Coluna do Barbosa

Carlos Alberto Barbosa é jornalista, natural de Natal (RN), formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1984. É ainda autor do blogdobarbosa e assina uma coluna no portal Nominuto.com​

A súbita visita de Gilmar Mendes a Michel Temer

30 de maio de 2016

Sobre o que conversaram, realmente, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Gilmar Mendes, e o presidente interino Michel Temer (PMDB-SP) na noite de sábado (28) no Palácio Jaburu, sede do governo provisório? Segundo a nota da assessoria de imprensa do TSE, só divulgada no início da tarde do domingo (29), a conversa entre os dois foi para “tratar da necessidade de recomposição urgente do orçamento do TSE neste ano eleitoral”. O presidente do TSE reivindica a reposição de, pelo menos, R$ 150 milhões dos R$ 250 milhões cortados da verba da Justiça Eleitoral.

Não custa lembrar que Gilmar Mendes é também o relator do processo que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer. Se a cassação for concretizada pelo TSE, os dois caem e novas eleições terão de ser convocadas.

Não seria mais prudente tratar deste assunto ou “destes assuntos” no Palácio do Planalto ou no próprio TSE? A bem da verdade foi tentado na sexta-feira, mas Temer estava em São Paulo. Por que em um sábado à noite, na casa oficial do presidente interino que está sob à luz da justiça eleitoral juntamente com a presidenta afastada do cargo – Dilma Ruosseff -, cujo relator do processo é o ministro Gilmar Mendes? Esta é a pergunta que não quer calar.

Não custa lembrar que o ministro Gilmar Mendes foi designado para assumir, a partir desta terça-feira (31), a presidência da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, responsável pela análise da maioria dos recursos de políticos investigados na Operação Lava Jato. Bom que se diga também que ao menos sete ministros do governo Temer estão citados na Lava Jato. Certamente uma boa oportunidade para o ministro Gilmar Mendes comunicar oficialmente ao presidente interino, a sua nova missão a frente do Supremo.

Aliás, a Folha de S. Paulo em Editorial nesta segunda-feira (30) sob o título “Seguir a Cartilha”, sugere a Gilmar Mendes, até para afastar desconfianças em relação ao único Poder que ainda conta com algum prestígio popular, que os ministros deveriam observar com a máxima atenção a cartilha do Judiciário.

Não sem menos o Editorial é claro:

– Há pouco mais de duas semanas, o ministro Gilmar Mendes, tomou uma decisão atípica. Solicitou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reavaliasse  a necessidade de investigar Aécio Neves (PSDB-MG), supostamente envolvido num esquema de corrupção em Furnas.

E continua:

– Na semana passada, Gilmar Mendes repetiu a atitude incomum. Devolveu a Janot um novo pedido de abertura de inquérito sobre o tucano. Dessa vez o procurador-geral pretendia apura eventual participação do presidente do PSDB em alegada maquiagem de dados do Banco Rural, que teria o intuito de ocultar o chamado mensalão mineiro.

E completa:

– Ao criar obstáculos para o Ministério Público Federal, o ministro do STF não permite nem que se inicie uma tentativa de esclarecer episódios narrados pelo ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido) em delação premiada na Lava Jato

O Editorial arrebata:

– Ainda que não fosse pelo clima de exaltação na política, magistrados em geral deveriam evitar medidas que subvertam a prática forense. Especialmente em tempos de Lava Jato, comportamentos inusuais sempre darão ensejo à formulação de teorias conspiratórias.

Acesse o blogdobarbosa clicando no link http://www.blogdobarbosa.jor.br

Deixe seu comentário:

Postagens relacionadas:

© 2015 RioGrandedoNorte.Net - Todos os Direitos Reservados

O RioGrandeDoNorte.Net seleciona as notícias mais importantes da semana a partir das mais confiáveis fontes de informação setorial. Em algumas delas, agregamos o noticiário de um assunto em um só item, ressaltamos (negritando) ou até comentamos (grifando) a notícia original, caso pertinente.