Notícia publicada no caderno Cidade do Jornal de Hoje:
Em consequência da falta de coleta, os moradores de Natal estão sendo obrigados a morar e transitar entre um mar de lixo. Diante do cenário catastrófico das ruas da cidade, a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) teve que recorrer ao pedido de bloqueio judicial na conta da Prefeitura de Natal, com repasse no valor de R$ 5 milhões. O anúncio foi feito pelo diretor-presidente da Urbana, João Bastos, no final da manhã desta quarta-feira durante coletiva de imprensa.
A Companhia entrou com o pedido no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte na última quinta-feira (20) com o objetivo de garantir o pagamento de uma parcela de cada empresa terceirizada, sendo a Líder, Marquise, Trópicos e Braseco as responsáveis por regularizar o serviço de coleta de lixo em Natal. A decisão da Justiça deverá ser declarada até amanhã, quinta-feira (27). Caso o resultado do pedido não seja aprovado, o sistema de coleta de lixo em Natal estará completamente comprometido até que o prefeito eleito Carlos Eduardo assuma a administração de Natal.
“Nos últimos 11 meses, a Urbana vinha recebendo um repasse de média mensal de R$ 5,8 milhões da Prefeitura. Mas até a última sexta-feira, só recebemos R$ 251 mil em relação ao mês de dezembro. Por isso, nós tivemos que tomar essa medida judicial. Não é o melhor caminho, mas foi o único que encontramos para poder tentar garantir a limpeza na cidade nesse período de final de ano”, afirmou João Bastos.
De acordo com o diretor da Urbana, o prefeito Ney Lopes Jr. se reuniu na manhã de hoje com a Secretaria de Planejamento para tentar encontrar solução financeira que leve a Prefeitura fazer algum repasse para a Companhia. “Com relação ao Governo do Estado, há uma expectativa de um repasse no valor de R$ 5 milhões, devendo ser realizado até sexta-feira (28)”, afirmou João.
Entretanto, para a realidade e o teor das dívidas com as empresas, que ao todo somam um valor de R$60 milhões de reais, João Bastos alega que o prazo para repasse do dinheiro do Governo é muito tarde. “Isso se nós formos observar que os bancos estão fechados na segunda-feira (31), em função das comemorações de ano novo”, disse.
Na região Oeste, Sul e Norte, segundo informações da Urbana, o sistema de coleta de lixo está sob controle. Já na região Leste a situação é mais complicada, principalmente em função dos comércios do Centro e do Alecrim. “Nós não temos previsão para regularizar essa situação na região Leste. Fazemos um apelo à empresa que faz o serviço nessa região, mas, face aos problemas financeiros, a gente entende que não há previsão para voltar ao normal”, explicou João Bastos.
Diversas ruas das quatro zonas da cidade chegam a estar irreconhecíveis com centenas de sacos de lixo amontoados por todas as esquinas, ao lado de caixas de papelão, móveis velhos, embalagens de isopor, recicláveis e restos de comida. O cenário reflete o abandono na ordem de limpeza urbana, que pode se agravar ainda mais caso o trabalho de coleta seja definitivamente suspenso neste ano.
No início desta semana a Companhia de Serviços Urbanos de Natal já havia anunciado a possível suspensão dos serviços de limpeza, por tempo indeterminado, em função de dívidas da Prefeitura de Natal com as terceirizadas que realizam o serviço de limpeza na capital potiguar.
Devido ao caos no sistema, os moradores são obrigados a conviver com a sujeira e com as consequências da falta de coleta. A Urbana diz que os serviços de limpeza foram intensificados em vários bairros, devido um acordo pré-estabelecido com o futuro prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves.
“Mas para solucionar boa parte do problema, só nos resta esperar pela decisão judicial. O que nos aflige não é só o período do final e início de ano novo, mas em relação a todo o mês de janeiro”, disse o diretor da Companhia, enfatizando que o orçamento do Município fica fechado até o final do mês de janeiro, situação que pode prejudicar ainda mais a situação da limpeza da cidade.
Dentre os débitos que a Urbana tem com as terceirizadas, R$ 26 milhões se referem a dívidas com a Marquise, responsável pelas zonas Oeste e Sul de Natal. Cerca de R$ 5 milhões são para pagamento da Trópicos e Líder, que comandam a limpeza na zona Norte e Leste, respectivamente. Além disso, mais R$ 5 milhões são referentes ao pagamento da Braseco, empresa que cuida do aterro sanitário em Ceará- Mirim. “O restante da dívida diz respeito a outros serviços terceiros”, afirmou João Bastos, lembrando que o débito da Urbana chega a R$ 60 milhões de reais.
Para o comerciante Edinaldo Neres, dono de um mercadinho em Dix-Sept Rosado, a dívida da Urbana e o caos da limpeza refletem a “falta de caráter dos governantes” que administraram Natal neste atual mandato. “Imaginei que eles iriam fazer um mutirão de limpeza para maquiar a cidade neste fim de ano. Mas nem isso eles foram capazes de fazer. A cidade está um lixo e esse foi o nosso presente de Natal. Todos os dias os clientes que passam no meu mercado reclamam do lixo que deixa moscas e um odor muito forte”, disse Edinaldo.
Para Gilsea da Silva, moradora da antiga Guarita, há 15 dias que não passa nenhum caminhão coletor de lixo. “Nossa única opção é amontoar esse lixo próximo a linha do trem, pois na minha rua não passa caminhão e esse é o único ponto que eles recolhem. Devido a quantidade de lixo acumulado, eles deveriam mandar um caminhão todos os dias”, disse Gilsea, referindo-se ao montante de lixo que fica próximo ao salão paroquial de uma igreja, o qual hoje funciona como um posto de saúde.
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