Em Natal, hospital universitário realiza a primeira transmissão de cirurgia em alta definição do Brasil

27 de fevereiro de 2013

Notícia publicada no caderno Natal da Tribuna do Norte:

O Brasil, inserido no seleto grupo de países com capacidade de trabalhar este tipo de imagens – além do Japão, dos Estados Unidos e da República Tcheca -, exibiu ao vivo o primeiro passo da telemedicina com essa tecnologia, capaz de gerar uma imagem quatro vezes maior que a resolução de uma imagem de alta definição (HD).

UFRN fez nessa terça-feira (26) a primeira transmissão ao vivo com imagens 4K no Brasil. (Foto: Magnus Nascimento)

UFRN fez nessa terça-feira (26) a primeira transmissão ao vivo com imagens 4K no Brasil. (Foto: Magnus Nascimento)

Esta tecnologia 4K vem sendo apontada por cirurgiões como uma ferramenta essencial para disseminar a área, utilizando telemedicina, já que permite o contato entre o cirurgião no hospital e qualquer outro local capaz de suportar essa tecnologia no mundo. Além disso, a imagem oferecida tem uma riqueza de detalhes superior ao que o olho humano consegue enxergar. Existe também a possibilidade de se comunicar ao vivo, durante o procedimento cirúrgico, permitindo a troca de opiniões entre cirurgiões na mesa de cirurgia.

De acordo com o professor Silvio José Bezerra, coordenador do Laboratório de Realidade Virtual da UFRN, essa qualidade de imagem exemplar é necessária para uma análise mais eficaz e urgente de diagnóstico, assim como para permitir melhor identificação do que se trabalha no procedimento. Em relação ao uso acadêmico, ele destaca que o uso das imagens 4K irá “garantir a elevação da curva de aprendizado do aluno”, além de permitir a prática da medicina à distância com uma precisão inexistente até então, principalmente para procedimentos avançados.

Em relação ao uso dessa tecnologia nos hospitais das redes pública e privada, Bezerra acredita que é possível, sim, apesar de se precisar ainda de investimentos, devido aos altos custos dos aparelhos para captação, transmissão e exibição. Ele confia no uso pela saúde pública, principalmente por ter sido a UFRN uma das principais instituições envolvidas na transmissão realizada nessa terça.

“Além de melhorar a visualização e a prática dessas cirurgias, o uso do 4K pode levar a medicina aos locais distantes dos grandes centros de tecnologia, mas que precisam fazer procedimentos cirúrgicos”, considerada. Ricardo Lagreca, diretor do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), disse que a direção, de um modo geral, está “impressionada com a qualidade da imagem transmitida” e disse que “o futuro é promissor” para o uso dessa tecnologia no hospital e também nas salas de aula.

Tecnologia deve ser usada para transmitir imagens da Copa

Apesar de ser o exemplo comumente citado entre os especialistas, não é apenas a telemedicina que pode se desenvolver com as imagens 4K. Guido Lemos, diretor do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), também considera o cinema uma área que tem muito a ganhar com os avanços da definição de vídeos. “Acho a cultura um ponto que pode ser bem investido. Já conversamos com a presidenta Dilma sobre implantar ao menos uma sala com essa tecnologia em cada município e ela gostou da ideia”, afirma.

Ele lembra que, no fim do ano passado, foi transmitido um filme de João Pessoa, na Paraíba, para San Diego, nos Estados Unidos, em 4K e ao mesmo tempo em 3D, para dizer que, a partir de agora, esse avanço deve ocorrer de forma mais simples. “Como na transmissão em 3D construímos o filme em 4K ‘para cada olho’, estamos perto de conseguir um filme com definição de 8K”, confirmou. O uso acadêmico voltado para as artes também foi destacado por Lemos.

“Imagina se um professor dá uma aula de restauração utilizando essas imagens. Cem alunos ou mais podem acompanhar essa aula com uma riqueza de detalhes e visualização que ainda não temos tão difundida nos dias de hoje”.

COPA 2014

Em relação a demais usos, o professor considera que os jogos da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 também podem ser transmitidos com a tecnologia 4K, ou até mesmo em 8K. “A tendência é que daqui a cinco ou dez anos, as TVs com capacidade 4K de imagem estejam com os mesmos preços que as HDs têm hoje, que se encontra por R$ 800 ou R$ 1 mil”, disse. Ele lembra ainda que também é preciso que haja investimentos do Ministério dos Esportes, que já se mostrou interessado e conheceu este tipo de transmissão nos últimos jogos olímpicos em Londres, no ano passado. “É necessário que se faça um investimento organizado, com custos detalhados, para por em prática as iniciativas do Ministério dos Esportes”, lembra ao considerar locais públicos e cinemas para a exibição desses jogos.

O coordenador da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), Luiz Ary Messina, destaca a importância de se desenvolver formação especializada para operar as máquinas de captação de imagem 4K para uso nessa área. Ele acredita também que “vale a pena investir e tentar conscientizar sobre a importância do uso dessas imagens na telemedicina”.

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