Cooperativa suspende atendimento e saúde pública no RN vive novo caos

6 de dezembro de 2012

Notícia publicada no portal G1 RN:

A um mês do fim da validade do decreto que oficializou o estado de calamidade pública na Saúde do Rio Grande do Norte, quase nada mudou no maior pronto-socorro de urgência e emergência estadual. O Complexo Hospitalar Walfredo Gurgel / Clóvis Sarinho, em Natal, continua com corredores lotados.

O decreto foi assinado pela governadora Rosalba Ciarlini. Na manhã desta quarta-feira (5), 138 pacientes estavam espalhados pelos corredores, alas e até mesmo nas salas de cirurgia da unidade hospitalar, à espera de um leito de clínica médica, unidade de terapia intensiva ou cirurgia ortopédica de alta e média complexidade.

Clóvis Sarinho acumulava, na manhã desta quarta, 138 pacientes nos corredores. (Foto: Ricardo Araújo/G1)

A suspensão dos procedimentos cirúrgicos ortopédicos eletivos – com data marcada – no Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim, e a paralisação dos seviços dos anestesistas contratados através da Cooperativa dos Anestesiologistas (Coopanest RN) contribuíam para a superlotação do hospital. “A greve dos médicos estatutários, a paralisação das cirurgias no Deoclécio Marques e a suspensão dos serviços dos anestesistas atinge 100% o Walfredo Gurgel”, asseverou a diretora-geral da unidade, Fátima Pinheiro. Em menos de 12 horas, segundo exemplificou, três médicos ortopedistas de plantão no Pronto-Socorro Clóvis Sarinho realizaram 10 cirurgias.

“Uma demonstração do acúmulo de procedimentos aqui no hospital. Os atendimentos estão sendo feitos dentro da capacidade dos médicos. Mas vai ter uma hora que vai parar tudo. Todo paciente de ortopedia que não tem fratura exposta, tem que esperar”, lamentou a diretora. Pelos corredores da unidade, imagens que lembram cenários de catástrofes, com pacientes de todas as idades envoltos em ataduras e placas de gesso, dividindo um espaço minúsculo, sem ar condicionado em algumas alas, inebriados por um desagradável odor e sob o risco constante de contração de infecção hospitalar.

Com o perfil que deveria ser exclusivo para atendimentos de urgência e emergência, o Pronto-Socorro Clóvis Sarinho abriga pacientes que aguardam transferências para outros hospitais, seja da rede pública, ou particulares conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A maioria deles são vítimas de acidente de trânsito que aguardam a realização de cirurgias ortopédicas, cuja regulação dos leitos é responsabilidade da Secretaria de Saúde de Natal através de pactuação entre os municípios. Diante da falta de pagamento dos médicos terceirizados contratados – nestes incluem-se os anestesistas – os serviços páram. A titular da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Joilca Bezerra, não foi localizada pelo G1 para comentar o assunto.

A já combalida Saúde estadual sucumbe diante de um imbróglio que envolve a Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (Coopmed RN) e a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap RN). A direção da Cooperativa reclama o pagamento dos serviços atrasados, da ordem de R$ 1,118 milhão. A Sesap, por sua vez, destaca que o débito não passa de R$ 656 mil, em decorrência das glosas realizadas após auditoria nas planilhas encaminhadas pela entidade. As glosas consistem nos serviços que não foram comprovados pela Coopmed.

“O pagamento do mês de agosto foi efetuado. Além disso, foi feito o repasse de R$ 2,6 milhões para a Prefeitura de Natal efetuar o pagamento da Cooperativa, em decorrência da pactuação dos serviços. Eles (a Coopmed) já querem que a gente pague o mês de novembro e não é assim, temos que seguir procedimentos burocráticos”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Isaú Gerino. Ele destacou, ainda, que existem três contratos do Governo com a Coopmed, que contempla o Samu Metropolitano, os serviços de ortopedia do Deoclécio Marques e do Centro de Recuperação Pós-Operatório do Walfredo Gurgel.

O pagamento do Samu, segundo o secretário, está regularizado. Mesmo assim, os médicos cooperados pararam semana passada e prometeram retomar a escala integral nesta quarta-feira. “Os atrasos de agosto são relacionado a processos pagos através de indenizações que tramitam de uma forma mais lenta”, enfatizou Isaú Gerino.

O coordenador financeiro da Coopmed, Julimar Nogueira, confirmou o recebimento de R$ 256 mil pagos pelo Governo do Estado. “O valor é do Samu. Mas ainda há o do CRO do Walfredo Gurgel e dos ortopedistas que atendem no Deoclécio Marques”, relembrou. Na noite desta quarta-feira, está marcada uma assembleia geral com os médicos cooperados para discutir a possibilidade do retorno às atividades nos hospitais estaduais. Já a presidência da Coopanest negou qualquer paralisação nos procedimentos realizados pelos anestesistas cooperados nos hospitais Natal Center e Promater.

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Hospital de Parnamirim, na Grande Natal, tem cirurgias suspensas

Notícia publicada no portal G1 RN:

A população potiguar que depende dos serviços de ortopedia realizados no Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, na Grande Natal, foi pega de surpresa ao longo desta quarta-feira (5) com a suspensão das cirurgias eletivas realizadas pelos médicos ortopedistas que compõem a Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (Coopmed RN). Os profissionais cobram, além dos pagamentos atrasados, melhores condições de trabalho ao Governo do Estado.

“Nós queremos o abastecimento regular da unidade, com a compra de insumos e materiais médicos, uma nova sala de cirurgia ortopédica, uma sala para curativos e pós-operatório, além de um técnico em gesso para atender a crescente demanda”, afirmou o coordenador financeiro da Coopmed, Julimar Nogueira. Ele disse que, por dia, entre cinco e oito cirurgias ortopédicas eletivas são realizadas na unidade hospitalar. Em um mês, os procedimentos cirúrgicos chegam a até 250.

A aposentada Maria Gomes Santana, de 66 anos, foi uma das pacientes que se encaminhou ao Hospital Regional Deoclécio Marques na manhã desta quarta e não foi atendida. “Eu vim para a revisão. Quebrei o braço numa queda e foi bem atendida na urgência. Mas hoje, não tem médico”, lamentou. Desolado, também ficou o pai de Rafael Bezerra, de cinco anos. Franciso Bezerra e o filho vieram de São Paulo do Potengi, cidade distante 71 quilômetros de Natal. “No hospital de São Paulo não tem ortopedista. O jeito foi vir para cá e quando chegamos não tem médico. É muito complicada a situação”, disse Francisco Bezerra.

De acordo com o coordenador de Setor de Ortopedia do Deoclécio Marques, Jean Valber, a unidade está abastecida e as solicitações da Coopmed, em partes foram atendidas. “Nós dispomos de uma nova sala de cirurgia, as deficiências de material estão sendo sanadas e a farmácia está com estoque reposto”, asseverou o coordenador. Com a suspensão dos atendimentos, 29 pacientes aguaradavam a retomada dos serviços internados na unidade hospitalar.

O agricultor José Bezerra de Oliveira era um deles. O problema dele, porém, se arrasta há quatro meses. José sofreu um acidente de moto em agosto e, desde então, já passou pelo Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, Hospital Memorial até ser transferido para o Deoclécio Marques. “Ainda faltam três cirurgias. Só aqui eu já tô há 35 dias e nada de cirurgia. Não aguento mais esperar”, afirmou. Toda a demanda reprimida pela suspensão dos serviços da Coopmed é  encaminhada ao Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, em Natal. Nesta quarta-feira, somente no Setor de Ortopedia desta unidade, 44 pacientes aguardavam cirurgia.

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