Notícia publicada no caderno de Cidades do O Jornal de Hoje:
Quando nascem, despertam a atenção e o carinho dos humanos. São engraçadinhos, frágeis, pequenos. Cãezinhos e gatos de raças diversas são requisitados pelas crianças que desejam fazer deles seu brinquedo – aos adultos, uma opção de distração ou proteção. Por diversas razões, os animais são levados para casa. Por vezes, adquiridos a alto preço, pelo pedigree, pela pureza da raça. Enquanto pequenos, tudo é levado à conta de peraltices próprias de quem está descobrindo o mundo ao seu redor.
Mas quando crescem, adoecem e ficam idosos, acabam sendo levados ao esquecimento. É difícil apontar apenas um motivo para o crescente abandono de animais. Muitas vezes, o bichinho é comprado ou adotado por impulso. Em outras, o dono se muda, age com frieza e abandona o cão ou gato. A questão deixa um número grande de animais perambulando pela cidade, pondo em risco suas vidas e a saúde do ser humano. Quando o abandono não basta, uma das medidas comuns é sacrificar o animal.
A dificuldade de encontrar donos comprometidos em cuidar desses animais fez com que Hilana Ubarana, ativista social de 46 anos, buscasse, por conta própria, doar um pouco de seu tempo em prol dos seres indefesos. Há cerca de quatro anos, Hilana começou a realizar o trabalho de atenção animal, após ter recebido o pedido de uma conhecida para ceder um lar provisório a seu cachorrinho.
“A partir daí comecei a me inteirar da atenção animal. Procurei ter contato com alguns animais que precisavam de lar e conheci atitudes de algumas amigas que faziam ações de atenção voluntária. Elas andavam em seus carros portando um pouco de ração e água, por exemplo, para dar aos animais que encontrassem nas ruas. Hoje eu ajo da mesma forma. Sempre com algum subsídio no carro para oferecer aos animais. Eles sentem fome, sede. Eles sentem a mesma dor e necessidades que a gente”, conta Hilana.
Mãe de dois filhos adolescentes e dona de três cachorros e quatro gatos, Hilana Ubarana é uma das milhares de pessoas do país que trabalham em prol da adoção de animais. Na maioria dos casos atuando como mediadora da adoção, a potiguar dissemina a importância das pessoas colaborarem com o bem estar dos animais – situação que beneficia a saúde geral da população.
“Cada um tem o seu momento para despertar com o que acontece a sua volta. Quando comecei a conhecer as pequenas atitudes de algumas pessoas, vi que algo estava errado em mim e que eu poderia fazer mais. Por isso, comecei a me empenhar em fazer campanhas de adoção, principalmente para que as pessoas forneçam lares provisórios para os animais abandonados”, disse.
De acordo com a defensora dos animais, o pouco que as pessoas podem fazer é muito em um resultado final. “Nos lares provisórios as pessoas não têm despesa nenhuma. Nós providenciamos alimentação, vacinas, consultas com veterinários. Tudo o que queremos é que as pessoas cedam um espaço para abrigar o animal”, apontou.
“Se você não pode ceder um lar provisório, é só nos ajudar com a doação de ração, por exemplo. Se não pode ajudar com ração, faça-o com a castração dos animais, para evitar a proliferação acelerada. Se a castração é inviável, pode ajudar com a aquisição de remédios para filhotes. Há inúmeras maneiras de ajudar, sem que seja necessário abandonar o animal nas ruas”, destacou Hilana.
Entre as ONGs e associações de defesa animal, o homem que ajuda aos animais é considerado um Veterinário Solidário. Sempre dentro de suas possibilidades pessoais e profissionais, o Veterinário Solidário age como um profissional e cidadão consciente. De acordo com Hilana, isso significa ter uma “atitude positiva para com a situação de carência apresentada”. A intenção é que cada um contribua com o que tem em mãos.
Com seu poder de comunicação e força de vontade, Hilana organiza e divulga campanhas de adoção, buscando conscientizar a sociedade. “O intuito é conscientizar a população; converter cães e gatos em verdadeiros membros da família; e facilitar o acesso à saúde do animal buscando meios de realizar a castração para diminuir o abandono e o sofrimento desses animais”, explica.
Muitos dos problemas que acometem os animais podem ser solucionados por uma simples orientação. Diante disso, voluntária da ONG Animais, Patamada e fundadora da futura Oscip Fucinhos Felizes Potiguares, Hilana busca alçar novos projetos que incluem palestras em escolas de Natal. “Quero que as crianças saibam como tratar e respeitar os animais. Assim, esse cenário de abandono pode mudar bastante”, afirmou.
Autodoação
Para bancar os exames e tratamento dos animais resgatados, incluindo os custos com tosa, castração, medicação, internamento, procedimentos cirúrgicos e outras necessidades, Hilana faz uso de um talento especial. Formada em Educação Artística, ela pinta quadros e faz customização de camisetas. Com o dinheiro arrecadado, investe na saúde e cuidado dos animais.
Professora aposentada pelo município de Natal, a educadora artística descobriu há alguns anos que possui Lúpus, doença autoimune que atinge o sistema imunológico, mas enxergou na doença um meio de arrecadar fundos para seus projetos. “Por causa da doença eu acabei me dedicando mais às telas e pinturas. Tinha época que eu queria ajudar em algo, mas não conseguia nem pentear meu cabelo por causa da fraqueza. Então comecei a pintar telas. A renda que eu tenho da venda dessas artes vai para um animal que eu esteja cuidando ou para alguma ONG”, disse.
Legislação
Conforme o Estatuto de Defesa, Controle e Proteção de Animais, o responsável deve garantir as condições de bem estar ao animal, ou seja, garantir que o bicho não passe fome, sede, desconforto, dor e lesões. Uma forma de assegurar esses direitos é o Registro Geral dos Animais, um termo de responsabilidade gerenciado pelo Centro de Controle de Zoonoses. A emissão do registro está prevista no estatuto – sancionado em novembro, e passa a ser obrigatório a partir de agosto de 2013.
O abandono de animais é considerado um ato de mau trato e é, portanto, ilegal e considerado crime que pode culminar em punição de prisão e multa. Quem testemunhar um caso de abandono pode fazer a denúncia em uma delegacia de polícia ou, ainda, para a Vigilância Sanitária, já que o número crescente de cães e gatos abandonados é uma preocupação de saúde pública.
Redes sociais ajudam no resgate e encontro de novos lares
Nem sempre um animal solto na rua quer dizer que ele foi abandonado. E é uma angústia para o dono quando o cão ou gato foge de casa. E, mais uma vez, as redes sociais, como o Facebook, entram em cena. A cada dia, tem se tornado mais frequente ver na “timeline” anúncios de bichinho perdido ou encontrado. E então começa uma verdadeira mobilização entre os usuários para encontrarem o dono do animal ou um novo lar para ele.
Outras informações sobre adoção de animais e lares provisórios podem ser obtidas com Hilana Ubarana, através do email hilana_andrade@msn.com ou pela página pessoal do Facebook: Hilana Ubarana de Andrade.
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