Coluna do Barbosa

Carlos Alberto Barbosa é jornalista, natural de Natal (RN), formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1984. É ainda autor do blogdobarbosa e assina uma coluna no portal Nominuto.com​

Tá na hora da sociedade voltar às ruas

30 de novembro de 2016

O saudoso deputado Ulysses Guimarães, o “Senhor Diretas” costumava dizer que “político só tem medo do povo nas ruas”. Pois é chegada a hora da sociedade deixar a comodidade da poltrona ou das varandas gourmets e voltar as ruas não só pelo “Fora Temer”, mas também para cobrar dos nossos congressistas ética e moralidade na política, o que me parece tá faltando. E quando falo em sociedade não estou aqui falando só dos que são contra o governo Temer, mas também os que defenderam o impeachment da presidenta Dilma.

Fatos relevantes ocorreram nos últimos meses no governo Temer, motivos pelos quais são de sobra para levar o povo as ruas. Veja caro leitor que em menos de seis meses de governo Temer foi “obrigado” a exonerar seis ministros – uma média de um auxiliar por mês – devido a envolvimento em algum tipo de irregularidade que foge a ética. São eles:

Romero Jucá – Planejamento
Uma semana e meia após ser nomeado ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB) anunciou sua saída do cargo no dia 23 de maio. A saída ocorreu no mesmo dia em que o jornal “Folha de S.Paulo” divulgou uma conversa em que Jucá sugere um “pacto” para barrar a Lava Jato ao falar com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Fabiano Silveira – Transparência
O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, deixou o cargo no dia 30 de maio também por causa das gravações de Sérgio Machado. A decisão do ministro de sair do governo foi tomada um dia depois da divulgação de uma conversa sua com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na qual ele criticou a condução da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da República (PGR).

Henrique Eduardo Alves – Turismo
Após ser citado no acordo de delação premiada de Sérgio Machado como beneficiário de propina, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu demissão do cargo no dia 16 de junho. Em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR), o ex-presidente da Transpetro relatou ter repassado a Henrique Alves R$ 1,5 milhão em propina entre 2008 e 2014.

Fábio Medina Osório – AGU
O Palácio do Planalto informou no dia 9 de setembro que o presidente Michel Temer tirou do cargo o até então advogado-geral da União, Fábio Medina Osório. Segundo a GloboNews, Medina teria tido uma discussão com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, um dia antes. Após o desentendimento, Padilha teria demitido Medina. Padilha indicou Medina para a pasta, mas, segundo a GloboNews, estaria insatisfeito com uma sucessão de ações consideradas erráticas pelo Planalto por parte do ministro no comando da AGU.

Marcelo Calero – Cultura
O ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão do cargo no dia 18 de novembro. Posteriormente, acusou Geddel de tê-lo pressionado a conceder a licença de construção de um prédio de luxo localizado em um bairro nobre de Salvador, que havia sido barrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Geddel Vieira Lima – Secretaria de Governo
Acusado de ter pressionado Calero para liberar uma obra em Salvador, Geddel Vieira Lima pediu demissão nesta sexta-feira. A turbulência política provocada pela denúncia chegou ao gabinete presidencial na quinta, quando veio à tona o teor do depoimento prestado nesta semana por Calero à Polícia Federal (PF). Calero disse aos policiais que, durante uma audiência no Palácio do Planalto, Temer interveio em favor dos interesses do ministro da Secretaria de Governo.

Não só isso: para tentar abafar a crise moral e ética que o seu governo enfrenta, acompanhado dos presidentes das duas casas legislativas, o presidente Michel Temer disse, em coletiva de imprensa convocada para o último domingo (27), que foi feito um acordo institucional entre Executivo e Legislativo para garantir que não prosperará qualquer tentativa de anistiar crimes de caixa dois.

Na noite desta terça-feira (29), na calada da noite a Câmara mudou o teor do pacote anticorrupção. Foi traçado o roteiro para a votação do pacote das dez medidas de combate à corrupção, com mudanças significativas no texto proposto pelo relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS). As mudanças vieram na madrugada – ao contrário do que haviam prometido antes, de que nada fariam “na calada da noite”. Uma clara resposta aos passos da Operação Lava-Jato que agora chega ao mundo da política.

Ficou preservado apenas o artigo que trata da criminalização do caixa dois de campanha, tal como o presidente Michel Temer, ao lado dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia, prometeu à nação: sem anistia para os chamados crimes correlatos. Ou seja, tudo nos conformes e como combinado na coletiva que Temer concedeu à imprensa.

No primeiro instante, emendas para anistiar crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro estavam sendo preparadas para alterar o substitutivo de Lorenzoni. Mas foram deixadas de lado depois da entrevista de Temer no último domingo, que sentiu a pressão da sociedade pelas redes sociais. A hastag #anistiaaocaixadoisnão foi um dos assuntos mais comentados desde a última semana.

As dez medidas de combate à corrupção que viraram apenas quatro, foram aprovadas às vésperas da assinatura da delação premiada da Odebrecht, que cita algo em torno de 200 políticos que receberam recursos para suas campanhas.

Tá na hora da sociedade voltar às ruas, pois, como dizia Ulysses Gumarães, “político só tem medo de povo nas ruas”.

A conferir!

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