Notícia publicada no caderno Natal da Tribuna do Norte:
A Zona Norte de Natal é uma das que mais sofre quando há uma epidemia de dengue na cidade. Ruas sem asfalto, coleta irregular de lixo e deficiência no saneamento básico contribuem para esse cenário. Mais recentemente, a paralisação dos agentes de endemias tem deixado a população em estado de alerta.
No bairro de Soledade, o representante comercial Ricardo Chagas conta que a última visita de um agente a sua residência ocorreu em maio de 2012. “O pior é que nem sou muito atento aos cuidados com o mosquito da dengue, então o agente me ajudaria a prestar mais atenção”, disse.
Ricardo passa o dia no trabalho e, quando retorna, tem pouco tempo para os afazeres domésticos. A limpeza do quintal e da caixa d’água não são prioridades. Segundo ele, o bairro não tem apresentado muitos números de casos da doença, mas com o período de chuvas se aproximando, essa realidade poderá mudar. “Nessa época, eu fico mais atento, mas nem todo mundo é assim”.
Desde o fim do ano passado, cerca de 70% dos 656 agentes em atividade não estão trabalhando devido à deficiência no fornecimento de materiais básicos, como protetor solar e larvicida. Santa Catarina, Soledade, Nossa Senhora da Apresentação, Nova Natal, Jardim Progresso, Redinha e Igapó são alguns dos bairros mais prejudicados pela paralisação. Nas outras zonas da cidade, os bairros mais atingidos são Felipe Camarão, Bom Pastor, Quintas, Ponta Negra, Mãe Luiza, Santos Reis e Rocas. Das seis visitas minimas recomendadas pelo Ministério da Saúde, algumas dessas regiões receberam apenas três.
No conselho comunitário de Nossa Senhora da Apresentação, 12 agentes de endemias cumprem expediente sem ir a campo e aguardam, impacientes, o cumprimento do acordo entre Sindicato dos Agentes de Endemias (Sindas) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que prevê a compra de novos equipamentos em até 20 dias. Até lá, eles não têm como exercer a função.
São oito horas diárias de completa ociosidade, numa contradição ao cartaz fixado na porta da sala onde guardam o material que restou de campanhas anteriores, que diz: Brasil Contra a Dengue. “Não podemos trabalhar sem subsídios básicos, como o fardamento. A população não nos recebe, com medo de possíveis assaltantes”, conta um deles, que preferiu não se identificar. A frustração é geral. De acordo com o grupo, faltam, ainda, lápis e formulários. Há mais de um ano, os agentes não recebem vale-transporte e precisam tirar dinheiro do próprio bolso quando necessitam se locomover entre os bairros. “Já ouvimos a mesma promessa várias vezes, temos poucas esperanças”, contam.
O presidente do Conselho Comunitário do bairro, Severino Irineu, apoia a decisão dos agentes e mostra-se mais otimista com a nova gestão. Para ele, o trabalho dos profissionais é essencial, mas se tornou impraticável. “Muitos moradores”, disse ele, “acham que os agentes não estão atuando porque não querem, mas não é verdade. Eu vejo que eles querem muito voltar a atividade”.
Severino mora há 14 anos na mesma rua. Há 5 anos, ganhou como vizinho a lagoa de captação do bairro, que, desde então, só tem trazido problemas: mosquito, acúmulo de lixo e água suja. A drenagem não funciona, o que direciona para o local a água do esgoto de toda a região, quando, na verdade, a estrutura deveria receber apenas a água da chuva. “Já tive que levar muitos moradores doentes ao hospital, por conta própria. Não dá mais pra ficar assim”.
O presidente do conselho acredita que, para combater a dengue, a retomada dos trabalhos dos agentes não será suficiente. Tanto o seu bairro como os bairros vizinhos precisam de melhorias nos serviços de coleta de lixo e de saúde. Por toda a zona norte, ainda é possível ver terrenos baldios com grandes quantidades de entulho e material orgânico. “Os postos e hospitais públicos também precisam funcionar plenamente para receber a população”, cobrou. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) deve divulgar amanhã os primeiros números do LIRAa (Levantamento Rápido de Infestação por Aedes Aegypti) referente a 2013.
DICAS
Nunca é demais ficar atento as medidas de combate à dengue:
» » Não deixar água parada em pneus fora de uso.
» » Não deixar a água parada nas calhas da residência.
» » A vasilha que fica abaixo dos vasos de plantas não pode ter água parada.
» » Caixas de água devem ser limpas constantemente e mantidas sempre fechadas e bem vedadas. O mesmo vale para poços artesianos ou qualquer outro tipo de reservatório de água;
» » Vasilhas que servem para animais não devem ficar mais do que um dia com a mesma água.
» » Garrafas ou outros recipientes semelhantes devem ser armazenados em locais cobertos e sempre de cabeça para baixo.
» » Não descartar lixo em terrenos baldios e manter a lata de lixo sempre bem fechada;
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