Sanduba na rede: Lanchonete natalense faz sucesso com premiações aos clientes criativos

27 de abril de 2012

FUNDAR UMA LANCHONETE, por si só, não é exatamente entrar em uma nova modalidade de negócio. Fundar um negócio que faça uso das redes socias já deixou, há algum tempo, de ser uma novidade e praticamente virou uma obrigação para quem deseja expor mais a sua marca e vender melhor o seu produto ou serviço. Mas, a intensidade e a criatividade com que as redes sociais são utilizadas podem dar um “algo mais” a quem deseja empreender com sucesso. A gastrônoma Mayara de Andrade Wanderley, de apenas 22 anos, seguiu ao pé da letra o conceito de “lanchonete on-line” quando iniciou, com o seu namorado, o também gastrônomo Pedro Kummer, 22 anos, o planejamento da lanchonete Faceburg, inaugurada há pouco mais de dois meses, na avenida Afonso Pena. E, sendo batizada com um nome que remete à maior rede social do mundo, o Facebook, o uso das redes sociais tornou–se imperativo.

Uso das redes sociais como ferramentas de marketing foi inovação do Faceburg

Uso das redes sociais como ferramentas de marketing foi inovação do Faceburg

Assim a primeira promoção da lanchonete não só faz uso de uma mídia social, como premia os clientes que, ao mesmo tempo funcionam como difusores do negócio . A estratégia foi eleger como “Prefeito do Faceburg” o usuário que desse uma maior quantidade de “check-in” na rede de localização Foursquare. Os usuários desta rede, quando dão um check-in (através de um clique) em um determinado ponto de um mapa de Natal, por exemplo, indicam exatamente o local onde se encontram naquele momento, através de um mapa. Caso o cliente seja “eleito” o prefeito do mês (para isso, ele deve dar a maior quantidade de check-ins) ele terá o direito de criar um sanduíche, que deverá ficar no cardápio por 30 dias. O primeiro prefeito eleito foi o publicitário Samuca Dantas, vencendo a primeira promoção com o Facemuca, um sanduíche com chili (uma preparação com carne, creme de leite, tomate, ervas, sal, pimenta do reino, bacon), hamburger, queijo do reino (dos mais caros) e pão de macaxeira.

Mayara fez uma ficha técnica dele e precificou: R$ 17,00, tornando-se o sanduíche mais caro da casa porém ele está com uma boa saída, garante a sócia. “Apesar do pouco tempo de funcionamento da lanchonete, percebemos que já as pessoas tinham dado mais check-in do que para casa próximas da gente. Então decidimos estimular mais o uso da ferramenta e bolamos uma promoção para isso “, explica Mayara. Uma qualidade do Foursquare é a possibilidade de sincronizar ele com o Twitter e com o Facebook, possibilitando o aumento da quantidade de pessoas que podem visualizar a mensagem de localização do usuário. A dona do Faceburg diz que o burburinho em torno da promoção ficou maior após a divulgação do resultado, pois outros internautas sentiram se desai ados a serem os “prefeitos”do próximo mês. “Antes do resultado da competição, eu não vi uma reação tão significativa”, diz Mayara. O Facemuca ficará no cardápio até o dia 16 de maio.

VALORIZANDO O SABER
Depois de ter trabalhado em um festival gastronômico (ela prefere não citar o nome) e não se sentir reconhecida pelos seus contratantes veio a decisão de empreender. “Uma coisa que eu vi muito durante o curso foi a falta de valorização da maioria dos empregadores aos profissionais dessa área”, desabafa. Ela diz que trabalhou por três dias no festival, em uma carga horária de até 15 horas diárias, sem transporte pago e sem intervalo para se alimentar e recebendo R$ 50,00. “A gente servia camarão no festival e, quando ia jantar, o cara olhava para a gente e dava cinco minutos para comer salsicha com macarrão.

Cardápio foi inspirado no gosto dos amigos

Cardápio foi inspirado no gosto dos amigos

Eu não passei dois anos estudando por isso”, afirma. Com a mesma indignação com que se negou a ser uma empregada, ela usa esse sentimento para motivar os seus funcionários. “Por enquanto eu não posso pagar o que eu acho que eles merecem. Eu mesma ganho um salário mínimo aqui. Mas incentivo que eles façam cursos e, por que não, devam alçar voos próprios. Não quero um funcionário que veio para cá porque só porque não tem outra alternativa de trabalho”. E a gastrônoma diz que o cardápio da lanchonete foi inspirado no que os amigos do casal gostavam de comer. E foi balanceado o equilíbrio entre o sabor e o aspecto saudável dos sanduíches. “Dosamos a quantidade de gordura em nossos sanduíches e usamos ingredientes como tomate seco, manjericão e alho poró”, explica.

O DESIGN COMO INFLUÊNCIA

Antes de cursar a graduação tecnológica de Gastronomia, na Universidade Potiguar, Mayara, prestou vestibular para arquitetura, em um ano, e para design, no ano seguinte, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Não foi aprovada em nenhuma das ocasiões. Mas também não perdeu tempo. Em vez de continuar tentando entrar nos cursos das escolhas originais, seguiu o conselho de sua mãe, Iociane Gonçalves, e seguiu uma outra alternativa. Foi quando Mayara informou em casa que iria cursar Gastronomia.

 Apelo digital está presente em tudo na loja

Apelo digital está presente em tudo na loja

Começou a graduação em 2009 e formou-se no ano passado. Mas ainda não estão descartadas as possibilidades de tentar estudar o que considera a sua paixão. “Sempre fui louca por desenho e no futuro quero muito trabalhar com arte”, diz ela. Porém, mesmo optando por outro caminho, ela não deixou de se utilizar um pouco do design e da arquitetura ao aprovar o projeto da sede da lanchonete, marcada pelas cores laranja e lilás.

FACEBOOK

Uma pergunta que muitos fazem quando leem o nome Faceburg é a questão da propriedade intelectual. Os donos da lanchonete chegaram a ser notificados por um escritório de advocacia que representa os interesses do Facebook no Brasil, ao contrário do que pensam algumas pessoas, acusando a notícia sobre a notificação de “golpe de marketing”. O NOVO JORNAL teve acesso ao documento, com a identificação e endereço da empresa de Palo Alto, Califórnia e a procuração para uma banca brasileira representá-los. Basicamente, a notificação orienta os empreendedores a não usarem o nome, alegando a “forte semelhança” com o nome da rede social.

Os criadores da lanchonete constituíram advogados e responderam a cada item da nota da empresa californiana. Para a alegria dos natalenses, os argumentos foram aceitos, sem a necessidade de uma ação ser ajuizada para defender os interesses do bilionário Mark Zuckerberg (Criador da rede social facebook). Porém, Mayara diz que teve de fazer concessões. Estava previsto um uso mais intenso do Facebook para atender os pedidos delivery, o que foi descartado. “É melhor a gente não se meter com eles, não é?”, conclui a jovem empreendedora.

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