Sem candidato a prefeito, PV deixa vereadores de Natal 'órfãos'

26 de junho de 2012

A quatro dias da convenção o Partido Verde de Natal vive uma crise interna e ainda não tem candidato a prefeito para o pleito de 2012. A desistência da prefeita Micarla de Sousa de ser candidata a reeleição e a saída do ex-deputado estadual Luiz Almir do páreo, o que estaria sendo um “plano B”, deflagrou uma situação de incerteza no partido e coloca os pré-candidatos a vereador na posição de “órfãos”, sem um candidato que possa fortalecer o palanque para a disputa.

O alto escalão da legenda ainda tentará fazer o ex-deputado estadual rever a posição de rejeitar o convite para disputar o Executivo da capital. A justificativa para colocar Luiz Almir na disputa pela Prefeitura seria apostar no “candidato novo”, que ainda não foi testado pelas pesquisas registradas. Os dirigentes partidários voltarão a procurar o ex-deputado. Pretendem, com isso, buscar uma “acomodação” de exigências convencê-lo a ser candidato. Por enquanto, Luiz Almir admite apenas concorrer a uma vaga na Câmara Municipal.

Micarla de Sousa tentou convencer Luiz Almir a entrar na disputa. (Foto: Aldair Dantas)

Em outro movimento interno, os pré-candidatos a vereador do PV já defendem a tese de que o partido fique “neutro” no pleito da capital potiguar. A alternativa seria uma forma do partido buscar se coligar na proporcional com o PMDB e deixar cada um dos candidatos a vereador livre para apoiar qualquer um dos postulantes a majoritária.

A crise no PV foi deflagrada ontem, quando Luiz Almir anunciou que não seria mais candidato a prefeito e a gestora Micarla de Sousa divulgou não apenas a desistência de disputar a reeleição, mas também a saída das articulações para a disputa municipal. Em um pronunciamento de 20 minutos, a prefeita fez um balanço da gestão, confirmou que estava deixando a política e não fez qualquer referência a disputa municipal.

MUDANÇA DE COMANDO

Com isso, o comando da sucessão municipal pelo PV passa a ser do presidente da Câmara Municipal e presidente municipal da legenda o vereador Edivan Martins. Hoje ele deverá se reunir o diretório municipal do partido para definir o destino da legenda.

No final da tarde de ontem, com a confirmação de Luiz Almir fora do páreo e Micarla saindo de cena, alguns setores do PV defenderam a candidatura a prefeito de Edivan Martins. “Não, serei candidato a vereador”, descartou, de pronto o presidente da Câmara. Além de Edivan Martins, o PV tem outro vereador, Aquino Neto.

O vice-prefeito Paulinho Freire (PP) também chegou a ser cotado, mas negou e disse que irá para disputa de uma vaga na Câmara Municipal. Único deputado federal do PV pelo Rio Grande do Norte, o deputado federal Paulo Wagner defende a candidatura própria, mas admite que não sabe quem poderia ser. “Acho que o PV deve ter candidato próprio a prefeito”, comentou. Questionado se aceitaria, ele disse que tem domicílio eleitoral na cidade de Parnamirim.

Ex-deputado Luiz Almir rejeita candidatura a prefeito

O radialista e ex-deputado estadual Luiz Almir descartou a possibilidade de ser candidato a prefeito de Natal nas eleições deste ano. O nome dele surgiu como provável candidato do Partido Verde (PV) à sucessão da prefeita Micarla de Sousa, após ela anunciar que não vai concorrer à reeleição. “Recebi o convite para concorrer à Prefeitura e tive o fim de semana todo para pensar nisso. Conversei bastante com minha família e com meus amigos e decidi que entre a razão e a vaidade, o melhor para mim seria ficar com a razão”, disse ontem Luiz Almir.

O ex-deputado estadual disse ontem que deverá concorrer a uma das 28 cadeiras na Câmara Municipal de Natal. “O convite para brigar pela Prefeitura é muito honroso, mas não tenho condições financeiras para bancar essa luta. Além do mais, já fui candidato a prefeito de Natal em 2004 [pelo PSDB] e aprendi muita coisa sobre essa disputa, que sempre é injusta e agressiva. Diante disso, devo lançar meu nome para vereador”.

O radialista, que era vereador de Natal antes de ser deputado estadual, disse ainda não saber quem o PV vai indicar para concorrer à Prefeitura. “O partido tem bons nomes para isso. O senador Paulo Davim, a meu ver, é um excelente candidato. Temos também o presidente da Câmara, Edivan Martins. Fora isso, o PV pode apoiar algum coligado, como é o caso do atual vice-prefeito Paulinho Freire, do PP [Partido Progressista]. Mas isso ainda será discutido internamente”.

PMN desiste de aliança com PV e Osório será vice de Hermano

A adesão do PMN ao projeto do deputado estadual Hermano Morais (PMDB), candidato a prefeito de Natal, é apontado por integrantes do alto comando do PV como um dos principais fatores responsáveis pela desistência do ex-deputado Luiz Almir, que seria candidato a prefeito pelo PV. Segundo assessores próximos a prefeita de Natal Micarla de Sousa, na última sexta-feira, o deputado estadual Antonio Jácome, presidente estadual do PMN, reuniu-se com dirigentes do PV, inclusive a prefeita Micarla de Sousa, e fechou a chapa majoritária. A estratégia apontava o ex-deputado Luiz Almir para prefeito e o vice seria o ex-secretário municipal de Obras Públicas e Infraestrutura Sérgio Pinheiro (PTN).

Nessa articulação, estaria contemplada a chapa proporcional do PMN com o PTN e outras duas legendas pequenas. Assim, pela estratégia dos dirigentes partidários estaria “assegurada” a eleição do filho de Antonio Jácome, Jacó Jacozinho que será candidato a vereador. Dois dias depois de fechar a aliança com o PV, o deputado estadual Antonio Jácome deixou uma carta na residência da prefeita Micarla onde anunciou a mudança de planos, passando a apoiar Hermano Morais.

Na carta ele lamentou não poder retribuir os “gestos” que recebeu na gestão de Micarla e justificou que o PMN estava indo para o palanque de Hermano Morais devido o interesse de compor a proporcional com o PSC, do irmão dele, vereador Osório Jácome, que vai ser o vice do peemedebista. Ontem, a indicação de Osório para integrar a chapa com Hermano foi oficialmente confirmada.

Bate-papo

Edivan Martins, Vereador e presidente municipal do PV

Após a desistência de Micarla e Luiz Almir, qual o destino do PV?

Vamos reunir o partido amanhã (hoje) para que a gente veja as posições a serem adotadas a partir de agora.

A tendência do PV é lançar candidato próprio ou ficar “neutro”?

Lançar candidato. Vamos buscar um nome dentro do partido que possa representar, esse será o primeiro passo.

A prefeita Micarla saiu de cena da política. Ela também estará fora da coordenação do PV para o pleito de 2012?

Acho que sim. Ela vai assumir unicamente a parte administrativa da sua gestão. Cabe ao partido fazer a trajetória até a eleição. Vamos ver a questão macro do Estado e também a situação do principal colégio eleitoral do Estado que é Natal.

Está nas suas mãos a escolha do candidato?

Nas mãos do partido. A partir de agora vamos fazer uma avaliação e ver quais os nomes que despontam para o projeto. O partido começa a discussão dentro do novo quadro que se formou.

O senhor aceita ser candidato a prefeito?

Não. É uma discussão que vamos ter internamente. Eu não vou colocar o meu nome.

O senhor vai insistir com o ex-deputado Luiz Almir para entrar na disputa?

Vamos conversar com ele. Já conversamos e vamos continuar conversando.

Hoje com quem o PV conta de aliança, além do PP (do vice-prefeito Paulinho Freire)?

Tem o PP e mais alguns partidos. Não estou muito inteirado porque estou cuidando mais da minha campanha para vereador. Mas tem um leque de partidos que estava sendo contatados e estão no arco de aliança. Vamos reunir para fortalecer a aliança e participe bem da eleição.

O PV poderá migrar para a coligação do PMDB, que terá Hermano Morais como candidato a prefeito?

Não existe nenhum contato formal nesse sentido. Acho que agora, dentro do novo quadro, o partido inicia contato de articulação e contato.

‘Não me arrependo’, diz Micarla

Em um pronunciamento de 20 minutos, sem responder qualquer pergunta da imprensa, a prefeita de Natal Micarla de Sousa anunciou a desistência de disputar a reeleição. Em uma das salas de eventos de um hotel cinco estrelas, a gestora da capital potiguar disse que estava saindo de cena da política para se dedicar à família e o fim da administração. Segundo ela, até dezembro destinará toda atenção para a “cidade”.

O  início do pronunciamento estava previsto para as 16 horas, mas Micarla de Sousa teve mais uma crise de hipertensão. Ela foi atendida, segundo assessores, por médicos do SAMU e só chegou ao local do pronunciamento com duas horas de atraso. A prefeita começou o discurso citando a passagem bíblica e uma das guerras de Davi. “O Senhor é a minha luz e a
minha salvação, a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida, de quem recearei?”, repetiu Micarla. Em seguida, ela fez uma longa prestação de contas da sua gestão, enumerando os serviços desempenhados na saúde e na educação.

Alfinetando adversários, ela disse que na sua gestão não teve escândalo de medicamento. Com críticas ao que
definiu de “poderosos da política” a prefeita disse que “nunca se rendeu” a esse tipo de pressão. “Continuaria sem me render aos grupos poderosos desta cidade, que foram contrários a esta política de libertar as pessoas através da educação e da melhoria de vida”, disse.

No pronunciamento ela observou: “Os mesmos que como uma verdadeira matilha de lobos famintos querem comer as carnes do nosso povo mais uma vez.  Políticos profissionais que nunca tiveram a carteira de trabalho assinada e que agora viram os seus dedos e mão sujas em minha direção.

A prefeita tentou minimizar as  críticas à sua gestão. “Sei que alguns me criticam duramente pela minha opção de cuidar de gente. Dizem que prefeito é bom é o que calça ruas e maqueia a cidade com florzinhas plantadas nos canteiros. Eles chegam até a comparar”, disse.

Micarla de Sousa ressaltou: “Não me arrependo de nada que fiz, nem decisões que tomei. Troquei asfaltos por escolas, sim. Troquei calçamento por Upas, Ames. Troquei concreto armado por albergue para moradores de rua”.

CHORO DUPLO

A prefeita começou o discurso, visivelmente, nervosa. Por duas vezes ela parou o pronunciamento e chorou sendo amparada pela mãe, Mirian de Sousa, que ofereceu água. O primeiro grande choro de Micarla foi quando disse que estava saindo para se dedicar à família. Outro momento foi quando agradeceu ao vice-prefeito Paulinho Freire, a quem se referiu como um “grande companheiro”. Ao citar os agradecimentos a família, Micarla citou apenas os dois filhos, Kallys e Theo, e a mãe.

Na  plateia, além desses, estavam também as duas irmãs da gestora municipal. Fazendo referência ao fato de ter se tornado evangélica, a prefeita, ao final do discurso, enumerou diversos pastores e disse: “Obrigada por me fazer descobrir um cara maravilhoso chamado Jesus”.

PT nacional mantém veto ao prefeito do Recife

Brasília (AE) – O diretório nacional do PT decidiu nesta sexta, por um placar de 49 a 19 votos e três abstenções, manter o veto à reeleição do prefeito do Recife, João da Costa, decidido pela executiva nacional que lançou o
senador Humberto Costa (PT-PE) na disputa, 20 dias atrás. Embora a questão seja municipal, a sucessão presidencial foi debatida no diretório. Vários dirigentes entendem que o rompimento da aliança local com o PSB foi provocado não pelo racha petista, mas pelos movimentos nacionais do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mirando 2014.

“Tudo isto está acontecendo porque 2014 já começou. Quem não vê isto é porque não quer”, disse o deputado Fernando Ferro (PT-PE) Para o ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), que também participou da reunião, o PSB está se  afastando e “se fazendo de exigente agora, para exigir a vice na reeleição da presidente Dilma Rousseff, lá na frente. Ferro vai além.
“Ele está se articulando no cenário nacional para ser vice ou para ser candidato a presidente”.

Cauteloso o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou em entrevista coletiva que a decisão do Campos de lançar candidato próprio no Recife “não é indício de uma candidatura Eduardo Campos; é indício de que ele quer se afirmar”. E se queixou do  rompimento, destacando que partiu do governador e presidente nacional do PSB a iniciativa de romper com o PT. “Não fomos nós que menosprezamos a aliança. A decisão foi dele (governador)”.

Antes de pensar em vencer o governador nas urnas, os petistas têm a difícil tarefa de costurar a unidade interna. “O Humberto tem uma missão difícil, mas estamos muito confiantes na capacidade dele”, observou Rui Falcão,
destacando que também aposta na força do PT pernambucano “e, principalmente, no apoio do presidente Lula”.

Aliados de Humberto Costa contam mesmo é com a atuação pessoal do ex-presidente para costurar um mínimo de unidade interna e projetar a candidatura petista adespeito do desgaste dos embates internos e da força do governador. E
têm pressa. Resta ao senador menos de uma semana até o prazo fatal de 30de junho, para tentar recompor o partido antes do registro da chapa.

O primeiro gesto será o de procurar o prefeito, dando-lhe garantia de que sua administração será defendida ao longo da campanha. Rui Falcão antecipa que ele ofertará ao grupo do prefeito vetado a possibilidade de indicar o candidato a vice em uma chapa puro sangue do PT. E acredita que a conversa produzirá “um processo de composição”.

“Isso é o  sonho deles, compor conosco. Mas a discussão que nos interessa é o cargo de prefeito. Não precisamos da vice”, reagiu o Fernando Ferro, na condição de expoente da ala que defendia a reeleição do prefeito. Embora
João da Costa não tenha se rebelado contra a decisão, Ferro ainda ameaça recorrer à justiça para buscar o direito à candidatura do prefeito.

Questionado sobre a dificuldade de defender a administração do prefeito petista vetado pela executiva e pelo diretório
nacional, Falcão lembrou que em seu partido não existe a figura da candidatura nata e afirmou que quem aparece com melhores condições políticas de manter o governo do PT no Recife é o senador. Segundo ele, o prefeito João da Costa está fazendo uma “ótima administração”, mas, o problema é político. “Ele não teve condições de unificar a frente”.

Para o secretário de mobilização do PT, Jorge Coelho, o diretório nacional não tinha “nenhuma decisão boa para tomar, fosse qual fosse”. A seu ver, ainda que o PT vença a eleição no Recife, com Humberto Costa, sairá perdendo. “O Humberto deixará o Senado e virá um senador ultradireitista para o lugar dele”, reclamou, lembrando que o suplente do petista é o
ex-governador Joaquim Francisco (PSB), que fez carreira política no PFL.

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