Coluna do Barbosa

Carlos Alberto Barbosa é jornalista, natural de Natal (RN), formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1984. É ainda autor do blogdobarbosa e assina uma coluna no portal Nominuto.com​

A democracia brasileira foi ferida de morte

12 de maio de 2016

– A democracia brasileira sofrerá um duro revés com a posse de um inelegível e corrupto neoliberal, disse Glenn Greenwald, jornalista escolhido por Edward Snowden para revelar ao mundo a espionagem do governo americano. Não chego a tanto de dizer que Michel Temer (PMDB-SP) é um corrupto, mas concordo com Greenwald no que diz respeito ao duro golpe que a democracia no Brasil vai sofrer se acaso nestes 180 dias que a presidenta Dilma Ruosseff ficará afastada do governo não retornar ao Palácio do Planalto.

Fico preocupado pois que,  a considerar as frequentes crises econômicas em nosso país isso possa ser considerado motivo para impeachment. Já disse e repito que o povo brasileiro só vai as ruas se algo fizer doer no bolso. Aí, os golpistas da hora que não estejam satisfeitos com o governo tomam a bandeira das ruas para promover o impedimento do governante. Todos sabemos que grandes empresários insatisfeitos com a crise econômica estão por trás também deste golpe. Não sejamos inocentes para não dizer incautos.

A democracia foi ferida de morte na madrugada deste dia 12 de maio de 2016, quando o Senado Federal aprovou o afastamento da presidenta Dilma. Os interesses mercadológicos representados pela classe “produtora” estão ligados à história da ditadura militar. Está claro que a maior parte das instituições representativas do empresariado brasileiro está alinhada contra a presidente e a favor do golpe.

Não sejamos hipócritas de achar que tudo está a mil maravilha no Brasil. Não, não está, claro e óbviamente. Contudo, os mentores do golpe e conspiradores contra o governo pregaram o “quanto pior melhor”, ou seja, melhor para um golpe, claro.

Não sou petista, nunca fui filiado ao PT, mas tenho a coragem de dizer que votei em Lula por várias eleições e votei também em Dilma nas duas eleições em que ela foi candidata. Como cidadão tenho como pensamento ideológico a inclusão ao contrário dos que apoiam o golpe que têm como base ideológica ser excludente.

Fato é que a democracia no Brasil está de luto. Uma presidenta eleita com mais de 54 milhões de votos dos brasileiros foi retirada do cargo de maneira torpe por um Congresso Nacional onde a maioria não tem credibilidade nem moral para exonerar sequer um faxineiro. Que dirá afastar uma presidenta da República eleita democraticamente.

O próprio Ricardo Noblat, talvez o jornalista político mais lido no país, em artigo publicado em seu blog sob o título “Por que Dilma caiu”, corrobora em parte com o que eu já disse em Editorial, ao dizer que “a presidenta Dilma Rousseff não caiu porque desrespeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal, embora tal crime bastasse, por encontrar respaldo na Constituição, para que ela caísse. Caiu porque se esgotou sua autoridade política.  Não tinha mais como governar”.

E completou:

“Seus erros na condução da economia, tanto no primeiro como no segundo mandato, e as consequências daí decorrentes para o país, custaram-lhe a perda de apoio político, sem o qual nenhum governante se sustenta. Apoio à direita, à esquerda e ao centro”.

Noblat diz ainda que “faltou-lhe coragem e convicção para romper ou distanciar-se daqueles com os quais sempre conviveu ao longo de sua vida. O resultado era mais do que previsível”.

O que Ricardo Noblat disse em seu comentário, em parte, confirma o que eu já havia dito em Editorial recente, cujo título era “Os erros cometidos pelo PT”. Veja, caro leitor, que em determinado momento falo no meu texto que outro erro dos governos Lula e repetidos nos governos Dilma foi o comprometimento com partidos políticos que não seguem a linha ideológica do PT, tais quais PP e o próprio PMDB. Isso implicou na prática fisiologista tão criticada pelos petistas enquanto oposição. Leia o Editorial completo clicando aqui.

E como emitir opinião para certas pessoas incomoda, repito Ricardo Noblat:

Jornalista é um incômodo. E é assim que deve ser. Se não for não é jornalista

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