/ ARTESANATO / EM NATAL, CINCO SHOPPINGS DE PRODUTOS MANUFATURADOS POSSUEM 719 LOJAS E GERAM EM TORNO DE 3.500 EMPREGOS DIRETOS. JUNTOS, MOVIMENTAM UMA ECONOMIA PRÓPRIA QUE GIRA NA CASA DOS MILHÕES DE REAIS, EM VENDAS E CUSTOS
PRAIA, DUNAS E sol o ano inteiro. É sobre este tripé que Natal se transformou em uma das principais cidades turísticas do Nordeste. Mas se fosse o caso de se acrescentar mais uma perna a esta estrutura, seria certamente a do artesanato. A capital potiguar sustenta hoje grandes centros de comércio voltados prioritariamente para a venda destes produtos, um atrativo a mais para o visitante que não dispensa encher as sacolas em suas viagens.
O NOVO JORNAL visitou cinco destes lugares e constatou a força econômica que a comercialização de artesanato possui na cidade. A reportagem listou cerca de 719 lojas em funcionamento, sendo mais de 90% delas só de produtos artesanais. Foram visitados o Centro de Artesanato da Praia dos Artistas e o Shopping Mãos de Artes, ambos na Praia dos Artistas; o Vilarte e o Shopping do Artesanato Potiguar, em Ponta Negra; e o mais tradicional destes centros, o Centro de Turismo de Natal, na Cidade Alta.
O que pôde-se observar é que esta atividade não está estagnada. A cada ano, novos comerciantes surgem e os pontos de venda destes produtos também estão em expansão. Um exemplo é o Centro de Artesanato da Praia do Meio, que conta hoje com 107 lojas. A estrutura passou por uma reforma recente que custou mais de R$ 1,5 milhão, um investimento alto completamente financiado pelo Banco do Brasil. O valor da reforma é rateado entre os comerciantes, em forma de condomínio.
E no final do ano passado foi inaugurado em Natal o maior shopping de artesanato do Nordeste, o Mãos de Arte. Para a construção do espaço de 7 mil metros de área construída foram gastos mais de R$ 14 milhões. O espaço com 329 lojas, das quais 60% já estão funcionando, praça de alimentação, espaço para eventos e ambiente todo climatizado foi inaugurado no dia 14 de outubro de 2011 e lançado em cerimônia oficial em 8 de dezembro do mesmo ano. Em menos de 15 dias, todas as lojas já haviam sido vendidas.
E este nicho alimenta uma cadeia muito grande de beneficiados, que vão desde os funcionários destas lojas até os guias turísticos que levam os turistas aos shoppings e recebem uma comissão por esta parceria. Ainda há os artesãos que confeccionam as peças e os representantes comerciais, até de outros estados, que levam o produto diretamente ao vendendor.
Só no Centro de Turismo de Natal, onde há 40 lojas, o presidente da Associação responsável pela administração do local, a Asectur, Francisco Barbosa de Albuquerque, acredita que o número de pessoas beneficiadas seja superior a 1000. Só de em- pregos diretos ele contabiliza entre 150 e 200.
Usando esta mesma proporção para todos os centro visitados, se chega a um número total de 3500 empregos diretos gerados e cerca de 17500 beneficiados. Não há como se chegar a um número preciso nesta conta porque nenhum dos outros shoppings visitados possuía uma estimativa, se quer aproximada, do número de empregos gerados.
E proporcionais à magnitude destas estruturas são as despesas. Para se ter a ideia do tamanho desta atividade, em quatro dos cinco shoppings, a soma dos gastos fixos beira os R$ 200 mil por mês.
Na maior parte destes shoppings, as despesas são rateadas entre os lojistas por meio do pagamento da taxa de condomínio. No shopping do artesanato potiguar, em Ponta Negra, e no Centro de Artesanato da Praia do Meio, o comerciante interessado em abrir uma loja deve comprar o direito de uso, ou alugar o espaço a quem tem este direito. No caso do shopping da zona sul de Natal, levando em consideração o tamanho e a localização do espaço, o direito de uso pode variar de R$10mil a R$80mil.
O Shopping Mãos de Arte possui uma particularidade. É o único em que o comprador passa a ter a posse registrada em car- tório, como se tivesse adquirido um apartamento, por exemplo. É que no novo shopping da Praia do Meio, toda a responsabilidade pelo empreendimento foi da construtora cearense Harmony Empreendimentos, que comprou a ideia do atual administrador do local, Roberto Lopes. No Vilarte, todos os espaços são alugados e há atualmente uma fila de espera com cerca de 15 interessados.
[box type=”info” font=”georgia” fontsize=”12″ head=”Os números do artesanato em Natal”]
CINCO grandes shoppings de artesanato funcionam em Natal
719 lojas compõem essa estrutura
90% desses espaços comercializa exclusivamente artesanato
3.500 é a estimativa de empregos diretos gerados por estes shoppings
R$ 200 mil por mês são os gastos com manutenção de quatro desses shoppings*
R$ 10 a 80 mil é quanto custa o direito de começar a usar uma dessas lojas
R$ 300,00 é o mínimo que se paga mensalmente para usar uma dessas salas
* Um dos locais informados não soube informar os valores com manutenção.
Fonte: Gerências dos shoppings[/box]
TURISTAS APROVAM PREÇOS
Nos cinco shoppings visitados pelo jornal, o mix de produtos é praticamente o mesmo. E as peças de artesanato também não são tão diferentes assim uma das outras. Talvez essa similaridade aliada ao grande número de vendedores justifique os preços dos produtos, que estão agradando cada vez mais os turistas.
O casal carioca Fátima Mendes e Glauco Fontes, foram ao Shopping do Artesanato Potiguar na tarde da útima quinta-feira, 24 de fevereiro, e gostaram do que encontraram. “Os preços estão bons, bem na média. E há uma variedade muito boa também”, ressaltou Fátima.
Já no Centro do Artesanato Potiguar quem estava de Sacola cheia era a também do Rio de Janeiro Renata Fernandes, que já havia gastando cerca de R$ 150. Acompanhada de uma potiguar, Renata, que visitou Natal pela primeira vez, comprou blusas, toalhas e bolsas.
Já o casal Silva, Andreia e Walterley também gostaram dos preços mas ressaltaram que no Ceará são um pouco melhores. “O que encontramos aqui é praticamente igual ao que encontramos lá, mas os preços em Fortaleza são melhores”, ressaltou Andreia, que esperava gastar somente R$ 100. “É que nós já saímos e compramos outros dias. Por isso não podemos gastar mais”, completou Walterley.
A semelhança entre os produtos encontrados em Natal e os produtos da capital cearense, suposta por Andreia da Silva, é facilmente justificada. É que muitos dos artigos que abastecem o mercado são de uma mesma rede, formada por representantes comerciais da Bahia, do Ceará e do Pernambuco.
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