Notícia publicada no caderno de Esportes do Novo Jornal:
A menos de dois anos para a Copa do Mundo em Natal, nenhuma obra apontada como “legado” para a cidade – excetuando-se o Complexo Arena das Dunas -, chegou a sair do papel. Entretanto, se há uma instituição que tem aproveitado a relevância que a cidade ganhou com o evento, esta é a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em janeiro, a UFRN dará o pontapé inicial à primeira etapa do Plano de Modernização do Parque Poliesportivo, obra estimada em R$ 26 milhões, montante proveniente do Ministério dos Esportes. A previsão é que o parque passe a funcionar como espaço para formação de atletas no estado e área de convivência e atividades para a população.
Professor João Roberto Liparotti, do Departamento de Educação Física, é o responsável pela elaboração do primeiro projeto. (Foto: Ney Douglas)
A primeira fase contempla a construção do Centro de Treinamento de Alto Rendimento, espaço que poderá ser destinado ao treinamento de quatro das oito equipes que devem passar pela cidade durante os 11 dias de jogos da copa.
Só que para chegar até lá a estrutura da UFRN ainda precisa fazer uma série de adequações. Somente em julho de 2013 a universidade terá plena certeza sobre a utilização do espaço pela FIFA, uma vez que precisa apresentar a readequação da pista de atletismo, do sistema de iluminação e do próprio campo para que a federação aprove a participação.
Mesmo sem a decisão, a ordem para reforma da primeira fase das obras foi assinada na semana passada, liberando R$ 7,5 milhões do Ministério dos Esportes para a reforma da área. Porém, além das adequações exigidas, a universidade também aproveitou para encaixar no meio do projeto a construção de um ecoestádio. Com capacidade para 2.400 pessoas, a previsão é que, com a nova estrutura, a universidade passe a abrigar competições universitárias e até mesmo internacionais.
Projetos
Os projetos estão sendo tocados pela Superintendência de Infraestrutura da universidade (SIN) em conjunto com o programa UFRN na Copa – sendo este encabeçado pelo professor e mestre João Roberto Liparotti, do Departamento de Educação Física. Responsável pela elaboração do primeiro projeto de reestruturação do parque, o professor explica que, independentemente da aprovação da universidade como centro de treinamento, os frutos já terão sido colhidos pela universidade.
“Só para você ter uma ideia: há dois anos, quando a universidade se candidatou, os jogos estavam suspensos até mesmo para as equipes da universidade. Não havia nem campo porque o gramado não era cortado. Hoje nós já temos alguns jogos, a grama foi aparada e vamos ganhar toda uma reestruturação do espaço”, comentou o professor. “Se você me perguntar se eu quero que a Copa venha para Natal, é claro que eu quero. Só que, mesmo que o centro não seja utilizado, a universidade e a sociedade já ganharam muito com ela”, completou.
A pista de atletismo, por exemplo, será expandida para 400 metros e seguirá os padrões estabelecidos pela Federação Internacional de Atletismo. Estimada em R$ 1,5 milhão, será uma pista Classe 2, com oito raias cobertas. Já a construção do ecoestádio custará R$ 4 milhões. A primeira parte é referente à terraplanagem a implantação da grama tapete, englobando a readaptação do sistema de irrigação, que passará a ser feito através do reuso das águas pluviais. Um tanque localizado ao lado do estádio captará a água das chuvas, as quais passarão a ser utilizadas para a manutenção do estádio.
A arquibancada, com capacidade para 2.400 pessoas, será coberta com um painel de células fotovoltaicas. Esses painéis absorvem até 28% da energia solar e podem gerar até 1000W em energia elétrica. Esse sistema de transmissão de energia elétrica também será adaptado com a chegada de uma subestação na área do parque.
De acordo com o professor, a FIFA escolherá dois centros de treinamento em Natal. A Vila Olímpica do ABC (Vicente Farache) já foi escolhida, restando à universidade disputar a vaga com o SESI, IFRN, Estádio Juvenal Lamartine e Arena do Dragão. Entretanto ele reitera que, com ou sem evento, o mais importante será o ganho em termos estruturais para a universidade. Reavivar as competições e o esporte universitário é um dos pontos positivos que o professor aponta.
“O melhor disso tudo é que a Copa não precisa trazer obras faraônicas, mas utilizáveis. Como somos sede, nós nos tornamos prioridade e a universidade soube aproveitar isso”, considerou. A ideia por trás da construção, segundo Liparotti, era que a universidade também pudesse devolver à sociedade serviços em troca do uso dos recursos. “Diferentemente da Arena, nós somos um espaço público para atender à comunidade”.
REFORMA PODE CUSTAR ATÉ R$ 40 MILHÕES
A pista e a construção do estádio são apenas a primeira parte do Plano de Modernização do Parque Poliesportivo da UFRN. A área de 10 hectares também tem previsão de receber recursos para a modernização do parque aquático, com a construção de piscinas olímpicas; reforma nos dois ginásios; construção de arenas para esportes de areia e reforma da estrutura viária, a qual passará a receber apenas ciclovias.
Na semana passada, a bancada potiguar no Senado Federal assumiu o compromisso de indicar rubricas que poderão aumentar a verba para reforma do Parque Poliesportivo de R$ 26 para R$ 40 milhões. As verbas, provenientes do Ministério dos Esportes e das Cidades, contemplarão até mesmo a construção de uma estação para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) metropolitano.
De acordo com o secretário de infraestrutura da UFRN, Gustavo Coelho, a intenção é que todo o complexo esteja pronto até a Copa do Mundo. Para isso, a universidade está insistindo junto aos ministérios para a liberação dos recursos até o julho do ano que vem.
“O complexo poliesportivo vai permitir que todo mundo tenha acesso à áreas para atividades desportivas. Além disso, será um espaço para formação de atletas e profissionais de alto padrão. Eventos de atletismo, áreas de convivência e estruturas adequadas à Lei da Acessibilidade”, enumerou o superintendente.
Coelho acredita que será uma forma de fornecer espaços para treinamento das equipes, uma vez que outras praças desportivas, como o Palácio dos Esportes e o CAIC (Centro de Atenção Integrada à Criança), estão esquecidas.
“Esse parque será o mais equipado do estado. É um ambiente propício não só para a formação dos atletas, mas de todos os profissionais que estão envolvidos com o esporte”, completou.
A sustentabilidade não foi uma meta pensada apenas na reutilização da energia e da água no estádio. De acordo com o arquiteto Nilberto Gomes, da SIN, a reforma do Parque Poliesportivo também trouxe um estudo sobre o impacto ambiental na área.
Os eucaliptos que cresceram no entorno do parque serão suprimidos e substituídos por 25 espécies da Mata Atlântica. “Nós já fizemos um estudo preliminar sobre o impacto ambiental. Os eucaliptos não são espécies nativas, por isso nós faremos o replantio”, afirmou. O projeto prevê a urbanização da área com o plantio de duas mil mudas.
Clique aqui para ver a publicação original
© 2015 RioGrandedoNorte.Net - Todos os Direitos Reservados
O RioGrandeDoNorte.Net seleciona as notícias mais importantes da semana a partir das mais confiáveis fontes de informação setorial. Em algumas delas, agregamos o noticiário de um assunto em um só item, ressaltamos (negritando) ou até comentamos (grifando) a notícia original, caso pertinente.