Dentro e fora do lar, a voz delas se firmou de vez. Seja no mercado consumidor ou no ambiente familiar, a participação das mulheres nas decisões de compra deixou de ser um fator crescente para se tornar definitivamente uma realidade. A mudança afirmada nos últimos anos tanto do papel social quanto da independência financeira feminina aparece na aquisição de bens mais valorizados, como imóveis e automóveis, assim como no comércio em geral.
No último Boletim Mercado de Trabalho, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que 46% da População Economicamente Ativa (PEA) do Brasil pertence ao sexo feminino. O mesmo relatório identifica que 45% das pessoas ocupadas no mercado de trabalho são mulheres. O Rio Grande do Norte segue o ritmo. ”É uma tendência que vem de muitos anos e cada vez mais se fortalece”, segundo o superintendente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL Natal), Adelmo Freire.
Paralelo à inserção no mercado de trabalho veio a conquista deum novo papel no âmbito familiar, onde a influência delas nunca foi tão forte. O retrato pode ser visto no cotidiano, como na escolha da cabeleireira Eliana Lúcia de Lima, 57 anos, que tomou as rédeas na hora de comprar um apartamento para morar com o marido, um funcionário público. “Geralmente o homem é mais descansado do que nós”, afirma a cabeleireira, que aproveitou o compartilhamento da renda na casa para dar entrada e financiar o novo imóvel.
Situações como a de Eliana, em que há responsabilidade compartilhada, estão presentes em 258.322 de imóveis no Rio Grande do Norte. O público feminino é participante desse quadro em 32% dos casos de acordo com o Censo 2010 do IBGE. Cabeleireira há 30 anos, Eliana chegou a investir na construção de um shopping de pequeno porte no bairro de Capim Macio, zona Sul de Natal, onde hoje funciona a Faculdade Fatern/Estácio de Sá.
Depois de perder todo o investimento, mais do que nunca a união da renda de Eliana e do marido foi fundamental para a recuperação financeira ea compra do novo apartamento mais tarde. O presidente do Sindicato das Empresas Imobiliárias do estado (Secovi/RN), conta que o fenômeno tem sido notável. “A maioria dos negócios é trabalhado com base na renda familiar e a contribuição da mulher é, de fato, decisiva”, avalia.
Independência
Os setores de automóveis e do comércio em geral também registram o aumento da participação feminina. De acordo com o superintendente da CDL Natal, Adelmo Freire, a participação e independência financeira da mulher tem ocorrido cada vez mais cedo, e pode ser notada na forma como a mão de obra feminina se envolve nas empresas, adquirindo rapidamente autonomia. O efeito prático disso está no volume de compras feitas por mulheres.
No mercado automobilístico, a consultora de vendas da Fiat Autobraz, Maria José da Silva Melo, lembra que o crescimento do público feminino na compra de automóveis vem se acentuando de cinco anos para cá. Essa migração obrigou as montadoras a pararem para pensar em atrativos especiais. Nas cores ou nos acessórios, alguns modelos são projetados de olho no potencial feminino de consumo.
O próprio preconceito enraizado de que mulher não entende de carro tem sido desfeito aos poucos. “Hoje elas fazem a pesquisa na internet, onde encontram informações antes de vir às compras”, informa a consultora de vendas. Outra característica das consumidoras é ser mais exigente em relação aos veículos. “Isso ocorre de maneira geral. Além da direção hidráulica e ar condicionado, que viraram necessidades básicas, tem o computador de bordo, airbag, freio ABS, etc”, explica.
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