Coluna do Barbosa

Carlos Alberto Barbosa é jornalista, natural de Natal (RN), formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1984. É ainda autor do blogdobarbosa e assina uma coluna no portal Nominuto.com​

Só não enxerga quem não quer ou é incauto

23 de julho de 2016

Não é impeachment é golpe mesmo. Só não enxerga isso quem não quer ou é incauto, ou seja, ingênuo. Os fatos provam o que eu tenho dito neste espaço há tempos. Veja caro leitor: Os que ocupam o poder hoje são representantes do PMDB, Michel Temer presidente interino, e Rodrigo Maia, do DEM, eleito presidente tampão da Câmara dos Deputados em substituição ao presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB), investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por manter contas secretas em paraísos fiscais. Um dos que tramou o golpe.

Senão vejamos: o golpe tem interesses outros que não só políticos. A classe empresarial tá por trás disso, sobretudo a poderosa Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de S. Paulo). Os encontros de Temer com Paulo Skaf, presidente da Fiesp, no Jaburu, residência oficial do presidente interino, antes do golpe se consolidar provam isso.

Mas vamos aos fatos para se chegar a conclusão do que estou a dizer. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, admitiu à Folha de S.Paulo que revogou a prorrogação dos trabalhos da CPI do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), determinando o encerramento das apurações na primeira semana de agosto, para cumprir um acordo feito com parlamentares às vésperas de sua eleição ao cargo, no último dia 15. A comissão foi criada em 4 de fevereiro para investigar a atuação de grandes empresas e de conselheiros do Carf, órgão ligado ao Ministério da Fazenda responsável por julgar autuações aplicadas pela Receita Federal aos contribuintes. As denúncias são alvo da Operação Zelotes, da Polícia Federal, e miram algumas das principais instituições financeiras e grupos empresariais do país, suspeitos de pagar propina para reduzir ou anular elevadas multas impostas pela Receita. Entre eles, os bancos Safra, Bradesco e Santander e os grupos RBS e Gerdau.

De acordo com a reportagem da Folha, foi fechado na presença de Maia pelo então presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), com integrantes de partidos como o DEM, o PSDB e o PSB. Maranhão recuou em seguida e deu novo prazo de 60 dias para a comissão.

O novo presidente da Câmara revogou a prorrogação e determinou que a CPI reservasse seus últimos 26 dias de trabalho para a votação do relatório final.

Relatei também aqui neste espaço os reais motivos pelos quais a poderosa Fiesp apoiou com o seu “Pato Amarelo” as manifestações a favor do impeachment da presidenta Dilma. Ou melhor, a favor do golpe. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmou na última quarta-feira (20), que o governo do presidente em exercício, Michel Temer, vai encaminhar até o fim do ano ao Congresso Nacional propostas para a reforma trabalhista e para a regulamentar o processo de terceirização no país. Detalhe: o ministro já fala como se o governo golpista fosse mesmo permanecer, o que espero que não.

Sobre a terceirização, o ministro do Trabalho informou que a proposta do governo contemplará a regulamentação de contratos de “serviço especializado”, mas não deu mais detalhes sobre o assunto. Segundo ele, o governo ouvirá os trabalhadores, os empregadores e especialistas, e buscará uma proposta próxima do “consenso”. Ah, sei, bem entendido!

Como se observa, PMDB e DEM no poder, a se confirmar o golpe, será um retrocesso atingindo sobremaneira as leis trabalhistas conquistadas no governo Vargas, que a esta altura deve tá se tremendo de raiva no túmulo. As conquistas sociais também deixadas nos governos do PT certamente serão deixadas de lado para priorizar os interesses da classe empresarial.

E qual a maior acusação que pesa sobre os governos do PT; de ter tirado mais de 60 milhões de brasileiros da pobreza extrema. Isso os poderosos de plantão não aceitam, ou melhor, não engolem. E os que não querem enxergar isso e os ingênuos só acreditam no que falam dos governos petistas. Não param para observar que o que está em curso é um golpe apoiado por interesses empresariais financiadores de campanhas políticas. Os exemplos citados neste texto demonstram claramente isso.

Mas aí vão perguntar: mas Barbosa e a corrupção na Petrobras nos governos petistas? Devo dizer que isso não ocorreu só nos governos petistas. Ademais, o PMDB é o partido que tem mais gente envolvida na Lava Jato com indicações de pessoas que patrocinaram a corrupção na estatal. Ninguém fala sobre isso principalmente os incautos. Mas deixa pra lá. É como sempre digo:

A conferir!

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