Vendas disparam e concessionárias em Natal criam fila de espera

14 de agosto de 2012

Deu na editoria Economia da tribuna do Norte:

A redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos novos, em vigor desde maio, aumentou a procura e reduziu estoques em todo o país. Em Natal, há fila para comprar carro novo. Numa das concessionárias Renault, a espera pode chegar a até 60 dias para modelos como o Renault Sandero, afirma o gerente de vendas, Diogo Batista. Numa das concessionárias  Fiat, a espera pode chegar a até 120 dias para modelos recém-lançados, segundo Carlos Zonta, gerente comercial. Também há fila de espera em outras capitais como São Paulo, onde os consumidores esperam, em média, 90 dias.

Muitos dos modelos procurados, como o Novo Uno, da Fiat, disponíveis para pronta entrega, ‘sumiram’ dos pátios com o aumento da procura nos últimos  meses, afirmam os gerentes, que comemoram o crescimento das vendas. Na concessionária  Renault, a procura por carros novos subiu 30% após a redução do IPI. Na concessionária Fiat, as vendas subiram 50% em junho e 70% em julho – em comparação com um mês sem desconto do imposto. “Os estoques estão muito baixos, porque estamos vendendo tudo”, afirma Zonta.

Concessionária em Natal: movimento ontem estava intenso, estimulado pela queda do imposto e dos preços. (Foto: Rodrigo Sena)

O número de veículos emplacados – termômetro das vendas – dá mostras do aquecimento. Em julho, o RN emplacou 3.734 novos veículos, considerando apenas automóveis e comerciais leves (como vans e furgões), segundo levantamento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que representa sete mil concessionárias em todo o país. O número é 20,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Este é o segundo melhor resultado para o mês de julho obtido em dez anos. É menor apenas que o registrado em 2008, quando foram vendidos 4.492 automóveis e comerciais leves no estado. O Brasil, que registrou incremento um pouco maior que o RN, teve o melhor resultado para o mês de julho  desde 1957, quando a série histórica teve início.

O aumento da procura por automóveis provocou uma leve alta na produção industrial brasileira em junho (+0,2%), segundo o gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Luiz Macedo, em entrevista ao portal G1.

A redução do IPI, que deixou os veículos, em média, 10% mais baratos, está ajudando a puxar os números para cima, afirma Carlos Zonta, gerente comercial de uma  concessionária Fiat. A mesma posição é defendida por Flávio Meneghetti, presidente da  Fenabrave Nacional, quando da divulgação dos dados. Até o desconto do IPI, destaca  Meneghetti, o resultado era negativo. O executivo defende que a redução do imposto, que se encerra no dia 31 agosto, seja prorrogada. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, no entanto, sinalizou que não haverá prorrogação. “Isso foi o que nós combinamos e é o que estamos cumprindo”, disse o ministro.

Fim do IPI reduzido deve frear expansão das vendas

Desde que o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) foi reduzido, em maio deste ano, o número de emplacamentos subiu 30,4% no Rio Grande do Norte, passando de 2.863, em maio, para  3.734, em julho. As concessionárias, no entanto, acreditam que enfrentarão dificuldades para manter as vendas aquecidas com o fim da redução do imposto. “É provável que não consigamos manter este índice (de crescimento)”, admite Diogo Batista, gerente de vendas de uma das concessionárias Renault. Com o fim do incentivo, as vendas poderão cair até 30%, estima.

Segundo Carlos Zonta, gerente comercial de uma das concessionárias Fiat, a redução nas vendas seria gradual. “Acredito que se não for prorrogado, o IPI retornará de forma escalonada. Não vai voltar todo de uma vez. O impacto negativo não será tão grande, mas vai existir. Não conseguiremos vender como antes”.

Os gerentes evitam fazer projeções para o restante do ano.  “Como não sabemos se a redução do IPI será ou não prorrogada pelo governo federal, fica um pouco difícil fazer alguma previsão. Nossa empresa vai vender mais do que vendeu no ano passado, mas por questões particulares. Acredito que as outras poderão enfrentar dificuldades para fechar o ano com crescimento nas vendas”, afirma Zonta.

A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Rio Grande do Norte, Rodrigo Cândido, representante da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) no estado, mas ele não atendeu as ligações.  Flávio Meneghetti, presidente da Federação, que também não atendeu ao pedido de entrevista ontem, concederá uma entrevista coletiva na próxima sexta-feira.

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