Via Costeira ganha projeto de shopping center

6 de novembro de 2014

Saiu no Novo Jornal:

Um anúncio de duas empresas com atuação no turismo oxigenou o ambiente para investimentos no setor, que viu o capital sumir diante das crises americana e europeia e também por causa da reacomodação do mercado interno. A incorporadora Ritz Property e a construtora G5 tornaram pública a joint venture (associação de empresas sem a perda da personalidade jurídica de cada uma delas) que vai trazer de volta a rede hoteleira francesa Accor para Natal e contempla empreendimentos como um shopping center na Via Costeira. Também está no horizonte a formação de um fundo imobiliário, sob a coordenação do ex-ministro Antônio Kandir.

O anúncio foi feito na quinta-feira, em um jantar no restaurante Abade, com a presença de 38 investidores asiáticos, vindos principalmente da Malásia e de Singapura. Pelo acordo, o grupo G5 vendeu uma participação à Accor do Hotel Pirâmide (Via Costeira), que vai operar, a partir de abril de 2015, com a bandeira Mercure. Os valores do negócio não foram revelados. No mesmo contrato, foi acertada a construção de um hotel, também sob gestão da Mercure, na avenida engenheiro Roberto Freire, em um terreno ao lado do restaurante Mazzano. Além dos empreendimentos turísticos, estão contemplados projetos residenciais, como é o caso do residencial Costa Azul, na rua Sachet, Ribeira.

A Ritz é uma empresa inglesa que atua no Rio Grande do Norte desde 2007 e o seu primeiro projeto imobiliário foi o Palm Springs, um condomínio residencial em Muriú. A incorporadora constituiu um fundo de investimento fora do Brasil, com sede em Londres, o Shenton Wealth, formado principalmente por investidores europeus e asiáticos. Pelo crescimento do mercado imobiliário interno, ou seja, não voltado para a segunda residência, como foi o caso da Ritz, o Shenton começou a buscar projetos no Brasil.

Um dos quais a incorporadora pretendia realizar foi um Hotel Mercure (da bandeira Accor), que estava sendo o objeto de licenciamento pela G5. A busca do projeto foi feito pela própria Ritz, conforme o advogado André Elali, cujo escritório do mesmo nome trabalhou na área jurídica do negócio. Ela é advogado tanto do G5 (grupo do qual também é herdeiro) quanto da Ritz, além de ter relações antigas de amizade com diretores da incorporadora.

Pelo acordo, grupo G5 vendeu participação à Accor do Hotel Pirâmide, que passará a operar, a partir de abril de 2015, com a bandeira Mercure. (Foto: Ney Douglas)

Pelo acordo, grupo G5 vendeu participação à Accor do Hotel Pirâmide, que passará a operar, a partir de abril de 2015, com a bandeira Mercure. (Foto: Ney Douglas)

 

“Coincidentemente, eles são pessoas da minha relação pessoal, são amigos há muito tempo, temos uma ótima relação de confiança e começamos a conversar em 2012, com a formalização de contrato de joint venture em março de 2013”, detalha Elali. Para concretizar os negócios, foi criada uma Sociedade de Propósito Específico (SPE). A Ritz aportou o capital para fazer a realização do projeto, a G5 integrou o terreno da avenida Engenheiro Roberto Freire e as licenças para a utilização da bandeira Mercure. As fundações da construção já foram feitas e, em dois anos, a obra deve ficar pronta.

Confiança

André Elali diz que houve uma busca de investidores que confiam na Ritz, fora do Brasil, para realizar negócios de alta importância no mercado local. Então surgiu a negociação do Pirâmide, que estava sendo negociado com um fundo de investimento do Brasil e, ao mesmo tempo, a Ritz se interessou e começou a criar alternativas para concretizar uma participação societária.

“Os recursos da incorporadora foram utilizados para fazer a reforma e adaptação do hotel para o mercado atual. “O hotel tem 16 anos e sofreu uma depreciação natural da estrutura de móveis e convenções, por exemplo”, diz Elali.

Outros projetos imobiliários surgiram dentro dessa ideia: ao invés de criar os seus próprios projetos, seria muito mais eficiente para a Ritz se associar com algum parceiro local.

Foram analisados outros parceiros do Rio Grande do Norte. A G5 é uma empresa familiar com um largo histórico empreendedor no estado, mas estava enfrentando dificuldades no mercado imobiliário, que mudou muito, com o aumento da oferta de grandes empresas com capitalização em bolsa de valores, como é o caso de Rossi, Cyrela e PDG. Por outro lado, o custo de construção subiu e o modelo de auto-financiamento migrou para o financiamento bancário, com regras mais burocráticas.

A Ritz tem acesso ao capital, com empreendimentos grandes no RN. “Criamos um conselho com seis integrantes, cada um com visões técnicas, tornando a administração profissional. E eu participo das reuniões com o advice (aconselhamento)”, declara o advogado.

A Mercure vai assumir o Pirâmide, gerenciá-lo e comercializar as hospedagens por todo o Brasil, com metas que superam todas as estabelecidas até então. É uma rede bastante agressiva na comercialização e Elali acredita que o faturamento do hotel vai ser bastante favorecido.

O CEO (chief executive officer) da Ritz, Luiz Fernandes, diz que o potencial do negócio é excelente e os investidores estão animados. Ele comenta que a retração vista no Rio Grande do Norte foi vista em várias partes do mundo. “Tínhamos investimentos na Espanha e Turquia, mas vimos os clientes sumirem”, revela. Porém, ele acredito que faltou investimento do governo para tentar compensar perdas iminentes. “Estamos otimistas para a próxima gestão. É uma pensa que não se tenha percebido a qualidade de nossa rede hoteleira”, conclui Fernandes.

Grupo planeja a criação de um fundo de investimento

O segundo passo do acordo entre a Ritz e a G5, que já era um objetivo da família controladora da construtora, será a criação de um Fundo de Investimento em Participações (FIP), criado pelo ex-ministro Antônio Kandir. Quando os hotéis estiverem performando e os projetos imobiliários desenvolvidos, será feita uma oferta de cotas no mercado financeiro. É um projeto de longo prazo.

O ex-ministro do Planejamento (no governo Fernando Henrique Cardoso), Antônio Kandir, diz estar em uma fase inicial de estudos para elaborar o formato mais adequado para o fundo. “É preciso conhecer exatamente o perfil dos investidores potenciais para esse tipo de produto e, do outro lado, o tipo de projeto que temos. Além de estudar o tipo de rentabilidade esperada pelo padrão do investidor”, fala ele, que estava no jantar do Abade.

Kandir diz ter ficado com uma boa impressão tanto do Ritz quanto da G5 e dos parceiros internacionais que eles têm. “O mais importante é a gente perceber que o grupo de empreendedores que desenvolve o projeto têm um histórico de qualidade”, comenta.

Shopping da Via Costeira está na Semurb

A joint venture entre a Ritz e a G5 prevê a construção de um shopping na Via Costeira, cujo projeto está em fase de licenciamento na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb). “Estamos aguardando os parâmetros do órgão e partir para a edificação”, diz André Elali. As dimensões não foram divulgadas porque algumas variáveis deverão ser definidas pelo órgão regulador. O local será entre o hotel Sehrs e o Pestana. É o único terreno da Via Costeira com permissão para abrir um shopping, com praticamente um quilômetro de praia.

Antônio Kandir

Ao comentar sobre a reeleição da presidente Dilma Rousseff, Kandir se junta a um exército de economistas que esperam um ajuste fiscal convincente em 2015.

Ela comenta que a sociedade brasileira manifesta, hoje, mais claramente o que deseja. “Na verdade, isso está cristalizado na própria Constituição. Queremos uma sociedade mais justa e solidária, o progresso de todos”, diz, mas adverte que esse ideal só se concretiza se a inflação estiver controlada.   “A sociedade brasileira vai condenar duramente todo e qualquer governante que colocar em risco um projeto de preços controlados”, declarou o ex-ministro.

A inflação está sempre próxima do teto da meta e “não é possível brincar assim”, observa ele, ao dizer que é “extremamente perigoso” ficar com a inflação entre 6% e 7% ao ano. Qualquer choque de preços leva ela para próximo de 10% ao ano e existe uma tendência de reindexar a economia muito amplamente se isso acontecer.

Kandir diz que gostaria muito que 100% do ajuste fical fosse concentrado no custeio da máquina pública. “Não estou falando de redução do gasto e sim do custeio. Só assim faremos uma poupança do setor público para que ele possa investir mais”, finalizou.

Clique aqui para ver a publicação original

Deixe seu comentário:

© 2015 RioGrandedoNorte.Net - Todos os Direitos Reservados

O RioGrandeDoNorte.Net seleciona as notícias mais importantes da semana a partir das mais confiáveis fontes de informação setorial. Em algumas delas, agregamos o noticiário de um assunto em um só item, ressaltamos (negritando) ou até comentamos (grifando) a notícia original, caso pertinente.