A arte da anatomia

8 de maio de 2012

NÃO É DE hoje que a arte é usada a favor do conhecimento. Para os estudantes da área de saúde do Centro Universitário do Rio Grande do Norte (UNI-RN), essa ferramenta milenar ganhou um espaço de destaque. Desde 2007, pinturas feitas em corpos vivos funcionam como um ‘Raio-x’ de tinta, levando aos estudantes a visão exata de como seriam aqueles corpos por dentro. Agora, o professor responsável pela iniciativa, André Luís Silva Davim, dá mais um passo. As pinturas ilustrarão um Atlas, que será lançado amanhã, na Siciliano do Midway Mall, às 19 h.

Mas se o Raio-x convencional só mostra a parte óssea, as pinturas corporais oferecem ao estudante a oportunidade de conhecer qualquer parte interna do corpo, dependendo apenas da determinação do professor. As pinturas são feitas por ex-alunos, já formados, que atualmente assessoram as aulas de Davim.

Modelo com pintura ressaltando os músculos superiores. Foto: Pablo Pinheiro

A ideia de utilizar a anatomia artística, como a técnica é chamada, segundo o professor, surgiu a partir da carência de cadáveres para estudo. E mesmo este artifício não substituindo o manuseio de peças naturais, serve como um complemento ao trabalho. “Para a anatomia, nenhum material vai ser suficiente. Quanto mais recurso a gente tiver, melhor”, ressaltou, apontando que a UNI-RN tem conseguido manter uma quantidade suficiente de corpos. Atualmente há quatro para serem dissecados, além de todo o acervo de órgãos e parte humanas já existentes.

Esse trabalho com a anatomia artística está ganhando espaço também fora das paredes do Centro Universitário. A técnica já foi apresentada em congressos de outros Estados,  por exemplo. O último foi em São Paulo, num evento que tratava da educação em anatomia. Além disso, já rendeu exposição até fora do País e um artigo, já elaborado, para uma revista científica internacional. O diferencial, segundo o professor, está na maneira criteriosa como o trabalho está sendo feito.

“Quando você vê um corpo deste pintado está vendo exatamente como ele seria se fosse dissecado. Você veria os músculos com essas mesmas dimensões. É a complementação do que a gente não consegue fazer com um cadáver”, afirmou Davim. O professor destacou, no entanto, que “nada, nada, absolutamente nada substitui a importância do cadáver. Hoje não existe um cirurgião que vá ser um excelente cirurgião se ele for estudar apenas na Anatomia Artística ou num boneco. Ele tem que estudar no cadáver, tem que fazer a incisão no cadáver”, completou.

André Luís Silva Davim, professor responsável pela iniciativa (foto: NJ)

Por outro lado, a anatomia artística é importante porque oferece ao estudante a oportunidade de ver aquele músculo, que no cadáver está estático, em movimento. É possível, através da técnica, mostrar ao aluno a função que aquele órgão desempenha. A UNI-RN montou, inclusive, uma academia escola, que tem servido de palco também para as aulas da disciplina.

“O aluno estuda no cadáver, depois olha na superfície para pegar e sentir o músculo e, por último, tem a demonstração com um corpo destes pintando. Eu duvido que o aluno não saia depois de uma sequência dessas com embasamento suficiente para saber o que estará fazendo no futuro”, afirmou Davim.

As pinturas são feitas em alguns estudantes ou nos monitores da disciplina. Hoje, o professor conta com oito monitores ao todo. E o uso da anatomia artística, explicou André Davim, virou rotina no centro universitário, tendo uso maior em disciplinas que necessitam mais do conhecimento anatômico do corpo humano.

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