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A morte de João Ubaldo ainda está doendo muito”. Foi com essas palavras que a advogada Margarida Seabra, a ‘Margarida Angélica’ de um conto do escritor baiano, abriu a 5ª edição do Festival Literário da Pipa (Flipipa), na noite desta quinta-feira (7) na Praia da Pipa, em Tibau do Sul. Ao lado do escritor e compositor Abel Silva, Seabra lembrou a convivência com João Ubaldo.
“João era a pessoa mais divertida do mundo. Era difícil não se apaixonar por ele. Sua alegria de viver contagiava a todos”, definiu a amiga de longa data. Para não se perder na emoção, a advogada leu um texto para homenagear João Ubaldo e Berenice, viúva do escritor falecido no dia 18 de julho passado.
Margarida Seabra e o marido Robério inspiraram personagens de um conto de João Ubaldo, “Do poder da arte e da palavra”, publicado em 1981. “João era uma pessoa extremamente observadora. Numa de suas viagens a Natal, ele nos brindou com esta homenagem a partir de fatos do nosso cotidiano, que só o escritor tem o talento de criar”, comentou a advogada.
Já Abel Silva, amigo de João Ubaldo da mesa do bar Arataca, no Leblon (RJ), falou que o escritor baiano era do grupo da ‘inteligência do bem’. “João era de uma linhagem de escritores ligados à tradição e ao conhecimento da fala do povo. Ele era um profundo conhecedor da alma e da literatura brasileira”, declarou o poeta.
Silva esteve com João Ubaldo quatro dias antes da morte do autor de “Sargento Getúlio” e “O sorriso do lagarto”, na partida final da Copa do Brasil entre Alemanha e Argentina. “Nós combinamos de assistir o jogo juntos com outros amigos, e naquela ocasião João disse que iria torcer pelos alemães por causa de um neto que nasceu na Alemanha. Disse a ele: – Taí, João. Agora, tenho um bom motivo para torcer pela Alemanha”, contou o compositor carioca.
Margarida Seabra, Vicente Serejo e Abel Silva relembraram a obra e a convivência com João Ubaldo Ribeiro. (Foto: Diógenes Dantas/Nominuto)
“A morte de João Ubaldo pegou todo mundo de surpresa. Ele estava muito feliz antes de morrer. Não reclamava de nada, estava bem”, relatou Abel Silva. Para o poeta, João é insubstituível como artistas e escritores do porte de Vinícius de Moraes e Millôr Fernandes. “Não dá para pegar alguém e colocar para fazer o que João fazia. Nesse aspecto, ele era bastante singular na sua obra literária.
O professor e jornalista Vicente Serejo, mediador da mesa sobre João Ubaldo, leu trechos da obra “Viva o povo brasileiro”, um dos grandes sucessos do escritor baiano.
João Ubaldo Ribeiro participou do Festival Literário da Pipa em 2010.
Leminski
A segunda mesa da noite de abertura do Flipipa tratou da poesia do compositor e ensaísta Paulo Leminski, falecido em 1989. O professor José Miguel Wisnik, parceiro musical de Lemisnki em canções como “Polonaise” e “Subir mais”, e o publicitário Mário Ivo Cavalcanti relembraram a obra do poeta curitibano.
Para Wisnik, Paulo Leminski soube encontrar um ponto de equilíbrio entre a poesia concreta, mais erudita e formal, e a poesia mais coloquial, lírica e até marginal. “Leminski era um poeta consciente do seu talento para escrever versos. Ele sabia transitar entre o erudito e o pop”, destacou o professor.
Paulo Leminski foi biógrafo e assinou diversas composições musicais gravadas por Caetano Veloso, Ney Mato Grosso e Itamar Assumpção. Pianista clássico, José Miguel Wisnik encerrou a noite do Flipipa relembrando algumas composições do poeta curitibano, como “Subir mais”, letra que Leminski encaminhou por telefone e que não chegou a ouvir antes de morrer:
“Subir
No raio de uma estrela
Subir até
Sumir
Subir até sumir
No brilho puro
Subir mais
Subir além
Além de toda a treva
De toda a dor
Além de toda a treva
De toda a dor
Deste mundo”
Paulo Leminski
Programação da sexta-feira
A segunda noite do Flipipa abre hoje (8) com a mesa “Literatura e resistência”, com Ricardo Chacal e Alexandre Alves.
Na sequência da tenda dos autores, “A Saga dos Lacerda: Do fim do império a Era Vargas”, com Rodrigo Lacerda, Ticiano Duarte e Diógenes Dantas, às 20h.
A vida do militante comunista Carlos Mariguella será assunto para Mário Magalhães, autor de obra sobre o líder guerrilheiro, e para o jornalista Cassiano Arruda Câmara, às 21h.
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