Coluna do Barbosa

Carlos Alberto Barbosa é jornalista, natural de Natal (RN), formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1984. É ainda autor do blogdobarbosa e assina uma coluna no portal Nominuto.com​

Infeliz a declaração do ministro da Saúde sobre a microcefalia

19 de novembro de 2015

Ao declarar que “sexo é para amadores, gravidez para profissionais”, quando questionado sobre os cuidados que devem ser adotados para gravidez em razão do aumento de casos de microcefalia no país, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, foi de uma infelicidade total. Faltou no mínimo sensibilidade ao ministro.

Tudo bem que Marcelo Castro tenha ressaltado na sua fala que há “a necessidade de o casal discutir com o médico a conveniência de uma gestação no momento em que se investiga a possibilidade de o zika vírus provocar no feto a malformação” – essa possibilidade foi reforçada na terça-feira, com a divulgação de um teste feito no líquido amniótico de dois fetos, na Paraíba -, e que  se a decisão for engravidar, disse, o ideal é que todos os cuidados sejam adotados, tanto antes quanto durante o período da gestação.

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Mas daí dizer que “sexo é pra amadores, gravidez para profissionais”, há uma distância muito grande.

Na verdade os casos de microcefalia surgidos, sobretudo no Nordeste, nos últimos três meses, é muito preocupante. Para se ter uma ideia da situação, especificamente no Rio Grande do Norte, estado com o segundo maior registro de casos – 47 de acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde perdendo apenas para Pernambuco -,  foi observado um aumento considerável de notificações de microcefalia a partir de agosto deste ano. Dos casos notificados 36,2% das mães relataram ter algum sinal ou sintoma de doença exantemática, onde pode ser considerado o zika vírus.

Fato é que ainda não se sabe exatamente as causas que provocaram o aumento de casos de microcefalia nos estados do Nordeste. Contudo, as indicações apontam para o zika vírus, cujo vetor é o mesmo que o da dengue e da chikungunya. Sendo assim, a melhor maneira de evitar contrair tais doenças é através da saúde preventiva, ou seja, evitar acúmulo de água em recepientes tipo jarros, pneus velhos jogados fora, piscinas abandonadas, enfim, tudo que possa gerar um criadouro para o mosquito Aedes Aegypti, transmissor destas doenças que matam ou deixam algum tipo de seqüela.

A população precisa urgentemente tomar consciência disso, independente dos casos surgidos de microcefalia. A dengue, por exemplo, mata e muitas pessoas ainda não se deram conta disso. O zika, se comprovada que é a causa da microcefalia, deixa seqüelas para o resto da vida, que em muitos casos a sobrevida é de 10 a 12 anos.

Daí entender que a fala do ministro Marcelo Castro ter sido de uma infelicidade só, haja vista que o sonho de ser mãe não pode ser confundido com “profissionalismo”, e sim com um ato de amor que passa pelo sexo e que da mesma forma não pode ser considerado um ato amador, até porque um depende do outro. Ou o ministro entende que gravidez se faz por osmose?

O que é preciso agora é ter consciência de que o mosquito Aedes Aegypti é um grande inimigo da saúde e que agora, mais do que nunca, é preciso combatê-lo. A sociedade, como a imprensa é a grande aliada das autoridades de Saúde neste enfrentamento. Independente do Aedes Aegypti ser o causador da microcefalia, com a transmissão do zika, o Aedes Aegypti tem que ser tratado como um mosquito mortal.

É preciso uma campanha agressiva do ponto de vista de esclarecimento à população sobre os perigos causados por este vetor de doenças. Do contrário, o zika vírus pode ser encarado como a dengue, ou seja, uma doença comum do ponto de vista de quem é leigo ou não está escclarecido. E não é.

A conferir!

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

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