O maniqueísmo na política

14 de março de 2014

By Jean-Paul Prates

É tempo de definições importantes na vida política nacional e local: a das candidaturas, chapas, apoios. Talvez seja um momento tão ou mais importante que a própria eleição em si. Quantas vezes não nos pegamos reclamando das opções eleitorais disponíveis, pregando voto nulo, votando no “menos pior” e por aí vai? Pois bem, é a partir deste mês que se definem estas opções.
E é aí também que proliferam os boatos, as teses e estratégias mirabolantes, as notinhas plantadas, os blogs e colunistas remunerados, enfim todos os recursos possíveis para minar ou propulsionar candidatos internamente a seus grupos de apoio. Portanto, é hora de se ter muito cuidado com o que se ouve e com o que se lê. Hoje, com a profusão de canais, blogs e redes sociais, é comum se ler algo e sequer notar de onde aquela informação saiu. No entanto, às vezes, notar a fonte é mais importante do que o fato noticiado, em si.
Mas o pior de tudo está numa coisa tremendamente daninha que presta grande serviço aos mais espertos: o maniqueísmo. A palavra é meio estranha, mas, explicando de forma muito simples, consiste no processo de transformar qualquer questão em uma dualidade perfeita entre o Bem e o Mal, antagônicos, irredutiveis e completamente perfeitos: tudo de bom ou tudo de mau. Como exemplos, temos a Cinderela e a madrasta má do conto infantil, ou o lobo e a ovelha da fábula.
A política é um campo fértil para o germinar do maniqueísmo. Afinal, vendo a vida e o mundo por um único prisma, temos profunda dificuldade em reconhecer as virtudes do Outro, ou a existência de uma zona cinzenta onde a razão e a verdade se diluem através das contribuições de ambos os lados.
Por tudo isso, o raciocínio maniqueísta – enraizado na maioria das cabeças – é , para muitos espertos, um instrumento de manipulação de pessoas incapazes de distinguir, entre todas as cores e seus variações, algo além do preto e do branco. Como consumidor e cidadão, o brasileiro já dá sinais de não ser mais assim. Note que até nas novelas da Globo, os mocinhos não são mais tão mocinhos e alguns vilões bem unânimes encontram alguma compreensão por parte do público por revelarem motivos ou fatos determinantes de suas atitudes.
A hora da definição dos candidatos é a hora de não ser maniqueísta, e de se entender as entre-linhas de cada aliança, cada discurso, cada recado. Todos têm algo de bom e algo de mal em si. Ninguém é totalmente bom e totalmente mau.
Cabe-nos analisar a melhor configuração geral de toda esta imperfeição. É a política do “menos pior”? Não. Apenas a busca da melhor configuração entre defeitos e virtudes. No jargão comercial, a relação “custo-benefício” de cada candidato a nos representar.

Fonte:: SustentHabilidade

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