Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Silêncio conivente

18 de maio de 2012

O Rio Grande do Norte perdeu o trem dos resorts, que corria tranquilamente no excesso de dinheiro no mercado mundial e na necessidade de empresários europeus buscarem novos mercados, sem falar nas condições excepcionais identificadas em 400 Km do nosso litoral.

Foram contados 29 empreendimentos de porte, que resultaria em – pelo menos – seis mil empregos diretos e dez vezes mais de indiretos, uma vez que a atividade turística cria uma cadeia produtiva capaz de manter uma estrutura absorvedora de mão de obra e de enorme capilaridade.

Noves fora turbulências empresariais e mercadológicas, na hora em que se busca uma razão para o fato do nosso ter sido o único dos estados nordestinos que não conseguiu finalizar um só desses projetos, existe a contínua reclamação contra a dificuldade de se obter papéis e licenças, certamente numa intensidade muito maior do que nos nossos vizinhos, configurando-se aqui uma expressa má vontade contra o investimento e a geração de emprego.

Ninguém de bom senso pode negar a necessidade do respeito a salvaguardas na preservação da natureza (assunto que deve interessar aos próprios investidores até para garantir o retorno do capital aplicado), mas não dá para aturar o verdadeiro complô de setores da administração pública contra o desenvolvimento sustentável e a geração de emprego e renda, numa terra de poucas oportunidades para os seus filhos.

Burocracia no processo de licenciamento impede investimentos em construções de hotéis e resorts (Foto: www.goiasagito.com)

Pior: existem fundamentados motivos para acreditar que esse problema não é passado, mas está vivo no presente como atesta a decisão do empresário Enrico Fermi, norte-rio-grandense que ocupa a direção de uma entidade nacional do turismo e imaginava aproveitar a motivação da Copa do Mundo para construir um novo hotel na Via Costeira.

Isso porque algum eco-burocrata resolveu entender que o melhor exemplo (exemplo de preservação ambiental e de sucesso empresarial) está todo errado e, na absurda interpretação de uma lei menor, é capaz de passar por cima de vários princípios constitucionais e do direito natural, para impor uma política voltada para o extermínio do desenvolvimento econômico e social.

Está na hora da sociedade dizer um basta!

É inaceitável o silencio e a acomodação da sociedade diante de tanta sandice. Não é possível que o Governo do Estado, a Prefeitura de Natal, outras prefeituras, as entidades representativas do empresariado, os clubes de serviço, Assembleia Legislativa, Arquidiocese e o povo em geral continuem sem tomar posição para definir – pelos meios que forem necessários – seja no âmbito do Judiciário, do Legislativo ou da ação política, para que as regras que permitiram a criação de um verdadeiro pólo turístico sejam respeitadas. E se depois aparecerem, que sejam removidas. É incrível o silêncio das sempre barulhentas entidades que formam o trade turístico diante dessa deliberada ação contra a atividade.

Mesmo as casas legislativas, prolíficas na multiplicação de audiências públicas, ainda não provocaram um debate sério sobre a Via Costeira e seu futuro, para propor uma política de desenvolvimento sustentável do turismo e oferecer à sociedade elementos para punir exemplarmente quem está usando um órgão público para prejudicar o Rio Grande do Norte e o seu povo.

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