Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Poluição visual: fios e postes borram paisagem da capital potiguar

9 de dezembro de 2013

Notícia publicada na Tribuna do Norte:

Poluição Visual: “degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente […] afetem as condições estéticas e ou sanitárias do meio ambiente”. Entendendo a Lei 9.605/98, Art. 3º, III,  a poluição visual, então constitui um dano ao meio ambiente à medida que o excesso de elementos visuais afetam as condições estéticas do meio urbano. Um elemento intensamente presente, e pouco reparado no cotidiano pela população é o emaranhado de fios de energia e cabeamento de empresas de telecomunicação percorrendo ruas e avenidas da cidade. Eles estão ali, lado a lado dos caminhantes, destoando  a paisagem urbana da cidade, além de atrapalharem a visualização de obras históricas. Quase um crime ao turismo e a boa convivência visual urbana. A solução com o enterramento da fiação arrasta benefícios, mas custa caro.

Igreja do Galo tem sua beleza escondida por metros de fiação. (Foto: Alex Regis)

Igreja do Galo tem sua beleza escondida por metros de fiação. (Foto: Alex Regis)

É só olhar um pouco acima que o horizonte vai estar riscado pelos fios, em sentido livre e como bem queiram. Às vezes seguindo o rumo da calçada, por vezes em zig-zag acima das ruas. Numa visita ao corredor histórico de Natal, em Cidade Alta, numa parada para uma fotografia o natalense, ou turista, tem que dividir a imagem entre ele, o prédio e o acúmulo de fios.

Os fios estão em posição de hierarquia. Acima, o trio horizontal são da rede de média tensão e abaixo deles, os dois fios são de baixa tensão.  Estes, de responsabilidade da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern). Abaixo a fiação da iluminação, responsabilidade da Prefeitura de Natal, por meio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur). E por fim, o cabeamento de redes de televisão e internet. Este último, frequentemente, é o encontrado com pior aspecto visual. Fios sem organização, por vezes soltos. Deslocam-se dos prédios para a rede central sem nenhum padrão estético.

Para os arquitetos e urbanistas, é um dos principais problemas hoje na reabilitação de localidades históricas, o principal empecilho é a fiação. A afirmação é confirmada por Natal Miranda, professora do departamento de arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “Cria uma concorrência com a fachada do prédio. Quando ele foi construído não existia isso, não tinha energia”, aponta. Em seu ponto de vista, a melhor opção seria a fiação subterrânea. “É um serviço caro, complicado, parece significar pouco, mas faz diferença. Quando a pessoa vê, sabe que o local está diferente, mas não identifica o por quê”, ressalta.

Nas grandes cidades mundiais, como Nova York, Paris, a fiação aérea já foi eliminada da paisagem urbana. No Brasil, alguns locais também avançam neste sentido. São Paulo tem 7% da fiação subterrânea e se articula para ampliar. Os centros históricos de Recife e Olinda, também já tem toda sua fiação por debaixo da terra.

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Rede subterrânea tem alto custo

Tribuna do Norte:

Em projeção de custo para enterramento dos fios os valores são alarmantes. O custo médio para a implantação da rede elétrica subterrânea é cerca de oito vezes superior ao da rede aérea. O valor médio para implantação de 1 km de rede elétrica aérea com cabo spacer 185 mm² é R$ 105.000,00, enquanto o mesmo objeto em rede elétrica subterrânea a média de gasto é de R$ 840.000,00.

Os dados da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) se apresentam como o principal empecilho para a mudança da rede. “O custo é elevado e se fosse realizado pela Cosern terminaria indo para a tarifa do consumidor”, alega Marcos Neri, superintendente de operação da Cosern. Atualmente, a Companhia não tem nenhum projeto de enterramento da fiação.

Alternativa possível, segundo Neri, seriam os cabos multiplexados, já instalados na Roberto Freire. Ele une em  um tubo só os três fios. Para ele, é visualmente melhor, com  aparência menos agressiva e tem melhor convivência com o meio ambiente.

Pelos dados da Caern, hoje Natal possui 61.179 postes e 2.541,3 km de rede de energia elétrica. Somente este ano, foram instalados mais 133 postes, 26% a mais que no ano passado. Em postes de iluminação, com dados da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), existem hoje cerca de 58 mil postes de iluminação em toda a cidade.

Na Semsur não existe nenhum plano para a retirada do cabeamento aéreo de toda Natal, apenas alguns projetos pontuais. No projeto de reestruturação da orla marítima todo o posteamento será trocado e os fios enterrados desde a Praia do Forte, até a Praia de Ponta Negra. Segundo Antônio Pinto, coordenador de operação em iluminação da Semsur, até o final de dezembro toda a área de Ponta Negra estará com o serviço executado.

Para o serviço de fiação subterrânea é preciso de um espaço  abaixo da terra onde se instala eletrodutos e calhas para a colocação dos fios. O cabeamento é mais simples. Se instala um poste, e passa a fiação. O subterrâneo é um trabalho oneroso,  mas tem seus benefícios.  “Estética, segurança e vida útil otimizada”, afirma o coordenador. Além de colaborar dificultando as ações de vandalismo, roubo de cabos. Mas na balança de custo-beneficio, os valores dificultam a apropriação do serviço.

Em Natal, apenas a Avenida Dinarte Mariz (conhecida como Via Costeira) e parte da Avenida Duque de Caxias tem os fios da iluminação sob a terra. Mas com a rede prejudicada em alguns trechos. Antônio Pinto conta na gestão anterior, ao dar a manutenção foi recolocado a fiação aérea.

Para as empresas de telecomunicações, a dependência do poder publico interfere na mudança. O diretor de operações de uma das empresas de internet e TV que possui cabeamento na cidade disse que depende da infraestrutura da cidade para a mudança da rede. No caso, se houvesse os dutos apropriados e autorização da Prefeitura, seria mais fácil a operação subterrânea.

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