Podemos dizer com toda certeza que vivemos um momento ímpar na nossa, nem tão jovem assim, democracia, onde os embates políticos têm demonstrado que somos um país tolerante, diria até que muitas vezes ao extremo. Prova maior disso são as redes sociais onde a liberdade de expressão chega a ser uma coisa intolerante, tal o abuso das pessoas que por acharem que todos devem pensar igual colocam agressividade em seus pensamentos.

Ora, se fossemos pensar igual desvirtuaria a democracia, pois que democracia pressupõe a convivência dos contrários. Sou democrático e até mesmo otimista quanto ao futuro do país. É verdade que passamos por um momento turbulento na política e na economia, mas haveremos de superar como em outras tantas vezes.

Não sou pessimista como a ministra Carmem Lúcia (do Supremo Tribunal Federal) que disse, já ao apagar das luzes do ano que se finda que, “na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo.”

É claro que a decepção com a classe política é grande e não tiro a razão de muitos. Eu mesmo, confesso, que estou decepcionado, mas isso não significa dizer que o mundo acabou. Crises políticas e econômicas existem em qualquer nação, isso não é um “privilégio” do Brasil. E em qualquer lugar do mundo isso é superado. Portanto, o Brasil não será exceção.

A crise política instalada no nosso país se agravou nos últimos meses, sobretudo, com o envolvimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ter sido beneficiado no esquema da Lava Jato. Logo Cunha, que empunhava a bandeira do impeachment da presidenta Dilma. Os incautos que acreditavam ser ele o baluarte para tirar Dilma do poder, agora não acreditam mais nisso. Enfim, há de se dizer que todo político calça 44 bico largo.

A crise econômica que tanto se fala beneficiou o turismo interno. Com o dólar em alta o brasileiro deixou de viajar ao exterior para conhecer melhor o Brasil. Os hotéis, ao menos é o que a imprensa noticia, estão com taxa ocupacional de 100% para o Réveillon e com reservas já até o carnaval.

O que eu quero dizer com isso? Quero dizer que nem tudo está perdido. A democracia brasileira já é suficientemente madura para que possamos passar essa tempestade sem traumas. Portanto, caro leitor, deixemos o pessimismo de lado.

Plagiando Carlos Drumond de Andrade e aproveitando o gancho de um fim de um ano e início de outro, gostaria de desejar a cada leitor, tantas coisas, mas nada seria suficiente. Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. Desejos grandes. E que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo de sua felicidade!

Charge: Jarbas, no Diário de Pernambuco