Deu no caderno Eleições 2012 da Tribuna do Norte:
Entre os dias 1 e 6 de julho, a TRIBUNA DO NORTE publicou uma série de reportagem sobre os desafios que o novo administrador do município de Natal terá pela frente nas áreas de limpeza pública; transporte e mobilidade urbana; educação; saúde e no funcionalismo público. A partir desta edição, os seis candidatos a prefeito de Natal, nas eleições de 3 de outubro, apresentam suas propostas para Natal. O primeiro tema é limpeza pública.
Com uma população de 803.739 habitantes, segundo o Censo 2010 (IBGE) e uma área de 167 km², a capital potiguar produz mais de 1.400 toneladas diárias de lixo, incluindo metralha e poda. Especialistas, representantes sindicais e a população ouvida pela TN na série “Os desafios do novo administrador de Natal” afirmaram a necessidade de mudanças na forma de gestão; transparência na aplicação de recursos e uma máquina administrativa eficiente.
Nessa área de resíduos sólidos, os desafios apontados são vários: destinação adequada da matéria orgânica; custeio do tratamento; reciclagem de materiais e política reversa. Para o Ministério Público Estadual, gerir o sistema de limpeza urbana com eficiência depende de profissionalização da gestão, do equilíbrio entre receitas e despesas, de um enxugamento de gastos e de uma auditoria que revise os contratos firmados pela Companhia de Serviços Urbanos (Urbana) com as prestadoras de serviço. Diante dos desafios elencados, os prefeitáveis enumeram, abaixo, soluções e propõem, além da restruturação do serviço de limpeza pública, revisão de contratos, enxugamento de gastos e restruturação da Urbana.
ROBERTO LOPES PCB
“A questão a limpeza tem que ser levada com seriedade. A gente propõe os conselhos populares do meio ambiente para que a população possa participar e discutir políticas públicas que venham a beneficiar a coletividade. Achamos que o lixo não é para enriquecer empresa privada. A gente precisa reforçar e fortalecer a Urbana. Vamos rever os contratos, pagar a quem deve, mas também vamos combater a corrupção; fortalecer a Urbana, através de seus funcionários e acabar com essa terceirização de serviços na limpeza pública. Ampliaremos a coleta seletiva, por meio de concurso público. Faremos um plano de recuperação de rios e lagoas. É importante despoluir os rios, entre eles, o rio Potengi. Isso é um problema sério, que vamos enfrentar. Iremos reabrir a usina de reciclagem de lixo, com tecnologia apropriada e eliminação de lixões. É imoral que uma usina daquela tenha sido fechada em 98 e, até agora, não exista um plano de reabertura para que os trabalhadores possam ter uma renda e construir a possibilidade de uma cidade limpa, sustentável”.
ROBÉRIO PAULINO PSOL
“Primeiro queria dizer que Natal está uma sujeira só e isso, digamos, é inaceitável. Nós precisamos mudar esse sistema e a primeira coisa é proceder uma revisão completa dos contratos da Urbana. Estamos de acordo com o Ministério Público que há muita possibilidade de fraude nessa área. Nós queremos evitar o processo de privatização e de ‘caixas pretas’ com esses contratos. Nós achamos que é possível racionalizar esse serviço e utilizar melhor os recursos e não abrir espaço para fraude. Vamos estabelecer como período máximo de coleta de lixo 48 horas, como questão de saúde pública. Vamos proceder e fazer um grande mutirão na cidade, nos três primeiros meses, tanto para a limpeza, quanto para tapar buracos. Mas, para isso, é preciso contratar mais garis. O contingente de garis é insuficiente para o tamanho da cidade. Temos que contratar mais, valorizar e motivar essas pessoas. E, certamente, temos que dar transparência total a esses contratos e racionalizar a utilização do dinheiro público, para que a coleta seja feita à contento e a cidade não esteja abandonada como está.”
FERNANDO MINEIRO PT
“A situação em nossa cidade em termos de limpeza pública é de calamidade. Inicialmente, nós vamos ter um programa emergencial para tirar Natal literalmente do lixo. Paralelo a isso, vamos fazer um plano de restruturação do serviço. Hoje, a coleta de lixo em Natal é totalmente terceirizada. Vamos rever essas relações com o setor privado, e rever, inclusive, a questão das áreas, definindo de maneira clara e transparente as regras da coleta de lixo. E vamos implantar, universalizando ao longo do tempo, a coleta seletiva. Tendo uma boa coleta seletiva, podemos diminuir os gastos e a quantidade de lixo que se desloca. Vamos debater a relação com a empresa que faz o aterro sanitário e com os municípios da região Metropolitana. Vamos redefinir o papel do órgão gestor. Restruturar a empresa para que tenha um papel mais ativo, regulador do sistema, modernizando sua gestão e superando as dificuldades administrativas. Vamos articular de uma maneira permanente e estratégica a coleta seletiva e a limpeza do dia-a-dia das nossas ruas. Cidade limpa tem a ver com qualidade de vida e com cidade saudável.”
ROGÉRIO MARINHO PSDB
“Tem que primeiro fazer com que a coleta volte a se estabelecer com regularidade. O fato da cidade está hoje imersa em lixo é apenas a face mais evidente desse grande ‘iceberg’ da falta de planejamento que assola nossa cidade há alguns anos. O município precisa restabelecer o Consórcio Intermunicipal que permite que o lixo gerado em Natal seja acondicionado num aterro sanitário em município vizinho, como acontece hoje em Ceará-Mirim. Nós temos que estabelecer uma cultura na cidade para que a população possa previamente separar o lixo na sua casa e, separando o lixo, permitir que o município leve o menor volume de lixo para os aterros sanitários e para a estação de transbordo. Isso certamente é fruto de uma campanha educativa e como contrapartida um bom serviço que precisa ser prestado à população. Nós temos que obrigar também que todos os proprietários de terrenos baldios tenham seus terrenos murados. Isso vai evitar o acúmulo de lixões, onde se gera barato, rato, inseto que sai do lixão e vai a residência do morador e acarreta uma série de doenças. ”
HERMANO MORAIS PMDB
“Limpeza pública hoje é um dos grandes dilemas da população de Natal, essa cidade tão abandonada. O que nós verificamos, hoje, em todos os bairros da cidade é o lixo acumulado, em virtude da ineficiência da empresa pública que cuida da limpeza de nossa cidade, a Urbana, que hoje é deficitária, endividada, e exerce apenas, parcialmente, essa atividade, delegando a outra parte a empresas privadas. Precisamos equacionar essa questão. A TLP, que é a Taxa de Limpeza Pública, cobre apenas 25% dos custos, então temos que rever essa equação, rever também os contratos dos serviços que são terceirizados. Temos também que fazer campanhas junto à população para que seja parceira, ajudando na dinamização do trabalho de coleta seletiva, transformando um problema, que o lixo, em solução, e gerando emprego e renda. Precisamos de uma política séria, bem definida, onde o cidadão seja atendido naquilo que ele não aceita mais que o descaso, a sujeira em sua porta. Vamos cuidar bem dessa cidade para que possamos ter uma vida mais saudável.”
CARLOS EDUARDO PDT
“É bom que se diga que Natal era assim, um prato limpo. Uma cidade limpa, muito elogiada pelos turistas do Brasil e do mundo que nos visitava. Hoje, Natal está um caos. Natal está suja. A Urbana completamente desorganizada administrativamente. Nós vamos recuperar a Urbana e colocar pessoas com o perfil para o exercício da função. Nós vamos diminuir cargos comissionados na Urbana, revisar todos os contratos terceirizados e vamos recuperar a limpeza de Natal. Quando fizemos o aterro sanitário; quando começamos a coleta seletiva e deixamos 56% da população de Natal atendida foi um grande avanço. Eram 18 caminhões trabalhando, de manhã, à tarde e à noite, e eliminamos o lixão de Natal. Foi a última capital do Brasil a eliminar o lixão encravado na área urbana, exatamente em nossa gestão. Hoje, a coleta seletiva está reduzida a 12%, segundo informações da Prefeitura, e eu acho que a gente regrediu. Houve um retrocesso. A cidade está suja e vamos recuperar isso, porque é uma questão de saúde pública.”
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Tadzio França – Tribuna do Norte
Cenário de uma ativa movimentação cultural, o chamado Centro Histórico de Natal, compreendido entre a Cidade Alta e a Ribeira, tem muitos problemas a serem
Classe política falará sobre seus projetos e ações de desenvolvimento para o Centro Histórico, que compreende Cidade Alta e Ribeira. (Foto: Aldair Dantas)
resolvidos. Para discutir ideias e soluções, a Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (SAMBA) está promovendo uma série de encontros com os candidatos a prefeito da capital potiguar. A chamada ‘Sambatina do Centro Histórico’ começa neste sábado, e seguirá nos dias 25 de agosto e 1º de setembro, convocando os seis prefeitáveis para discutir as muitas questões envolvidas.
O primeiro encontro da sabatina será realizado na sede da OAB RN, rua Câmara Cascudo, Cidade Alta. O debate inicial será das 11h30 às 13h, apenas com o candidato do PCB, Roberto Lopes. Fernando Mineiro, do PT, teve que adiar sua participação hoje devido a problemas pessoais. Para as próximas edições estão programados Carlos Eduardo (PDT) e Roberto Paulino (PSOL), no dia 25, e Hermano Morais (PMDB) e Rogério Marinho (PSDB), no dia 1º de setembro. Ainda não foi estabelecida a nova data para Mineiro. A sabatina é aberta ao público, mas será proibida a entrada de claques de candidatos adversários.
“Há tempos, desde o início da SAMBA, havia o desejo de fazer esse encontro mais direto com a classe política. Achamos que esse momento de campanha seria o ideal para levar isso à frente. Felizmente, os seis candidatos forma solícitos e aceitaram a proposta”, explica Dorian Lima, diretor executivo do grupo em prol do centro histórico. A ordem dos candidatos sabatinados foi definida em sorteio na presença das assessorias de suas respectivas coligações.
A sabatina será realizada em cinco blocos de perguntas. Todos os candidatos terão que responder, no começo do bloco, obrigatoriamente a uma mesma pergunta: “Qual é o seu projeto para o Centro Histórico de Natal?”. Essa é a questão principal, que se desenrolará por muitas outras. Segundo Dorian, os problemas são vários. Envolvem segurança, limpeza, e a própria questão de revitalizar a área. “Ao nosso ver, o Beco da Lama, por exemplo, está abandonado, a sujeira toma conta; A coleta de lixo é malfeita, falta segurança, a iluminação é ruim. Queremos não só relatar os problemas, mas também propor ideias. Seria ótimo se o Beco ganhasse um calçamento bonito como fizeram com o Buraco da Catita, na Ribeira. Há muito o que discutir”, avalia.
A SAMBA procurou estabelecer um contato de várias partes com os candidatos. Além dos produtores culturais e habitues do Centro/Ribeira, também convocou comerciantes da região, Senac, Iphan, e Centro de Direitos Humanos. O grupo também solicitou perguntas a quatro jornais impressos da cidade – incluindo a TRIBUNA DO NORTE. Foram abordadas questões sobre a falta de estacionamento, mobilidade, imóveis abandonados, falta de sinalização histórica, uso de drogas na região, vandalismo e segurança do patrimônio, revitalização do comércio, entre outras iniciativas que poderiam melhorar a divulgação e movimentação da área.
A SAMBA já conta com 18 anos de atividades culturais no Centro Histórico. A sabatina tem apoio do IFRN Cidade Alta, editora Sebo Vermelho e Associação Potiguar de Fotografia – Aphoto.
Serviço: I Sambatina do Centro Histórico. Dias 18/08, 25/08 e 01/09, na sede da OAB-RN, Cidade Alta. Horários: 10 às 11h15, 11h30 às 13h. Acesso aberto.
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