa no RN, também nega que haja obstáculos. “Não há barreiras legais”.

Depois completa: “há casos em que os descontos para o cliente que deseja renegociar a dívida e aceita pagar à vista reduzem em até 90% o débito (dívida atualizada, juros, multa e correção monetária)”. Segundo ele, vale a pena pegar dinheiro no banco para saldar dívidas, “mas somente quando você troca uma taxa de juros mais alta por uma mais baixa e adequa o prazo de pagamento à sua real possibilidade financeira”. Para renegociar nos três bancos, basta procurar uma das agências.

Financeiras

As financeiras não têm conseguido acompanhar o movimento dos bancos e registram queda na procura por renegociação de dívidas no período. “Nós não conseguimos competir de igual para igual”, confessa a atendente de uma financeira localizada no centro da cidade, que trabalha apenas com empréstimos consignados – àqueles com desconto em folha e juros mais baixos.

Clique aqui para ver a publicação original

Deixe seu comentário:

© 2015 RioGrandedoNorte.Net - Todos os Direitos Reservados

O RioGrandeDoNorte.Net seleciona as notícias mais importantes da semana a partir das mais confiáveis fontes de informação setorial. Em algumas delas, agregamos o noticiário de um assunto em um só item, ressaltamos (negritando) ou até comentamos (grifando) a notícia original, caso pertinente.