Coluna do Barbosa

Carlos Alberto Barbosa é jornalista, natural de Natal (RN), formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1984. É ainda autor do blogdobarbosa e assina uma coluna no portal Nominuto.com​

A plumagem tucana também começa a cair na Lava Jato

14 de junho de 2016

Talvez seja as geadas, mas fato é que a plumagem tucana começa a cair na Lava Jato. Jato de água fria, diga-se de passagem. Dias atrás a imprensa noticiou que em sua delação premiada, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró apontou o pagamento de pelo menos R$ 564,1 milhões em propina em negócios da estatal e da BR Distribuidora, uma de suas subsidiárias. Cerveró também delatou nominalmente 11 políticos como beneficiários do esquema de corrupção.

Não só isso: Nestor Cerveró afirmou em sua denúncia que a transação que rendeu maior repasse de propina foi a compra pela Petrobras da petrolífera argentina Pérez Companc, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2002. De acordo com Cerveró, o negócio rendeu US$ 100 milhões a integrantes do governo FHC. Algo em torno de R$ 354 milhões, conforme o câmbio da sexta-feira, 3 de junho, dias antes de vir à tona a delação do ex-dirigente da estatal do petróleo.

Mês passado, a revista Época trouxe uma reportagem falando que “documentos revelam que doleiro abriu conta secreta da família de Aécio Neves no principado de Liechtenstein, o mais fechado de todos os paraísos fiscais do mundo”.

A revista Época obteve cópia – na íntegra e com exclusividade – dos papéis apreendidos e da investigação da Polícia Federal. Havia ali pastas com nomes de advogados, médicos, empresários, socialites, funcionários públicos, um ex-deputado e até um desembargador do Rio recém-aposentado.

Contudo, existia ali, especialmente, uma pasta-arquivo amarela, identificada pela PF nos autos de busca e apreensão pelo número 41. Nela, o doleiro Muller escrevera, a lápis, a identificação “Bogart e Taylor”. Era o nome escolhido por Inês Maria Neves Faria, mãe e sócia do senador Aécio Neves para batizar a fundação que, a partir de maio de 2001, administraria o dinheiro da conta secreta 0027.277 no LGT.

Tantos anos depois, veio a público a delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Nela, entre muitas outras denúncias, Delcídio cita a conta em Liechtenstein. Aos procuradores, o senador disse que fora informado “pelo ex-deputado federal José Janene, morto em 2010, que Aécio era beneficiário de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato; que essa fundação seria sediada em Liechtenstein”.

Agora é a vez do senador licenciado e chanceler do governo Michel Temer, o tucano José Serra aparecer na lista da Lava jato. Serra é citado pela OAS nas negociações com a Operação Lava Jato para firmar acordo de delação premiada. Ele faz parte de uma lista com quase uma centena de políticos que devem ser expostos aos detalhes pela empreiteira, com informações sobre repasses a campanhas eleitorais. O tucano ainda pode fazer parte também da delação da Odebrecht.

Semana passada vazou a informação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo, pedido de prisão para a cúpula do PMDB. O procurador argumentou que o presidente do Senado,Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney agiram para tentar obstruir as investigações. Janot também pediu a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por entender que mesmo fora do cargo ele continua tentando prejudicar as apurações. Os pedidos ainda estão sob análise de Zavascki.

Como se observa, só com muitas orações mesmo!

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