Coluna do Barbosa

Carlos Alberto Barbosa é jornalista, natural de Natal (RN), formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1984. É ainda autor do blogdobarbosa e assina uma coluna no portal Nominuto.com​

`Carnaval multicultural´ com segregação social, prefeito?

25 de fevereiro de 2017

A prefeitura de Natal anuncia um “carnaval multicultural” com atrações nacionais mas, no entanto, destoa promovendo uma segregação social num dos pólos do Reinado de Momo. Falo do pólo Petrópolis. Aliás, em artigo anterior já havia chamado a atenção pra isso que já vinha ocorrendo nas prévias carnavalescas na capital dos Reis Magos.

Nesta sexta-feira (24) qual a minha surpresa diante do que tinha me garantido em conversa o secretário municipal de Cultura, Dácio Galvão. O auxiliar do prefeito Carlos Eduardo Alves me disse na quinta-feira (23), num bate-papo informal enquanto aguardava ser entrevistado na 96FM, que o alcaide natalense não iria permitir que se fizesse da via pública espaço privado para serem ocupados por foliões de blocos, como eu já havia denunciado. Chegou, inclusive, a me dizer que um dos organizadores do “Grandes Carnavais” havia pedido ao prefeito para que os foliões de blocos ocupassem um espaço privê junto ao palco montado na praça Cívica, o que Carlos Eduardo lhe teria negado.

Infelizmente não foi isso o que constatei. Os blocos que formam o chamado “Grandes Carnavais” ocuparam uma espécie de curral ao lado do palco onde se apresentou a banda Bangalafumenga. Além do espaço privê os organizadores do “Grandes Carnavais” ainda cobram R$ 50,00 para ter direito a uma pulseira de acesso. Outra: o espaço, privilegiado para os “foliões vips” que ocupam um espaço público, têm ainda mesas à disposição de um quiosque de lanches (Passaporte). O folião que não é “vip” e que fica de fora do curral tem acesso ao quiosque pela lateral num espaço reduzido e tem que comer em pé, se quiser degustar alguma coisa.

Detalhe: o Procon Natal, Sr prefeito, determinou que “áreas vips” ou cordões de isolamento estão proibidos no carnaval de Natal.

De acordo com reportagem do G1 RN, publicado no último dia 22, organizadores de blocos de rua em Natal estão proibidos de fazer áreas vip ou diferenciadas por cordas nos festejos em espaços públicos da cidade. A medida foi publicada pelo Procon Natal e, em caso de descumprimento, a organização pode ser punida.

O isolamento só poderá ser feito para proteger crianças, idosos, portadores de necessidades especiais e grávidas, além de pessoas diretamente ligadas à organização e dos músicos que estiverem tocando nos blocos.

O decreto não proíbe a venda de camisetas dos blocos – muitas vezes usada como forma de arrecadar fundos para a festa.

Caso haja indícios de demarcação de áreas vips, poderá eventualmente ser caracterizado como infração, passível de autuação por parte do Procon Natal, nos termos da legislação específica. (clique aqui para ver a reportagem no G1).

O prefeito descumpre determinação de um órgão que pertence a prefeitura. Curioso isso, não?

E mais: se existe alguma parceria entre a prefeitura e blocos para trazer atrações nacionais para o carnaval em Natal, isso não dá o direito para se privatizar locais públicos como ruas e praças para serem transformadas em camarotes, até porque o principal parceiro da prefeitura não são empresas e sim os contribuintes que pagam seus impostos, aliás, muito alto, caso do IPTU, Sr prefeito. Se o alcaide permitiu isso que reveja sua posição para este domingo (26), quando a banda Monobloco se apresenta no pólo Petropólis, e os blocos que formam os “Grandes Carnavais” estarão presentes conforme programação oficial.

Uma pergunta: por que é que nos outros pólos não existem “áreas vips, caso de Ponta Negra, por exemplo? Será que a segregação social só ocorre em Petrópolis? Moro no Tirol, pago meus impostos e, portanto, sou parceiro da prefeitura no carnaval quando com o dinheiro do meu imposto a prefeitura contrata as grandes atrações, Sr prefeito.

Outra pergunta: a prefeitura do Natal durante o período natalino também traz atrações nacionais, pago com o dinheiro do contribuinte. E neste período não há segregação social. Será devido ao espírito natalino? Acorda Sr prefeito!

Alô Procon de Natal, a determinação não está sendo cumprida.

Alô Ministério Público, onde está o direito de ir e vir do cidadão, quando uma parte de uma praça é ocupada sem que se possa ter acesso a um local, digamos, privilegiado, para ver um show pago com os impostos arrecadados pela prefeitura.

Carnaval Multicultural com segregação social não é carnaval. É discriminação e isso só se ver em Natal, cidade dos Reis Magos.

Pense prefeito Carlos Eduardo. Reveja sua posição de permitir áreas vips para “foliões vips”. Quem quer área privê deve procurar um clube para brincar carnaval e não usar indevidamente um espaço público. Os organizadores dos “Grandes Carnavais” se quiserem ganhar dinheiro também não devem usar um espaço público onde a pessoa para ter acesso tem que desembolsar R$ 50,00.

A conferir!

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