Chantagem e revanchismo no pedido de impeachment

3 de dezembro de 2015

Faço minhas as palavras do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, que disse na sua conta no Facebook, que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), lança mão de “chantagem” para manter seu mandato. Segundo o ministro, “a presidenta Dilma não possui contas na Suíça e não está sendo acusada ou investigada por atos ilícitos. Ela foi eleita legitimamente, em eleições limpas e justas pelo povo brasileiro e, mesmo considerando a baixa popularidade ou a crise econômica momentânea”.

É correto afirmar que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, baseou sua decisão de abrir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff nos decretos do governo federal que aumentaram despesas sem autorização do Congresso Nacional e na prática das chamadas pedaladas fiscais em 2015. Ao analisar o pedido encabeçado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal , Cunha rejeitou alguns dos principais argumentos apontados na peça, como a rejeição das contas do governo de 2014 e a denúncia de que a presidente teve responsabilidade nos atos de corrupção na Petrobras.

DF - CUNHA/JORNALISTAS - POLÍTICA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concede entrevista aos jornalistas setoristas da Câmara fazendo um balanço do primeiro semestre do ano, em uma café da manhã oferecido no anexo IV na Câmara dos Deputados, em Brasília. 16/07/2015 - Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO

DF – CUNHA/JORNALISTAS – POLÍTICA – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concede entrevista aos jornalistas setoristas da Câmara fazendo um balanço do primeiro semestre do ano, em uma café da manhã oferecido no anexo IV na Câmara dos Deputados, em Brasília. 16/07/2015 – Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO

Por outro lado, bom que se diga, que nos governos de Fernando Henrique Cardoso também foram usados o artifício das pedaladas fiscais, e no entanto, ele não sofreu nenhum processo de impeachment. Aliás, esse artifício é corriqueiro também nos governos estaduais. Daí questionar o fato de Eduardo Cunha, ao apagar das luzes de 2015, ter acatado o processo de impeachment contra a presidenta Dilma. Me cheira a revanche.

Fato é que ninguém, absolutamente ninguém, neste atual Congresso tem moral para pedir o impeachment da presidenta Dilma. Para que se faça isso seria necessário desfazer o Parlamento e convocar novas eleições elegendo-se congressistas ilibados, que não tenham sido maculados pela corrupção que assola o país.

Para não ser injusto, diria que existem entre 10 a 12 congressistas que estariam hoje em condições de dizer que têm moral para pedir o impeachment, embora, repito, não veja motivos para isso. Os juristas entendem que as pedaladas fiscais já seriam motivos. Mas, volta a pergunta: e os governos tucanos de FHC não procederam da mesma forma? Sendo assim, caro leitor, observa-se claramente que o pedido de impeachment acatado por Eduardo Cunha tem objetivos claramente políticos e de cunho revanchista.

A conferir!

Foto reproduzida da internet

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