Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Governadora do RN esclarece panorama da saúde no estado

21 de setembro de 2012

Deu no caderno de Política do Novo Jornal:

A CRISE NA saúde pública estadual que tem como maior vitrine os corredores do Hospital Walfredo Gurgel abarrotados de pacientes em macas também atinge a governadora do Estado. “Eu estou angustiada, eu sofro com tudo isso”, desabafou Rosalba Ciarlini, ontem, dois meses e quinze dias depois de decretado calamidade pública na saúde.

Foto: Magnus Nascimento

Nesta entrevista ao NOVO JORNAL, Rosalba Ciarlini falou do hospital Walfredo Gurgel, epicentro da crise detonada na saúde, das relações com a Prefeitura de Natal, do confronto entre o Estado e os médicos em greve há mais de 120 dias, da falta de colaboração e das expectativas que, apesar de tudo, são animadoras na sua avaliação. Ela não vai recuar na implantação do ponto eletrônico. Pelo menos 90% das unidades de saúde estadual já estão com o dispositivo dentro do projeto de identificação de quantos são e quem são os servidores da saúde.

Tecnicamente denominado Plano de Enfrentamento para os  Serviços de Urgência e Emergência do Rio Grande do Norte, o estado de calamidade foi decretado dia 5 de julho e tem prazo de validade de seis meses. Isso quer dizer que até dia 5 de janeiro de 2013, 180 dias no total, o Governo do Estado tem a obrigação de tirar a saúde do caos.

Crucificada como a culpada pela crise, a governadora, que é médica pediatra e por muitos anos clinicou na rede pública em Mossoró e região Oeste, se defendeu. Partiu para o ataque e tratou o assunto de forma contundente. Rechaçou os trâmites burocráticos na rede pública que impede agilidade nas ações. Comparou: se falta gase na rede privada, por exemplo, o dono autoriza a compra e resolve o problema. “A gente (setor público) passa por um processo de planejar mais”. disse.

Na atual situação, explicou a governadora, é necessário desafogar o sistema de atendimento, tirar as macas dos corredores e ter uma retaguarda. “É isso que eu estou tentando neste estado de calamidade desde o início”, pontuou e fez enumerações. Por exemplo, nesse prazo o Governo terá de conseguir 100 novos leitos de retaguarda clínica com repasse de verbas do Ministério da Saúde. “Estamos trabalhando”. Na próxima semana o Hospital da Polícia vai disponibilizar 30 novos leitos.

As negociações para a cessão de 60 leitos do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), que tem no seu prédio 100 novos leitos de qualidade vazios, até ontem ainda não haviam sido definidas. A direção do HUOL alega que um acórdão na Justiça impede a disponibilização dos leitos. O problema, diagnosticou governadora, é que enquanto isso pacientes estão morrendo no chão por falta de atendimento. “Isso precisa ser dito, precisa ser mostrado”. O Governo do Estado está oferecendo R$ 300 por dia por cada leito, enquanto o SUS paga um terço disso.

A Universidade também é SUS e o sistema é porta aberta para atender a todos, frisou Rosalba. Para ela, não é justo que i quem 100 leitos parados. O Estado quer somente 60 desses porque sabe que a UFRN tem seus programas para cumprir, enfatizou. Se for necessário, a Secretaria de Saúde do RN paga os plantões das equipes. “Arranja-se uma forma, mas nós temos que ter uma solução”, disse, adiantando que vai disponibilizar pessoas do quadro estadual.

Dos 100 leitos propostos na calamidade, 29 já estão funcionando no hospital Rui Pereira. Em 60 dias com a reforma do João Machado serão mais 50 leitos na ala clínica. “Estamos dentro do plano de metas, cumprindo todas as etapas e prazos”, sublinhou. O hospital Infantil Maria Alice já iniciou as obras e os equipamentos estão sendo licitados. E vai convocar pessoal para o atendimento em 60 dias.

E o Hospital Santa Catarina concluiu a primeira etapa das obras, convocou pediatras concursados para a UTI neonatal, mas só compareceram três ou quatro, o que é insuficientes. Já foram iniciadas as obras da segunda reforma de ampliação de UTI e melhorias de atendimento na entrada da urgência.

A UPA de Parnamirim em 30 dias deverá ser concluída e equipada com termo de compromisso para o Município administrar já assinado. E a UPA de São Gonçalo já está na fase de projeto executivo para iniciar, enquanto a reforma do Walfredo está terminando. A demora, segundo a governadora, é devido ao surgimento de demandas fora da previsão inicial. No caso do hospital Tarcísio Maia, em Mossoró, as obras estão em processo de licitação.

“EU ESTOU PEDINDO É COLABORAÇÃO”

Sem querer polemizar, a governadora disse que tem colegas responsáveis, mas outros não colaboram. Também não ficou satisfeita com a declaração do presidente do Sindicato dos Médicos, Geraldo Ferreira, de que a greve de mais de 120 dias é moral.

O caso de que alguns médicos impediram a transferência de 20 pacientes dos corredores do Walfredo Gurgel para outras unidades de saúde é inadmissível, diz.  “De segunda para terça, conseguimos vinte vagas para clínica médicas no Hospital da Polícia, no Hospital da Marinha, de São José de Mipibu, Canguaretama com médicos de plantão e insumos necessários”, disse.

“Eu estou pedindo é colaboração. Alguns colaboram. Eu estou tentando dar soluções, os funcionários têm que entender que o momento é de calamidade. Se fosse tudo normal, não tinha porque convocar a calamidade em Natal em urgência e emergência”, desabafou a chefe do Executivo estadual.

Para comprar medicamentos e insumos, o Governo disponibilizou R$ 10 milhões da Secretaria de Saúde e mais R$ 5 milhões extra-orçamentário (do Tesouro estadual). O problema é que no período houve greves dos caminhoneiros, da Anvisa e  da Receita Federal. Muitos medicamentos chegaram, mas alguns insumos importados estão em falta até em São Paulo.

SISTEMA

Para os seus detratores, a governadora responde com dados. O Índice de Desenvolvimento do SUS 2012 destacou que o Rio Grande do Norte é o 13º Estado da Federação e 2º do Nordeste em qualidade no atendimento no Sistema. E complementa que o Estado cumpre com todas as ações de vacinação, contra epidemias.

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