Querido Focinho

Neli Terra é jornalista dos setores jurídico e energético (renováveis, O&G), apresentadora e diretora de TV, mãe, madrasta, esposa, filha, irmã. Gaúcha. Movida por desafios.Andarilha por natureza. Apaixonada pelos animais, sonha com um mundo onde todos convivam com respeito e harmonia.

No RN, base aliada do governo segue em divergência

12 de abril de 2012

O governo tem sido alvo constante de críticas da base aliada. O chamado “fogo amigo” dominou a maior parte do grande expediente da sessão de ontem da Assembleia Legislativa. A insatisfação da base é resultado da falta de diálogo do governo com o Legislativo. Além da oposição, a base governista centra seus ataques à aqualidade da prestação de serviços no governo Rosalba Ciarlini (DEM), principalmente na área de segurança pública. Um dos parlamentares, George Soares, usou da ironia para classificar o tipo de atenção que eles têm recebido: “os deputados estaduais da base do governo são tratados como papa-bolos. Ontem, nem nesmo o líder da bancada do governo, deputado Getúlio Rego (DEM), apareceu para rebater o “fogo amigo.”

Deputado disse ontem no plenário que pedirá uma reunião com Garibaldi e com Henrique para debater a falta de diálogo.

Deputado Nélter Queiroz disse ontem no plenário que pedirá uma reunião com Garibaldi e com Henrique para debater a falta de diálogo. (Foto: Eduardo Maia/DN/D.A Press)

O deputado Nélter Queiroz (PMDB) criticou a falta de atenção do governo com os requerimentos dos parlamentares, que levam queixas da sociedade. Ao citar que o ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho (PMDB), foi um dos maiores responsáveis pela vitória da democrata, o peemedebista adiantou que convocará uma reunião da bancada do partido com o ministro e o deputado federal Henrique Eduardo (PMDB) para articular um pedido de providências conjunto.

“Na hora de aderir ao governo, Henrique convocou a bancada para uma reunião. Seria interessante convocar outra para cobrar providências para essa situação. Há muitas cobranças da população dos municípios por onde a gente passa”, disse Nélter. Segundo ele, a insegurança está tomando rumos incontroláveis. “É preciso que o governo dê posse aos delegados, os agentes e escrivães. Tem delegado que está respondendo por 30 municípios. Isso não pode continuar. O povo está clamando por segurança”.

Em aparte, o deputado Hermano Morais (PMDB) disse que a situação financeira em que a governadora encontrou o estado não pode mais ser usada para justificar a falta de ações. “Continuar como está não tem como. Nós, deputados estaduais, somos como um vereador. O povo nos recorre para resolver os problemas do estado, que hoje são muitos e graves. As atitudes têm que ser tomadas logo, porque a lentidão está acima das dificuldades financeiras do estado”.

Dos peemedebistas, somente Gustavo Fernandes ainda não criticou o governo. O próprio líder da bancada do partido, Walter Alves, ao criticar a segurança, afirmou que não era submisso à gestão democrata, e que criticará sempre que for necessário. A mesma postura tem sido seguida pelos seus correligionários. Apesar da governadora ter negado a existência de crise política na base governista, a insatisfação dos membros do partido é crescente. A legenda abriu mão até de continuar com a Secretaria de Turismo.

Dificuldade de relacionamento marca governo de Rosalba

Desde o início da gestão, Rosalba Ciarlini enfrenta dificuldade de relacionamento com os aliados, os servidores públicos e as instituições. Em pouco mais de um ano de mandato, a democrata já entrou em conflito com o vice-governador Robinson Faria (PSD); o ex-chefe da Casa Civil, Paulo de Tarso Fernandes; o ex-secretário de Justiça e Cidadania, Fábio Hollanda; o ex-secretário de Turismo, Ramzi Elali; o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN); o Ministério Público Estadual (MPE) e praticamente todas as categorias de trabalhadores. A bola da vez é sua própria bancada na Assembleia.

O conflito que culminou com a saída de Robinson Faria e Paulo de Tarso do governo foi provocado pela divergência dos “cabeças da gestão” com as articulações políticas do vice-governador. Paulo deixou a administração por discordar do corte das asas do vice, como o senador José Agripino (DEM) denominou o processo de afastamento de Faria do governo. Desde então, com a chegada de Anselmo Carvalho para substituir Fernandes, a relação do Executivo com o Legislativo piorou. Apesar de ser um técnico elogiado, a falta de habilidade política dele tem sido criticada pelos parlamentares.

A divergência do governo com Fábio Hollanda e Ramzi Elali se deu devido à falta de autonomia dos secretários indicados por outros partidos dentro da gestão. Os dois saíram insatisfeitos com o modo de gestão implantado pela governadora. Muitos atribuem o comando do Executivo a Carlos Augusto (DEM), marido da governadora, que, segundo fonte da administração estadual, indica a maioria dos cargos do governo e chega a despachar com secretários. A centralização do poder não agradou os ex-secretários.

George Soares: “deputados da base do governo são papa-bolos”

Durante a sessão de ontem, o deputado estadual George Soares (PR), recém agregado à base do governo Rosalba Ciarlini, criticou a falta de reciprocidade da gestão com sua bancada, que tem aprovado todos os projetos de interesse do Executivo. O republicano ironizou o modo como a governadora tem tratado os pleitos dos parlamentares que a defendem na Casa. Para ele, não existe reciprocidade.

George Soares (PR)

George Soares (PR)

“Os deputados estaduais da base do governo são tratados como papa-bolos. O governo não atende às reivindicações, não recebe os pleitos, ignora os pedidos de melhorias para a população. O PR (Partido da República) aderiu ao governo e a governadora nunca nos chamou nem para agradecer o apoio dado. Só somos convidados para solenidades e festas com bolo e guaraná”, disse o republicano.

A reclamação de George Soares é compartilhada por quase todos os deputados da base. Mesmo antes de os parlamentares começarem a externar suas insatisfações em plenário, já existia um descontentamento generalizado nos corredores da Casa. No ano passado, o governo não liberou nem 10% dos recursos previstos em emendas parlamentares. Os deputados, que tinham espaços em governos anteriores, não foram convidados para indicar cargos nem em suas regiões.

Para piorar a crise de relacionamento entre o Executivo e o Legislativo, a governadora não tem atendido às reivindicações dos deputados da base relativas à resolução de problemas que atingem o eleitorado potiguar. Os deputados têm confidenciado que a insatisfação popular, devido à falta de ações do governo, é crescente onde chegam. Se não melhorar o relacionamento com a Assembleia, Rosalba poderá não ter a vida fácil que teve em 2011, se tratando da aprovação de projetos na Casa, durante este ano.

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