Notícia publicada no caderno de Cidade do Jornal de Hoje:

A Maternidade Escola Januário Cicco, que já é reconhecida como um dos principais centros de referência nos cuidados com a saúde integral da mulher e do recém-nascido, além de ser especializado em gestação de alto risco, agora traz mais um benefício para as pacientes: a criação do Laboratório de Reprodução Assistida. O novo serviço será inaugurado na próxima sexta-feira (1º) e transformará a UFRN, através da Maternidade, como o primeiro hospital público federal de reprodução assistida do Norte e Nordeste, com atendimento exclusivo a pacientes oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS). Por mês, serão 40 casais atendidos pelo laboratório.

Foto: wikipedia

No Brasil, o número de casais que procuram clínicas especializadas em Reprodução Assistida vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 10 a 15% das pessoas do mundo são consideradas inférteis. O uso das técnicas de reprodução assistida no Rio Grande do Norte até então não tinha cobertura pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nem pelos planos de saúde. Desta forma, muitas vezes as mulheres que necessitam da técnica precisam pagar por elas, que têm um custo bastante elevado. Mas, a partir de agora, essa realidade vai mudar no Rio Grande do Norte, pois o Laboratório de Reprodução Assistida é voltado exclusivamente a pacientes do SUS, inclusive na distribuição dos medicamentos utilizados no tratamento, que são de alto custo.

Reprodução Assistida é um conjunto de técnicas, utilizadas por médicos especializados, que tem como principal objetivo tentar viabilizar a gestação em mulheres com dificuldades de engravidar. Muitas vezes essas dificuldades, até mesmo a infertilidade do casal ou um de seus membros, podem trazer sérios prejuízos ao relacionamento conjugal.

Antes da inauguração do laboratório, o diretor da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Kleber Morais, mostrou, na manhã desta quarta-feira (27), com exclusividade a reportagem de O Jornal de Hoje, as dependências do novo setor da MEJC, que já está pronto para atendimento à população. Serão três consultórios médicos, que poderão realizar atendimentos simultâneos. O laboratório possui os equipamentos mais modernos em técnicas de reprodução assistida, incluindo o ICSI (Injeção intracitoplasmática de espermatozoide), técnica avançada que revolucionou a área de reprodução assistida possibilitando que muitos homens, antes considerados incapazes de gerar seus próprios filhos, possam agora se tornar pais. Referência em tratamentos na área, o serviço já está equipado com tecnologia de última geração e atende mulheres de todo o Estado. Após a inauguração, o laboratório será cadastrado no Ministério da Saúde, que fará o financiamento do tratamento.

“O tratamento clínico e cirúrgico já era realizado, agora avançamos e vamos disponibilizar a população mais carente com o que há de mais moderno nas técnicas de reprodução assistida. O tratamento será feito não apenas com a mulher ou com o homem, mas sim com o casal. Vamos oferecer agora o serviço completo desde a concepção até a contracepção. Será um grande diferencial”, explicou o diretor da MEJC, Kleber Morais. O laboratório contará com uma equipe formada por médicos, enfermeiros, biólogos, embriologistas, psicólogos e assistente social.

Vários fatores podem contribuir para a infertilidade, como a mulher não ovular, o homem ter uma quantidade insuficiente de espermatozóide ou não possuir, a mulher possuir trompa obstruída, infecções, endometriose, entre outros fatores que são diagnosticados diariamente pelo ambulatório de infertilidade, que já funciona nas dependências da Maternidade. “Antes fazíamos todo o acompanhamento e quando chegávamos aos casos em que havia a necessidade de uma técnica de reprodução assistida, nós parávamos. Mas agora vamos até o final. Hoje o tratamento será feito todo na Maternidade”, comemora o diretor da maternidade.
Kleber Morais conta que em mulheres com idade fértil, de 25 a 35 anos, a probabilidade de ovulação chega até a 40%. No entanto, acima dos 45 anos, esse percentual cai consideravelmente para 5 a 10%. O diretor conta que o principal critério para escolha dos casais será que o paciente tem que ser exclusivamente do SUS. Em seguida serão levados em consideração critérios de viabilidade do tratamento.

O diretor da Maternidade destacou ainda que o Laboratório de Reprodução Assistida  também servirá como campo de assistência, pesquisa e ensino para estudantes de pós-graduação, residência médica, mestrado e doutorado nos cursos correlatos à área médica. “Desta forma cumpriremos o papel de escola da Maternidade e contribuiremos com a formação de futuros profissionais especialistas na área de reprodução assistida, que é uma área em franco crescimento”, ressaltou Kleber Morais.

A inauguração do laboratório será na próxima sexta, mas o funcionamento para a população começará a partir do dia 11 de março. Os pacientes serão referenciados pelo ambulatório de infertilidade da Maternidade Escola Januário Cicco. A reforma do prédio onde funcionará o laboratório e os equipamentos custou R$ 1,2 milhão, com recursos do Ministério da Educação, do Ministério da Saúde e recursos próprios da Maternidade.

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