A cada 20 segundos, uma criança morre em decorrência do consumo de água contaminada no planeta Terra, onde pelo menos 2,5 bilhões de pessoas vivem sem acesso à água potável ou saneamento básico. Enquanto isso, o Rio Grande do Norte possui um verdadeiro tesouro subterrâneo, com 40% do seu território com água propício para consumo humano – inclusive, suficiente para abastecer com folga a região metropolitana de Natal pelos próximos 20 anos.
Porém, essa riqueza natural corre sérios riscos de acabar contaminada por nitrato, como já ocorreu com a maioria do lençol freático da área – e uma vez infectada, a contaminação é irreversível. Estes e outros dados alarmantes de um estudo contratado pela Agência Nacional de Águas (ANA) foram apresentados na manhã desta terça-feira (29), durante seminário no auditório da Emater, em Natal.
O estudo apontou a urgência do serviço de saneamento básico para salvaguardar as águas subterrâneas da região metropolitana de Natal que ainda não foram contaminadas. O vilão da contaminação é um só: falta de saneamento básico. Para se ter uma ideia, apenas 1% da cidade de Parnamirim é saneada. Em Natal, esse índice é um pouco maior – 30% – mas ainda insuficiente.
Para tornar sustentável o suprimento hídrico da região metropolitana de Natal, a ANA contratou a empresa Servmar Ambiental, especialista em consultoria e engenharia ambiental, para traçar um panorama das águas do subsolo da região metropolitana. Foram pesquisadas nove cidades: Natal, Ceará Mirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Parnamirim, Monte Alegre, São José do Mipibu e Nísia Floresta.
Durante 15 meses, uma equipe multidisciplinar de 25 profissionais da empresa desenvolveu pesquisas que delinearam um diagnóstico de 500 páginas das condições hidrogeológicas das águas subterrâneas da região metropolitana, gerando uma série de mapas, bancos de dados e cadastros georreferenciados, que foram apresentados no seminário.
O coordenador do contrato entre a Servmar e a ANA, João Carlos Simanke, afirma que a realidade é que a contaminação foi confirmada em grande parte de Natal e Parnamirim, assim como em comunidades pequenas onde é forte o uso de poços irregulares e clandestinos, que acabam por contaminar o lençol freático, além de apresentar risco de saúde aos que consomem a água deles retirada.
Ele reitera que caso os órgãos gestores não atuem para preservar as águas ainda intactas – com o efetivo saneamento básico – todas as águas subterrâneas ficarão comprometidas num futuro próximo. “Água de boa qualidade tem. Só falta vontade política e dinheiro para se efetivar as recomendações ambientais”, relata o coordenador.
O grande desafio, na ótica do diretor da Agência Nacional de Águas, o potiguar Paulo Lopes Varella, é a gestão integrada dos recursos hídricos, principalmente entre estado e municípios.
“A ANA tem a missão de implementar a gestão de recursos hídricos nos estados, e ajudar a gerir bem essa água, para tê-la com sustentabilidade no futuro. Esse estudo é a nossa contribuição para que o estado faça a sua parte para resolver áreas problemáticas, como a água com nitrato e a disponibilidade de água para o futuro. Senão, em breve vamos ter buscar água mais longe e mais cara”, enfatiza o diretor.
Os novos dados apresentados pelo estudo, na opinião do diretor da ANA, também irão facilitar tanto uma gestão mais qualificada quanto o melhor aproveitamento das águas de drenagem, provenientes das chuvas.
O uso da água subterrânea na região metropolitana de Natal será tema de seminário da Agência Nacional de Águas (ANA), nesta terça-feira (29), a partir das 8h30, no auditório da Emater, no Centro Administrativo. As águas subterrâneas, ou seja, aquelas que existem no subsolo, desempenham papel importante no suprimento hídrico do Estado, com grande influência no desenvolvimento regional.
O evento é voltado para técnicos do Governo do Estado e dos municípios que trabalham diretamente com a gestão de recursos hídricos, além dos usuários em geral. Foram considerados todos os aspectos e a integração dos resultados permitirá a condução de políticas e estratégias de manejo para preservação e o uso sustentável das águas subterrâneas. Na ocasião serão apresentados os resultados finais dos estudos da água subterrânea da Região Metropolitana.
O evento é da ANA com apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh). Durante o evento, o secretário estadual de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Gilberto Jales, falará sobre a gestão de recursos hídricos da região metropolitana de Natal.
Outros órgãos como a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento Básico de Natal (ARSBAN), Servimar Serviços Ambientais também terão apresentações. Já as prefeituras vão expor a expectativa dos municípios em relação a gestão do uso do solo e o abastecimento público perante os resultados dos estudos hidrogeológicos.
HISTÓRICO
Estudos hidrogeológicos são importantes para garantir o uso sustentável das águas subterrâneas. Os que se referem à Região Metropolitana de Natal, foram financiados pela ANA, que investiu R$ 1,8 milhão e está apresentando seus resultados neste evento, contemplando os municípios de Natal, Ceará-Mirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Parnamirim, Monte Alegre, São José do Mipibu e Nísia Floresta.
Convênio da Semarh com o Banco Mundial, pelo Programa Semárido Potiguar (PSP) financia outros dois estudos. O que contempla os municípios de Arez, Senador Georgino Avelino, Goianinha, Canguaretama, Vila Flor, Tibau do Sul e Baía Formosa. E o outro estaudo que contempla os municípios de Maxaranguape, Rio do Fogo, Pureza, Touros e São Miguel do Gostoso. Estes dois estudos representaram um investimento de R$ 2,2 milhões.
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