Coluna do Barbosa

Carlos Alberto Barbosa é jornalista, natural de Natal (RN), formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1984. É ainda autor do blogdobarbosa e assina uma coluna no portal Nominuto.com​

Uma cidade sem memória é uma cidade sem história

23 de agosto de 2015

Recebo release dizendo que a classe dos arquitetos e urbanistas potiguares juntamente com representantes do Conselho dos Arquitetos – CAU, do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB e do Sindicato dos Arquitetos – SINARQ, que ficaram indignados no sábado (22) com a derrubada do casarão da avenida Nilo Peçanha, no bairro Petrópolis, em Natal, farão uma manifestação nesta segunda-feira (24), às 16h30, em frente aos “restos mortais” do casarão. A proposta é conclamar a participação da sociedade e mostrar a indignação para que atitudes tão comuns na capital potiguar não se repitam.

Todos apelam para que levem flores para depositar nos escombros em forma de manifesto dos estudantes e profissionais de arquitetura e urbanismo. O casarão foi derrubado para construção de um ponto comercial.

– O manifesto é para evitar que mais uma pá de cal seja jogada sobre os poucos exemplares que restam em Natal e que lutam ferrenhamente para não serem apagados da memória Potiguar, declarou o arquiteto Rodrigo Gurgel.

Quem acompanha o meu blog (blogdobarbosa) e até mesmo as colunas que assino em outros sites – Nominuto.com RioGrandedoNorte.net – sabe que sou um defensor intransigente da memória da cidade. O Hotel dos Reis Magos é um exemplo do que estou dizendo.

Me lembro que houve uma época em que a prefeitura incentivou empresários locais a colocarem estabelecimentos na Ribeira com o intuito de revitalizar o bairro. Ensaiou-se até um movimento quando quatro ou cinco empresários da noite colocaram estabelecimentos por lá, preservando a fachada dos velhos casarões. Depois, os incentivos foram esquecidos. Conclusão, os empresários deixaram de investir na Ribeira e os casarões ficaram novamente abandonados.

Aliás, na Ribeira mesmo temos o Grande Hotel, que na época da segunda guerra, quando os americanos se instalaram na Base Aérea de Parnamirim, hospedou artistas americanos que aqui vinham se apresentar para as tropas yankes. Por que também não preservá-lo e transformá-lo num restaurante, por exemplo, seguindo a arquitetura da época, inclusive, com a mobília?

E o corredor cultural que tanto a administração Carlos Eduardo Alves fala, pegando desde o Teatro Alberto Maranhão, passando pela avenida Junqueira Aires, onde está lá a casa do folclorista e escritor Luiz da Câmara Cascudo, até o Palácio Potengi – ex-sede do governo do Rio Grande do Norte – e a própria sede da prefeitura, Palácio Felipe Camarão. Por que não incluir os velhos casarões da Ribeira neste dito corredor cultural?

Acho até que o governador Robinson Faria deveria instalar a sede do governo novamente no Palácio Potengi, antes que um aventureiro lance mão e ache que se trata mais de um elefante branco, apesar de lá funcionar uma pinacoteca.

Enfim, essa discussão da preservação da memória da cidade é muito importante. Lembro que a casa onde morou o ex-prefeito de Natal, Djalma Maranhão, perseguido e exilado do país na época da ditadura militar, não existe mais. Pensou-se até em tombar a casa como patrimônio histórico e cultural, mas que acabou cedendo lugar a um estacionamento de uma clínica privada. Lamentável.

Preservar a memória da cidade é preciso, pois que uma cidade sem memória não tem história pra contar.

A conferir!

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